BOAS FESTAS DO ZOOMSOCIAL
O BLOG ZOOMSOCIAL E O SEU AUTOR DESEJAM DEMOCRÁTICOS
E UM
Imagens de:
http://coisasparaonatal.blogspot.com/2011/11/gifs-de-bolas-de-natal.html
http://www.gifs-animados.net/original-346.htm
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Em democracia uma das funções da oposição seja, de direita ou de esquerda, é a de criticar o governo que esteja em exercício. O dia da falhada manifestação dos coletes amarelos aqui em Portugal, imitação grosseira dos “gilets jaunes”, leva-nos a refletir sobre as reivindicações, também elas imitação grosseira do que fizeram em França.
Já quase no final do ano, ao começar a pensar nos pontos de mira em que a direita CDS e PSD, incidirão para fazer oposição ao Governo, encontro apenas casos que se referem a acidentes alguns deles graves, é certo, com perda de vidas humanas que os canais de televisão se encarregaram de explorar, aprofundando e repetido exaustivamente as mesmas peças. Outros casos que têm sido explorados pela oposição de direita são casos imprevisíveis que não têm procedência em governos sejam eles quais forem.
As críticas da oposição sobre o que de facto interessa ao país são aniquilados pelo nevoeiro envolvente dos casos conjunturais e acidentais lançados pela comunicação social. É uma direita sem programa que se alimenta de casos.
Agora que estamos na época natalícia e prestes a iniciar-se um novo ano seria bom que a oposição de direita pusesse no Cabaz de Natal para oferecer aos portugueses o compromisso de que irá fazer tudo aquilo que, segundo ela, o atual Governo em funções não tem feito e que tem suscitado tantas críticas.
Seria interessante que a direita que tanto critica as iniciativas do Governo, e diz serem apenas de propaganda enganadora fizesse, agora que estamos no final do ano, algumas promessas aos portugueses para cumprir caso venha a ser Governo.
Assim, aqui vão algumas promessas que direita se deve comprometer a cumprir, caso venha a ser Governo após as próximas eleições legislativas tendo em vista o que tem vindo a afirmar ao longo do ano e o mais provável também no próximo.
Em alternativa a direita, se não for governo, poderia convocar através de pressupostas pessoas e pelas redes sociais manifestações de coletes, a cor poderá ser à escolha, transformar estas promessas em caderno reivindicativo e exigir ao Governo o seu cumprimento.
Demagogia? Claro que sim, mas parece que a oposição de direita faz crer que tudo o que critica ao Governo, se estivesse no poder, poderia fazer cumprir com eficácia.
Portugal sempre foi um país muito permeável ao que vem de fora e, claro, como imitador convicto em tudo não podia deixar de imitar o que se fez em França, país onde os problemas não são comparáveis, e em nada têm a ver com os nossos, até porque a direita neoliberal lá governa. Havendo falta de originalidade recorre-se à imitação com movimento organizado, manipulado e manipulador de opinião, onde estará envolvida organizações da extrema-direita como o partido PNR, mas não há a certeza.
Isto leva-me a refletir sobre a relação da política exercida com este tipo de movimentos ditos espontâneos. No dia 25 de abril de 1974 durante o cerco do Quartel do Carmo, quando Salgueiro Maia consegue a rendição de Marcelo Caetano este faz uma exigência: só aceita entregar-se a um oficial de patente superior para que o "poder não caia na rua". António de Spínola foi o homem escolhido. Na altura não havia internet, nem redes sociais como o Twitter e o Facebook.
Hoje em dia o Poder pode, através das redes sociais, correr o risco de cair na rua e as decisões políticas serem pressionadas sem qualquer reflexão. Basta uma convocatória no Facebook por um qualquer grupo de indivíduos, ou “amigos facebookianos” que compartilham os mesmo objetivos para haver uma concentração na rua a reivindicar e a exigir, o quer que seja, sem ponderação sobre as consequências, a não ser as das exigências que satisfaçam os seus pontos de vista que dizem também ser os de todo o povo sem que haja representantes para uma intermediação. Falam em nome do povo, e o povo acolhe essa demagogia populista porque vai ao encontro do seu sentir como uma espécie de epifania. É a constatação do tentar fazer cair o Poder na rua como se verificou em França com os autodenominados coletes amarelos.
Políticos de vários quadrantes face ao mal-estar que se tem gerado relativamente à política e aos políticos, não raras vezes alimentado pela comunicação social, prometem em ocasiões eleitorais uma política de proximidade sem clarificarem o que entendem por isso, cada um tem a sua própria interpretação. Podemos pensar que todos eles se referem a uma aproximação da política às comunidades e às pessoas.
Por sua vez as televisões para captar audiência procuram através de peças ditas de jornalismo de investigação e outras, mais rebuscadas, dirigidas mais à emoção do que à racionalidade dos telespectadores, insinuando oposições aos governos que estão na altura no poder. Diga-se, mais a uns, quando são de esquerda, menos a outros, quando são de direita. Organizações e grupos de interesses têm contribuído também para debilitar o poder quando este não vai de encontro aos seus interesses.
Veja-se o caso do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, que incita os bombeiros a manifestarem-se contra a proposta do Governo para a lei orgânica para a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), na área da proteção civil que vai passar a chamar-se Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil e que, segundo ele, não tem nenhuma das ideias apresentadas pela Liga dos Bombeiros Portugueses. A dúvida que se pode colocar é se este confronto com o Governo não será apenas por uma questão de perda de poder que terá sido retirado ao senhor Marta Soares.
Outro tema que causa mal-estar para com os políticos é a fraude e a corrupção que faz gastar nas redes sociais, não rios de tinta, mas rios de tempo e de frases digitadas. Há dias, 5 de dezembro do corrente, saiu um aviso do Tribunal de Contas alertando para “risco de fraude fiscal com viagens de deputados”. O tema sobre as despesas fraudulentas de deputados não é novo e acontece o mesmo noutros países. Por exemplo, no Reino Unido, em 2009, David Cameron o líder dos conservadores na altura, num artigo publicado no The Guardian afirmava que “a fúria pública no escândalo das despesas dos deputados aponta para problemas profundos no sistema político britânico” e apelava para restaurar o controle local. Mais à frente acrescentava: “Portanto, acredito que o objetivo central da nova política de que precisamos deve ser uma redistribuição massiva, ampla e radical do poder: do Estado para os cidadãos; do governo ao parlamento;”. “Por meio da descentralização, transparência e responsabilidade, devemos tomar o poder da elite e entregá-lo ao homem e à mulher na rua.”.
Aquelas afirmações parecem ter vindo de um qualquer extremista de esquerda, mas sabemos que era pura demagogia. Numa tentativa de transparência Cameron ao fazer um referendo de consulta ao povo sobre a saída ou permanência na União Europeia tramou-se, tramou o Reino Unido, e o povo tramou-se também ao votar SIM.
Vem isto a propósito da política de proximidade e vontade para que haja o menos possível de intermediação. As redes sociais passaram a ser a tecnologia da proximidade entre políticos e o povo muitas vezes inculto e iletrado, mas que maneja com à vontade as tecnologias dessas redes com as quais o poder tende agora a comunicar.
Julga-se que esta é uma nova onda democratizadora com base nas novas possibilidades comunicativas. Com mais acesso à informação as pessoas adquiriram mais capacidade de conhecimento antes apenas na posse de especialistas com autoridade indiscutível. Daí que a transparência e o acesso à informação imediata e ao conhecimento podem levar a que nas redes sociais se chame a atenção para um estado insuportável de coisas para as quais é necessária a mobilização popular, o que não basta.
Para que se cumpra a democracia em contextos como este também é necessária uma representação e o assumir de compromissos, isto numa base de democracia representativa construída entre povo e governantes para que funcione uma lógica de proximidade q.b. que obrigue os políticos a manter-se em contacto com os cidadãos. Em convocações de mobilização popular nas redes sociais sem representantes quem vai negociar? Quem vai assumir quaisquer compromissos? Quem diz ao que vai? Ninguém. Todos querem tudo, cada um à sua maneira e esquecendo o país como um todo e colocando na dianteiros interesses individuais e particulares dissimulados por falsas atitudes coletivas.
Em França Macron capitulou. Deu tudo. Não se sabe é onde vai buscar o dinheiro para tudo quanto prometeu aos “revoltantes” coletes amarelos. Será que não ficou fragilizado e outras reivindicações sem fim aparecerão? A culpa do estado a que a França chegou com o governo neoliberal de Macron não terá sido dos mesmos que agora contestam as suas políticas e que o elegeram com 66% dos votos? O povo parece então não saber o quer quando vota ou, então, deixa enganar por lhe faltar literacia política que eu penso os franceses terão perdido. Se me perguntarem se estou do lado de Macron direi que não, mas também não estou do lado de movimentos inorgânicos sem liderança ou com lideranças ad hoc feitas ao momento. Contudo, é um facto que a maioria das conquistas sociais não foram antecipadas pelo poder político, mas sim o resultado de pressões sociais concretas o que apesar disso não podemos ficar deslumbrados com a espontaneidade popular ao ponto de se concluir que quem protesta tem sempre razão.
O editorial do jornal Le Monde de hoje sintetizava: “Confrontado com as teorias da conspiração que abundam nas redes sociais, é necessário incentivá-los a desenvolver o pensamento crítico, a fim de evitar que este fenómeno anda a minar o funcionamento da democracia.”. Ora é aqui que bate o ponto.
Para amplos setores da população a realidade representada pelos partidos deixou de ser atrativa ao mesmo tempo que a cultura virtual da rede lhes permite articular comodamente as suas disposições políticas fluídas, como o são as convocações de movimentos espontâneos sem liderança e intermitentes, e inclusive situar-se online em qualquer momento bombardeando o sistema político com exigências de todos os tipos. A falta de liderança é apenas aparente visto que por detrás deles se encontram certas ideologias das extremas políticas que os incentivam.
Estes movimentos querem ser antipolíticos fazendo política e puxam o povo para a rua em contrapartida aos atores políticos que apenas em tempo de eleições se desdobram numa atitude forçada para saírem dos seus gabinetes e aparecerem junto do povo como se isso fosse a prática que sempre tiveram, quando é por demais reconhecido que apenas o faziam em período de campanha eleitoral. Partidos políticos do arco da governação e da oposição dita tradicional, que fazem parte da esfera do poder querem passar a ideia de que estão em sintonia com o povo competindo freneticamente para ver quem faz melhor com slogans esgotados e/ou reagindo a ideias e propostas alheias, apresentando-as com novas roupagens como sendo suas, e tentando promover uma conduta imaculada.
Hoje a direita através da comissão do PSD para a Reforma do Sistema Político e Eleitoral desafia os militantes do partido a enviarem os seus contributos para “construir um PSD 4.0 Sem se referir a medidas concretas, Pedro Rodrigues defende a introdução de "uma urgente reforma da lei eleitoral, de forma a potenciar a aproximação entre os eleitos e os eleitores”.
Os políticos dos partidos quando se encontram na oposição, assim como jornalistas e comentadores, pretendem convencer os potenciais eleitores de que quem está no Governo deve fazer uma política de proximidade e ter a capacidade de ubiquidade. Isto é, a proximidade presume a obrigação de os governantes parecerem próximos e terem a arte e a qualidade de estar ou ir a todo o lado. Como exemplo cito Assunção Cristas que criticou António Costa por não ter ido a Borba no caso do acidente da pedreira ou o desagrado de alguns quando o Presidente da República Marcelo não pode estar quando o convidam por tudo e por nada.
A democracia representativa não é antagónica com os vínculos sociais e políticos da proximidade, escutando os cidadãos e as suas preocupações e expectativas superando os efeitos do fosso entre eleitos e eleitores, privilegiando uma aproximação concreta, precisa às realidades da diferente posição dominante das tarefas do Estado. Não fazendo essa tentativa surgem movimentos manipulados e manipuladores que obrigam os políticos a ouvi-los.
A distância entre os governantes e o povo foi encurtada com o acesso às redes sociais. Os governantes quando pretendem enviar mensagens ao momento não contam já com os órgãos de comunicação que tardam por horas ou dias a divulgar a informação. As redes sociais são mais rápidas e as mensagens podem ser acedidas em qualquer hora ou lugar através de um simples telemóvel no momento em que foi colocada. Não é por acaso que líderes de governos usam e abusam da sua utilização com as mais diversas finalidades. É o caso do Presidente Trump nos EUA que faz política através de curtos comunicados, por vezes com verdades distorcidas ou até meias verdades que induzem falsas conclusões.
As redes socais passaram a ser “territórios” de proximidade e de exibicionismos político como é o caso de Trump EUA que abusa do Twitter como uma espécie de ferramenta para fazer truques de ilusão da sua política. Através destes meios a opinião pública pode ser manipulada, mesmo sem ser através das “fake news”. Com a proximidade através das redes sociais há a possibilidade de encenação.
Com as redes sociais passou a existir uma ligação íntima entre conversas e publicações informais, próprios das comunidades reais e virtuais, e a capacidade de auto governação de grandes grupos sociais sem a necessidade de monarcas ou ditadores e que passaram a fazer parte da esfera pública isto é, o domínio da vida social onde se forma a opinião pública. Há ainda porções da esfera pública quando as pessoas se reúnem para falar e para tratar de diversas questões de interesse geral sem estarem sujeitos a constrangimentos por estar garantida a sua liberdade de reunião e expressão de ideias.
Mesmo sem a proximidade ilusória das redes socias a proximidade real é também artificial, tem muito de encenação, traduzindo-se numa impressão de proximidade produzida pelas estratégias dos partidos. Mais uma vez recorro ao exemplo da líder do CDS/PP, Assunção Cristas, que faz por aparecer em teatros de operações, nomeadamente de tragédia, fazendo confundir proximidade com notoriedade e visibilidade nos que os órgãos de comunicação ajudam a construir. Produz-se assim um efeito de proximidade que é uma encenação de falsa familiaridade sobretudo a partir do momento em que ela pode ser produzida através dos meios de comunicação.
José Eduardo Moniz no novo programa da TVI Deus e o Diabo tentou demonstrar que a paz social terminou e apresenta a enunciação das greves a decorrer atualmente no país e faz elogios implícito a Passos Coelho porque, durante o seu governo, não houve tão elevado e diversificado número de greves.
Na TVI José Eduardo Moniz dedicou o seu último programa do dia 7 de dezembro a ajudar a direita a fazer oposição ao tentar demonstrar que, afinal, Passos Coelho tinha razão quando disse em julho de 2016 aos parlamentares do PSD: “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o diabo”, tendo em conta as pressões internas e externas ao Governo que podem estar associadas à proposta Orçamental daquele a Em novembro de 2107 Morais Sarmento, o mandatário nacional de Rui Rio à liderança do PSD defendeu que Portugal tem de "ultrapassar a escolha curta" entre o "vem aí o diabo" e o "chapa ganha, chapa distribuída", numa referência a Passos Coelho e António Costa.
Está, portanto, visto, que o Diabo não chegou em setembro de 2016, mas acabou por chegar em 2018, embora com outra aparência, o que, afinal, acaba por dar razão ao oráculo de Passos Coelho. Se há alguém responsável pela sua chegada são os sindicatos em especial os afetos à CGTP cujas orientações são emanadas do PCP, o que está a ultrapassar os limites do tolerável. Acabados os compromissos com base parlamentar o PCP agudiza a luta e o ataque. E, como anos de prática no terreno lhe deram o saber como mobilizar o povo e como a mobilização ideológica já não é eficaz acena com mais dinheiro e é aí que os sindicatos apostam. Mais e mais dinheiro, venha ele donde e sob que forma vier.
O PCP com escaços votos, na ordem dos 7%, sabe que não tem força partidária conta por isso com a CGTP para demonstrar a sua força.
A greve é um direito a que todos os trabalhadores têm direito estando consagrado na nossa Constituição. Não vou agora referir-me aos termos nem às condições em que uma greve pode ou deve ser declarada e que haja trabalhadores que, por inerências das suas funções, tenham algumas restrições como por exemplo as desempenhadas no âmbito de órgãos de soberania. A Constituição Portuguesa garante aos sindicatos o monopólio da representação coletiva dos trabalhadores no processo negocial (artigo 56º).
Afinal para que devem servir os sindicatos em Portugal? Apenas para fazer greves. A forma convencional de determinar empiricamente o poder negocial de um sindicato consiste em aferir a sua capacidade mobilizadora apenas pela visão de conseguir para os trabalhadores mais dinheiro.
Quando em outubro foi apresentado o Orçamento de Estado para 2019 sindicatos e outras ditas organizações de trabalhadores, como por exemplo a Ordem dos Enfermeiros, cuja missão não deveria ser idêntica à dos sindicatos, reforçaram as greves e manifestações de protesto cujas finalidades são sempre com as mesmas.
Não vou mencionar especificamente que grupos de trabalhadores têm sistematicamente aderido às convocações grevistas e a uma delas, a dos professores, já me referi anteriormente em outros “posts”, mas há uma condição que todas têm em comum: todas serem na sua maior parte convocadas por sindicatos com trabalhadores filiados que pertencem a empresas públicas ou à função pública, isto é, trabalhadores do Estado. Compreende-se, têm emprego certo, e seguro e, por isso, podem dar-se ao “luxo” de poderem andar constantemente a fazer greves. Este é um atributo do poder de mobilização dos trabalhadores. Não é por acaso que para partidos da extrema-esquerda como o PCP quanto mais trabalhadores houver na função pública tanto melhor.
As greves a que estão sistematicamente a recorrer causam prejuízo sobretudo aos utentes dos serviços públicos, especialmente a saúde, e têm tido o seu apoio implícito, quer pelo silêncio, quer por velada aprovação dos partidos da direita, o que não é de estranhar já que o objetivo é prejudicar o Governo. Até a líder do CDS/PP, Assunção Cristas, tem tomado posições de esquerda acompanhando, até no caso dos professores, a retórica leninista do líder da FENPROF (desculpem-me o epíteto de leninista, mas não resisti) e, já agora, podemos juntar também o líder da CGTP Arménio Carlos.
As greves convocadas pelos sindicatos e centrais sindicais como a CGTP têm o beneplácito do BE, e, sobretudo do PCP. Elas são aproveitadas pelos partidos da direita como “lança” para fazer oposição. Uma prova chegou hoje, dia 7 de dezembro, através do novo e execrável programa da TVI “Deus e o Diabo”, apresentado pelo não menos execrável José Eduardo Moniz, esta adjetivação não é pessoal, mas é-a enquanto apresentador do programa. Utilizou as greves que proliferam, grassas aos sindicatos, como arma de arremesso contra António Costa e, veja-se, até, contra o Presidente da República por terem apreciado, em tempo, a existência de paz social no país. José Eduardo Moniz tenta demonstrar que é mentira enunciando as greves a decorrer atualmente e insinua elogios a Passos Coelho quando compara com o seu governo quando não houve tão elevado e diversificado número de greves.
Este tipo de programas apesar de não ter como característica notícia falsas têm como objetivo bajular certos instintos e intoxicar o espaço público da informação sendo executores dos desejos políticos de alguns cidadãos. É o tipo de programas oportunista demagógico para convencer sem reflexão.
Nos anos em que se aproxima eleições surgem sempre programas de televisão de orientação manifestamente favorável à direita, como este que mencionei. Mas há um outro que passa na SIC, “A Procuradora” cujo objetivo é favorecer a direita e fazer oposição ao Governo, apresentado pela esposa do senhor José Eduardo Moniz, Manuela Moura Guedes. É uma espécie de pré-campanha eleitoral da direita transportada para as televisões.
Na minha opinião o grande responsável por dar material à direita para fazer oposição é o PCP, e o BE não foge à regra. O PCP, mesmo sabendo que não aproveita em votos as eventuais perdas do PS prefere que eles voem para a direita porque, dessa forma, o PS não conseguindo maioria absoluta, será obrigado a negociar novamente à sua esquerda na próxima legislatura como o fez até ao momento.
Há problemas de trabalho que não podem ser resolvidos no meio da algaraviada de pressões imediatas como os sindicatos e ordens profissionais pretendem. Todos querem mais salários, mais promoções, mais carreiras, mais contagem de tempo de serviço, mais e mais… Todos querem, e eu também, assim como muitos outros que não dependemos dos salários da função pública pagos com os impostos de todos que para termos bons serviços públicos, mas que as sucessivas greves nos retiram. Não nos esquecemos que em 2011 o PCP deu o seu contributo para colocar a direita com Passos Coelho no poder.
Disse Jerónimo de Sousa em setembro de 2018 que "na negociação do OE não de discutem aumentos salariais", até porque os partidos não se substituem aos sindicatos. Pois não, mas sabemos que a maioria dos sindicatos tem uma orientação próxima das teses leninistas do PCP como se ainda vivêssemos no início do século passado. Por outro lado, Jerónimo de Sousa disse, referindo à greve dos enfermeiros, que promover angariação de fundos para financiar uma paralisação é subverter o direito à greve. Numa iniciativa do PCP, em Almada, o secretário-geral comunista criticou indiretamente os enfermeiros que, recentemente, recolheram 400 mil euros para pagar a quem aderir ao protesto. Será que esta posição do secretário geral do PCP é apenas porque não controla através da CGTP o Sindicato Democrático dos Enfermeiros que não está filiado naquela central sindical? Outra pergunta que devemos colocar é a de saber se a paralisação convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) não estarão a ser controlados pela direita.
O povo não quer mais “troikas”, nem mais desemprego, nem mais emigração, nem mais pobreza que é para onde nos podem conduzir, a prazo, os aventureirismos sindicais.
E já agora os sindicatos da CGTP refletem-se no que Lenine escreveu em 1899 no artigo “Sobre as Greves”: “Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos atuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio sua carga, não reclama ao patrão, não reflete sobre sua situação. Durante uma greve, o operário proclama em voz alta suas reivindicações…”, e mais adiante “Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para lutar contra ele pelos direitos do povo.”
E ainda “Amiúde, basta que se declare em greve uma fábrica para que imediatamente comece uma série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros, que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos!”.
E agora chamem-me de direita, capitalista e reacionário!
Quando Macron foi eleito o povo francês com a experiência que teve com François Holland não quis que o PCF voltasse ao poder e votou no centrista Emmanuel Macron, [República em Marcha, partido de Macron], alguém fora dos partidos convencionais, tendo sido eleito em 2017 com 66,10% dos votos, contra 33,90% da candidata de extrema direita Marine Le Pen, na segunda volta das eleições presidenciais francesas.
Os franceses quando votaram Macron não sabiam ao que iam? Um povo que se diz politizado, e é, foi engando por um político sem experiência governativa? Os franceses escolheram sem saber o que escolhiam, ou foi o desaire do período Holland que os levou a eleger um candidato liberal do centro direita sem saber o que faziam?
Direita é direita seja do centro, ou não, mas há diferenças com a extrema-direita a quem deram 33,9% dos votos e que agora, no Parlamento, incentiva e apoia manifestações violentas.
Esta espécie de rebelião dos autodenominados “coletes amarelos” agrada à extrema-direita e à extrema-esquerda, a cada um por razões diferentes. Para os franceses Macron terá salvo a França dos socialistas, e agora?...
No meio da rebelião de descontentamento generalizado aproveitado por movimentos inorgânicos de cariz caótico, sem liderança efetiva e onde surgem espontâneos representantes ad hoc para dialogar com o Governo, Marine Le Pen faz o seu caminho e apanha a boleia reivindicando eleições antecipadas. É a extrema-direita em oposição com a própria direita que governa o país!
Estas manifestações que se tornaram violentas, sem horizonte de responsabilidade, são uma ameaça democrática à democracia porque apoiadas pela imaturidade, debilidade, incerteza e impaciência de alguns cidadãos. É um paradoxo ter de proteger a democracia dos cidadãos. A democracia é demasiado importante para ser deixada nas mãos de um povo que se deixa conduzir por movimentos sem liderança e destituídos de qualquer ideologia. Uma espécie de anarquismo dos tempos modernos que reivindicam tudo o que lhes passe pela cabeça sem acautelar consequências.
Há quem faça comparações ao maio de 1968. Parece-me que não, o maio de 68 tinha na sua génese princípios e conteúdos ideológicos nos discursos e na liderança. Atualmente este tipo de movimentos, ditos espontâneos que se tornaram violentos, parecem-se mais com os movimentos juvenis que eram estimulados pela extrema-direita nazi na Alemanha no tempo do Hitler, mas, até nesses, existia uma base ideológica.
Uma das palavras de ordem dos manifestantes é a descrença nas elites e fazem reivindicações que pode ler aqui, muitas delas irrealistas e infantis parecendo redigidas por adolescentes em fase de revolta interior e plenas idealismo.
Para os franceses o palco de violência reivindicativa que se instalou em Paris, causador desta constante insegurança semanal, mostra ser mais importante do que o terrorismo vindo de fora que a França tem que enfrentar e combater, pois, parece que grande parte da população apoia estes distúrbios reivindicativos.
Hoje soube-se que o Governo francês recua e suspende aumento dos combustíveis e um tal Benjamim Cauchy dos coletes amarelos diz como se fosse um adolescente a despertar para a autonomia dos pais diz: "Não somos marionetas de políticos que querem continuar a dar-nos lições. E é isso que nos diz a linguagem dos deputados do República em Marcha [partido de Macron] nas declarações que têm feito aos media". Mas que sabem eles de gerir uma Nação, um Estado? E, claro, ontem, segunda-feira, os partidos da oposição foram dizer ao primeiro-ministro, Édouard Philippe, que é urgente satisfazer algumas exigências das pessoas que protestam nas ruas. A oposição aproveita sem esforço a deixa que lhes foi dada pelo movimento. Só que essa tarefa está a ser dificultada pela falta de uma frente unida de interlocutores no lado dos "coletes amarelos", o que faz com que este movimento se coloque numa posição de anarquia sem objetivos políticos bem definidos.
Como escreve Edgar Morin no jornal Le Monde de hoje:
"Nenhum líder, nenhum chefe, nenhuma estrutura, nenhuma ideologia, que reúna o descontentamento, deceções, frustrações, raiva heterogénea e diversa, do aposentado ao fazendeiro, o membro do Encontro Nacional aos jovens urbanos não subjugados.
Mas essa força inicial tornou-se uma desvantagem no momento em que era necessário anunciar um programa de outra forma, pelo menos, uma orientação para reformas, e não remoções fiscais ou a renúncia do presidente. Certamente, várias alegações formuladas por meio de diversas vozes incluem sugestões relevantes misturadas a ideias improvisadas. Mas carece totalmente de um pensamento orientador e tal pensamento levaria a uma divisão entre os componentes heterogéneos de um movimento onde a raiva unida contra o poder são, na verdade, antagónicas entre si. Portanto, qualquer coisa que poderia ser um movimento bem-sucedido pode levar a uma falha final”.
Veja-se abaixo as reivindicações exigidas do tipo caseiro e alguma difícil execução numa democracia liberal e até mesmo socialista. Que partido acham os ditos “coletes amarelos” poderão satisfazer todas estas reivindicações?
Ignorância a quanto obrigas!