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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

Bombas e bombinhas

31.03.17 | Manuel_AR

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Os problemas da banca são uma espécie de bombas, minas e granadas com retardador de rebentamento que o governo do PSD e do CDS deixaram para trás e que estão agora a rebentar nas mãos do atual para os resolver.


Como podem o PSD e o CDS estarem agora a dizer que nada disto tem a ver com eles. O que nós, portugueses, os governados, não precisamos é que nos queiram fazer estupidamente parvos.


O PSD e o CDS não têm credibilidade, nem legitimidade, nem autoridade para falarem dos problemas da banca como se fosse o governo em funções que os tivesse originado. O atual governo está a resolver os problemas que esconderam ao longo de mais e quatro anos. A memória é curta, mas não tanto.


Naquele tempo, do PSD e do CDS, ouvíamos dizer que no sistema financeiro estava tudo a correr bem. Até para os seus amigos da “troika” que, infelizmente tiveram que nos emprestar dinheiro, era assunto sobre o qual nem se pronunciavam, talvez em conluio com o governo de então. Nem sequer utilizaram o fundo de capitalização como o fizeram Espanha, Irlanda e Itália. Na prática, o PSD e o CDS mais os amigos da “troika” não se mexeram para nos fazer crer que a austeridade era a mãe que resolveria todas as soluções do problema financeiro. Enganaram-nos!


 Após a queda do BES criaram o Novo Banco, o banco bom e um banco mau que serviriam a salvação. Estamos agora a ver. O PSD, na altura, tinha na manga a solução perfeita segundo a “conversa”, que ia vendendo e que se verificou posteriormente ser gato em vez de lebre.


Não sou eu que o digo, está escrito no site do PSD o que o Passos disse em agosto de 2014.


"O que é essencial hoje é passar uma mensagem de tranquilidade quanto à solução que foi adotada. Ela respeita o quadro legal e, portanto, o Governo não deixou de a apoiar. E, em segundo lugar, é aquela que oferece, seguramente, maiores garantias de que os contribuintes portugueses não serão chamados a suportar as perdas que, neste caso, respeitam pelo menos a má gestão que foi exercida pelo BES”.
“Não tenho nenhuma razão para pensar que haverá uma dificuldade maior na venda do novo banco. Em primeiro lugar, já existia interesse de outros bancos europeus pelo BES, o que significa que esse interesse com certeza aumentará, porque tudo o que era problemático, digamos assim, ou menos transparente, ficará do lado de um ‘bad bank’ [mau banco], e, portanto, não estará inserido neste novo banco que será colocado à venda”.

O primeiro-ministro da altura destacou ainda a reação do mercado financeiro à decisão do Banco de Portugal, que até às 12:00, hora a que falou com os jornalistas, era “favorável” e “não penalizou nem os juros da dívida pública nem a cotação dos principais bancos que estão cotados [em bolsa]”,


“O que significa, portanto, que até ver esta solução que foi anunciada foi tomada pelo mercado como uma solução tranquila, que garante que a dívida pública não será afetada por esta operação. Saber depois se pode haver ou não em termos de défice algum reflexo, a senhora ministra das Finanças irá divulgar isso”.

Mas também houve outros como Marco António Costa, que elogiava à solução encontrada pelo Banco de Portugal para "salvar" o Banco Espírito Santo através da criação de duas novas instituições: o Novo Banco, com os ativos bons e depósitos; o banco mau, com os ativos tóxicos como dívidas ao GES. Uma opção que, diz, é distinta das anteriores.


"Há uma diferença entre esta solução e as do passado. No passado, era o dinheiro direto dos portugueses que era injetado", referiu na aultura o Vice-Presidente Coordenador do PSD Marco António Costa.


"A solução encontrada pelo conselho de administração do Banco de Portugal, sendo inovadora, é aquela que evita o recurso a soluções do passado, que não se relembram como as melhores para o interesse nacional", continuou Marco António Costa.


 Nos últimos anos, o BPN foi nacionalizado no Governo de José Sócrates qaundo o ministro das finanças era Teixeira dos Santos  com uma fatura que ainda não se conhece, mas que se encontra na casa dos milhares de milhões de euros, mas também a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o BPI e o Banif receberam injeções de capital, ainda no Executivo liderado por Pedro Passos Coelho.

Fazer oposição ao país

26.03.17 | Manuel_AR

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A quem disser que tenho uma obsessão em publicar “posts” relacionados com Passos Coelho eu digo que é verdade. E como não a ter quando este senhor vai para fora, desta vez em Paris, fazer uma oposição disfarçada ao seu país, desta vez, embora de forma suave, mas intencional, para quem o quisesse ouvir, inclusivamente os tais mercados de quem ele se socorria quando esteve no governo para aterrorizar que sem se lhe opunha.


As medidas extraordinárias utilizadas, ou não, para diminuir o défice, dizem apenas respeito aos portugueses e são validadas e escrutinadas por Bruxelas, e basta.


Passos vai para fora fazer oposição, não contra o governo, mas ao próprio país, desdenhando recorrendo a uma espécie de elogio ao que foi conseguido. Mais ainda, lamenta-se e coloca-se no passado como vítima. Afinal, vai pedir lá fora que também o ajudem a fazer oposição. Vejamos então as suas declarações com sublinhados meus.


O líder do PSD afirmou em Paris, perante uma centena de pessoas na sede do partido Les Républicains, que o défice de 2,1 por cento do PIB foi alcançado com "medidas extraordinárias" e "será outro desafio enorme este ano para chegar ao mesmo nível".


 "O objetivo do défice foi alcançado, porém, com medidas desta natureza. O que significa que será outro desafio enorme, este ano, para ver se conseguimos chegar ao mesmo nível e outro tanto para o ano a seguir e por aí fora. Será difícil", indicou Pedro Passos Coelho, em Paris.


O líder do PSD afirmou, ainda assim, estar "satisfeito" por se ter cumprido "um défice claramente abaixo de três por cento", o que "é bom" tendo em vista uma saída do Procedimento por Défice Excessivo. Claro que aqui finge-se congratulado, também era o que mais faltava! Mas logo a seguir capta os louros para ele, “Fizemos muito por isso quando estivemos no Governo e achamos que o país fez o esforço que precisava e que merece para poder sair desse procedimentodisse.


E lá vai no seu propósito lançando para o ar o lamento alertando para que o número foi alcançado através de receitas extraordinárias que se fosse ele a tomar "caía o Carmo e a Trindade".


Chega! A oposição faz-se cá dentro! Será que não está preocupado com os mercados?


 

Lógica e metáfora do PSD

26.03.17 | Manuel_AR

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A observação do PSD sobre o valor do défice que foi conseguido faz-me lembrar o diálogo de Alice com o Gato no livro “Alice no país das maravilhas” de Lewis Carroll:


O senhor poderia dizer-me, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?


Isso depende muito de para onde quer ir, respondeu o Gato.


Não me importo muito para onde, retorquiu Alice.


Então não importa o caminho que você escolha, disse o Gato.


Contanto que vá dar a algum lugar, completou Alice.


Oh! Se caminhar bastante pode ter a certeza que vai lá chegar, disse o Gato.


A lógica é a ciência do raciocínio que estabelece as regras que o pensamento e o discurso devem seguir para serem coerentes, e a metáfora é uma figura de estilo utilizada na oratória e na literatura que consiste em designar um objeto ou ideia por uma ou conjunto de palavras ligada por uma analogia que produza sentidos figurados.


Vem isto a propósito das considerações sobre a redução do défice para 2,1% que o PSD teve que reconhecer publicamente a meta atingida, embora pareça óbvio que não terá sido de boa vontade, não poderia, contudo, agir de outra forma. O PSD considerou a redução do défice “positiva”, mas "feita pelo caminho errado". Ora é neste ponto nos encontramos com a lógica e com a metáfora.


Se para atingir os 2,1% de défice seguiu-se um caminho errado, então o seu valor é falso porque, ou só havia um caminho o do PSD, ou havia outro também certo. Para o PSD a lógica é se algo não é homem, então não é mamífero, o que é uma falácia. 


Quer dizer, foi atingido o objetivo, mas seguiu-se o caminho errado. O PSD e CDS seguiam o caminho certo e não conseguiram chegar ao destino. Se tivessem seguido outro caminho mais tortuoso e longo, o mais provável seria ou não chegarem ao destino ou então chegariam bastante tarde ao destino carregando com as consequências.


Ora vejamos: quando seguimos por um caminho errado é pouco provável que cheguemos ao nosso destino, o que não foi o caso. Se optarmos por outro percurso, embora certo, mas tortuoso, chegaremos tarde ao destino. Resta saber qual seria o caminho certo para o PSD de modo a chegar ao destino sem ser fora de tempo. Poder-se-á sempre pensar que seria o caminho por ele traçado anteriormente, mas pleno de incertezas de poder chegar ao destino.


Consideremos por outro lado que a afirmação do PSD seria uma metáfora, cujo sentido figurado era o de que o PSD possuía a chave do problema, então para resolver a solução não seria a fechadura que abre a porta, mas o encontrar a chave certa. Quer dizer, o caminho correto seria unicamente o seguido pelo PSD que já ficou provado que não era o adequado, isto é, não tinha a chave certa para abrir a porta. Diz, no entanto, que o atual Governo a abriu com a chave que não era para aquela fechadura, o que não condiz com a afirmação prévia.


Se assim fosse o destino não teria sido atingido e o caminho correto seria outro. Porém, não está provado que esse outro caminho (a chave), o do PSD, fosse o certo. Pode questionar-se o PSD e o CDS sobre qual a sua orientação, se é que ela existe.

Operação limpeza

23.03.17 | Manuel_AR

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São os pequenos Marechais Pétain do século XXI. Alguns disfarçadamente lá vão criticando quem disse que os países do sul não podem gastar “dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda” , no meio do discurso lá vão arranjando argumentos desculpabilizadores para a ofensa que o holandês Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, fez ao país e ao povo. Aliás é o que fazem Nuno Melo e o jornal observador tentando lavar o que disse Dijsselbloem.


Ao jornal alemão Frankfurter Allegemeine afirmou que "durante a crise do euro, os países do norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social-democrata, atribuo uma importância extraordinária à solidariedade, mas também temos obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em mulheres e álcool e, depois, pedir ajuda".


O jornal Observador jornal bem assumido de direita José Manuel Fernandes o seu diretor, transcreve algo um pouco diferente: “Com a crise do euro, os países do norte na zona euro mostraram a sua solidariedade para com os países em crise. Como social-democrata considero a solidariedade extremamente importante. Mas quem a exige, também tem obrigações. Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda.


Não está em causa ser-se de direita, de esquerda, liberal ou não, mas sentirmos que sujeitos como estes são uma espécie de gente que defendendo causas pessoais ou outras e com o “look” jornalístico de seriedade poderão ser capazes de desdenhar e trair o seu país alinhando e colando-se a quem vergonhosamente o ofende.


Não está em causa o direito à liberdade de expressão e de opiniões diferentes, mas há casos e casos! O que chamaríamos a alguém que, e colocando-nos numa situação hipotética de invasão do país, desse razão por meias palavras quem defendesse a invasão?


Poderá haver a atenuante de, por pretensão de querem ser originais, polémicos e diferentes da opinião corrente, poderem satisfazer os poucos que ainda os escutam.

Tesourinhos deprimentes

23.03.17 | Manuel_AR

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Ultimamente tenho evitado persistir em comentar e dar opiniões sobre Passos Coelho, salvo algumas situações pontuais, mas, ao fim deste tempo não aguentei mais, tantas são as disfunções no exercício político na oposição que tem revelado.


Não queria comentar demasiado as preleções que faz para dentro do seu clube de amigos do partido que a comunicação social tem feito o favor de divulgar. Não, não estou ainda a referir-me à escolha da Teresa Leal Coelho para a Câmara de Lisboa.


O que ele anda por aí a propagar são autênticos tesourinhos deprimentes que ao mesmo tempo são reveladores duma amnésia política artificial e infantilizada, qual criança que pretende intrujar o adulto com medo de se sentir atormentada por ter feito uma maldade.


Diz aquela candeia que ilumina o PSD que o PS tem “uma retórica infantilizada” sobre a austeridade, dizendo que está a acabar quando, na verdade, está a ser redistribuída com um orçamento restritivo.”. Pois, até parece que sim, mas aqui a amnésia de Passos Coelho é muito evidente. Acusa outros de estarem a fazer o que ele esqueceu que fez, mas pior.


O líder do PSD acusa o PS de se “ajoelhar” perante a Comissão Europeia. Como como num sketch de Herman José, “fantástico Melga!”. E isso que dizes é verdade Melga? E, Melga, tu garantes-me que testaste isso na Comissão Europeia, Melga?


Passos, referindo-se ao tema do fecho dos balcões da CGD, afirma que, sendo pública, não pressupõe “até certo ponto” um nível de serviço público. “Até certo ponto”? Qual o sentido disto? Mas qual ponto? Quem fala assim não é gago e manifesta uma amnésia seletiva pois foi ele e o seu governo quem fechou mais serviços públicos. Passou a ser agora amigo dos trabalhadores da banca quando no tempo dele a banca privada fechou balcões em catadupa. E mais, foi quando o PSD esteve na governação que a Comissão Europeia aprovou o fecho de 150 balcões da Caixa Geral de Depósito.


Acho que todos se recordam de quando lhe foi imputada responsabilidade no caso das transferências para offshores, o que considerou inaceitável. O líder do PSD parece sofrer de aterosclerose política de prognóstico grave quando se coloca no papel de virgem ofendida, por haver um primeiro-ministro que “não pede desculpa por tentar enlamear as pessoas que estiveram no seu lugar”. Esta frase é outra que faz parte dos tesourinhos deprimentes de Passos complementados pelas fugas para a comunicação social onde, numa reunião, chamou ao atual primeiro-ministro vil, soez, reles e outros mimos de boa linguagem política.


Para a Câmara de Lisboa foi escolher uma candidata que apesar de ter responsabilidades no partido, é vice-presidente, não passa ela própria também dum tesourinho deprimente que foi apenas escolhida pela confiança e amizade. A confiança não confere qualidade e a amizade muito menos.  Nem sempre as pessoas de confiança podem ser sempre as melhores escolhas. O PSD de Passos é um grupo de amigos que giram à sua volta e que ainda o apoiam sendo eles próprios tesourinhos deprimentes.


Passos Coelho pode falar muito bem, mas só convence quem se quer deixar convencer. Fala “como se um cangalheiro a tenter salvar o país com o discurso de um cangalheiro…”. Não sou eu que o digo, é alguém dentro do PSD que o disse.


Muitos mais tesourinhos haveria para recordar, mas não me quero alongar para não martirizar os seus amigos mais próximos do partido que eventualmente leiam este “post”.

O insulto

21.03.17 | Manuel_AR

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Nós, portugueses, não podemos permitir que nos insultem, somos membros de pleno direito da União Europeia, temos os mesmo deveres e direitos que todos os outros países e, para tal, temos contribuído.


Não podemos permitir que um qualquer sujeito político dum qualquer país com problemas políticos de extrema direita faça afirmações que em nada contribuem para a credibilidade dos das instituições europeias e pelos que desempenham altos cargos da U.E. Refiro-me, está claro, ao sujeito que é do Partido Trabalhista social-democrata holandês, o PvdD, Presidente do Eurogrupo e também Ministro das Finanças da Holanda desde 2012 que dá pelo nome de Jeroen Dijsselbloem. Este senhor insultou os países do Sul, entre os quais estamos incluídos, eu, vocês, todos nós os portugueses, acusando-nos de gastarmos dinheiro "em copos e mulheres". “Acusou o Sul da Europa de desperdício de dinheiro em "copos e mulheres", durante a crise que conduziu ao resgate financeiro de países como Portugal, Grécia ou Espanha. E recusa pedir desculpas”.


Este sujeito cujo partido esteve até então no poder descarrega a sua frustração pela perda das eleições sofrendo um desaire eleitoral nunca visto nas últimas eleições holandesas, passando para o décimo lugar. A responsabilidade da perda parece ser, segundo ele, dos países do sul.


Jeroen Dijsselbloem está equivocado. Quem vem para Portugal gastar dinheiro em copos são os dos países do norte, nomeadamente os holandeses (ainda bem para nós). É vê-los nas esplanadas do Algarve sempre com copos à frente durante todo o dia e, nas praias, consumindo garrafas atrás de garrafas de cerveja e de vinho. Mas não é só cá entre nós, lá na Holanda também, quando, nos fins de semana, apanham carraspanas de meia-noite.


O dito sujeito deve ter andado pelas casas de chuto que a Holanda criou e legalizou e, “pedrado” fez aquelas declarações.  


Alguém, talvez uma direita que também sofre síndrome da perda do poder, deve ter contado ao ouvido de Dijsselbloem uma novela, mas, ao contrário, o que o inclui no grupo dos disparatados ressabiados pela perda. Para ele fomos nós os portugueses e outros países do Sul que o fizemos perder as eleições ao seu partido.


Afirmações e linguagem digna dum Geert Wilders ou qualquer outro da extrema-direita e até de um Donalda Trump.

Verdade ou mentira na politização e partidarização em casos de justiça

20.03.17 | Manuel_AR

Num “post” anterior escrevi que “poder haver mãozinha política no processo da Operação Marquês parece vir a ser evidente. Agora a culpa pelo atraso do processo é das Finanças o que, curiosamente, só agora foi descoberto e veio a público. Pelo menos é o que diz o Diário de Notícias cujo diretor Paulo Baldaia é excelso defensor da direita. Diz aquele jornal que "O Ministério Público responsabiliza a equipa de inspetores das Finanças que está a investigar a Operação Marquês pelos atrasos na conclusão da mesma, segundo um memorando entregue pelos procuradores do processo à Procuradora Geral da República a "forma de coadjuvação" da equipa liderada pelo inspetor tributário Paulo Silva é "uma das razões que justificam a impossibilidade de concluir a investigação", que a par do atraso das respostas às Cartas Rogatórias, "assume considerável peso nas causas do não cumprimento do prazo concedido”. Se isto não fosse triste e lamentável seria hilariante.


Hoje o Público diz que a Procuradora Geral, Joana Marques Vidal, tenta responsabilizar através de críticas evidentes e repetidas à equipa da Direção de Finanças, que apoia o Ministério Público no inquérito que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates, como uma das causadoras do atraso. A Procuradora tenta salvar a sua pele por ter prorrogado novamente o prazo do inquérito.


Pois nem de propósito, hoje, no jornal Público, o que escrevi pode subentender-se numa entrevista que Nuno Barroso presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT).


A direita tem um objetivo que é tenta que se estabeleça na opinião pública a desconfiança e a ideia da partidarização dos processos de investigação para que ela própria se salvaguardar daquilo de que tem sido acusada como as listas VIP, offshores, vistos gold, entre outros.


Há vários tipos de pessoas, as que têm ódios de estimação pessoais ou por alguma circunstância que surja na política e, mesmo que se vejam sem razão, buscam continuamente algo para fazerem alimentar esses ódios e para os infetar em outros através das mais variadas justificações para esses ódios, seja ele do que forem, têm razão de ser.


Isto passa-se com os que odeiam José Sócrates por alegados problemas que eventualmente lhes causou, ou achem que lhes causou e há os que são contra quaisquer governos que não sejam das suas simpatias porque estes são os das verdades absolutas e não contentam os seus anseios.


Temos ainda a imprensa que, quando sentem que o público está a mudar a visão sobre determinado acontecimento para um lado que seja menos conveniente aos interesses ou opções dadas como as que eles veicularam ou muda o sentido da opinião público sobre esses mesmos acontecimentos e não estão a ir de acordo com o oficial por eles propagado e que vir a pôr em causa as crenças antes orientadas, assim, há que credibilizar esses atores através de entrevistas e artigos bibliográfico que servem de “lavagens da honra” que vão aqui e ali publicando para se continuarem a salvaguardar as aparências.


Quando as coisas não estão a correr muito bem, como no caso da Operação Marquês, publica, como hoje aconteceu com o jornal Público, um artigo sobre Rosário Teixeira que pode ser visto como uma pequena lavagem de imagem e contem alguns traços biográficos abonatórios da sua personalidade para estabelecer uma visão mais conciliatória com a opinião pública para os que ainda duvidam das boas intenções do processo.


A condenação na opinião pública tem que manter-se custe o que custar e, se possível, poder contaminar que irá decidir em tribunal da culpabilidade ou não de quem venha a ser acusado. Estão em causa a investigação e aquela comunicação social que a alimentou uma acusação na praça pública deixando de lado o recato do sigilo e do trabalho da investigação independentemente da culpabilidade, ou não, dos réus.


Tudo parece ser uma espécie inquisição da idade média ajustada aos meios da comunicação do século XXI. Na Idade Média bastava alguém dizer “ali mora uma bruxa” e lá vinham os inquisidores mor a lançar na fogueira alguém que através da tortura física fora obrigada a confessar algo que não o praticou. No século XXI são os órgãos de comunicação que indiciam e torturam, não física mas psicologicamente, fazendo as cabeças de quem os escuta sem refletir.

Arbitrariedade e "factos suspeitos"

17.03.17 | Manuel_AR

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Raramente escrevo sobre o processo de investigação tendo em vista a acusação de José Sócrates e, quando digo isto, não estou a defender a sua culpabilidade ou inocência até porque acho que em política não há inocentes, na maior parte das vezes até há culpados. Por falta de conhecimento, não sei se ele é, ou não, culpado. Pode ser que até seja culpado e isso não discuto. O que na minha opinião está em causa são os aspetos relacionados como o decurso do processo que, pelo que vou lendo e ouvindo nos órgãos e comunicação, parecem-me ser estranhos e hoje esta minha estranheza adensou-se.  


Poder haver mãozinha política no processo da Operação Marquês parece vir a ser evidente. Agora a culpa pelo atraso do processo é das Finanças o que, curiosamente, só agora foi descoberto e veio a público. Pelo menos é o que diz o Diário de Notícias cujo diretor Paulo Baldaia é excelso defensor da direita. Diz aquele jornal que "O Ministério Público responsabiliza a equipa de inspetores das Finanças que está a investigar a Operação Marquês pelos atrasos na conclusão da mesma, segundo um memorando entregue pelos procuradores do processo à Procuradora Geral da República, a "forma de coadjuvação" da equipa liderada pelo inspetor tributário Paulo Silva é "uma das razões que justificam a impossibilidade de concluir a investigação", que a par do atraso das respostas às Cartas Rogatórias, "assume considerável peso nas causas do não cumprimento do prazo concedido”. Se isto não fosse triste e lamentável seria hilariante.


É claro que a coadjuvação está prevista, se não me engano, no Artº 202º nº 3 da nossa Constituição, mas, pelos vistos, o passar de culpas pelo atraso do processo parece ter começado agora a enveredar por caminhos ambíguos.


A partir daquela declaração a política e a partidarização passaram a estar explícita no processo. Para onde está a cair a justiça? Eu, como no que se refere à política sou desconfiado, sempre pensei que os tribunais e a administração da justiça fossem um órgão de soberania independente do poder político, por isso se diz à justiça o que é da justiça. O que me parece é que, neste caso, ela parece estar a ser orientada (agora) por um calendário duma direita obscura, tenebrosa e de complôs e com intervenientes na obscuridade todos feitos, exatamente como diz Paulo Azevedo da Sonae, mas noutra direção contrária à dele, digo eu.


Acho que a vinda a lume de forma intermitente e com novas ligações ao caso da Operação Marquês parece obedecer a um padrão de ocasionalidades políticas. Este novo adiamento que pode chegar até junho segundo a Procuradora da República verificando-se em abril se é necessário mais tempo ou não. Isto parece abrir caminho a prazos arbitrários já que pode sempre justificar ad eterno a complexidade do processo que pode ser da conveniência de agendas extra processo. A direita não tem o poder, mas parece agarrar o poder de influência que se perceciona através dos órgãos encarregados da investigação (apenas de alguns casos) para deduzir acusação.  


Por outro lado, pode-se iludir a opinião pública jogando com palavras, o que está evidente nesta notícia de primeira página do Diário de Notícias quando escreve” último interrogatório ao ex-chefe do governo já precisou número de crimes e factos suspeitos…”. Vejamos:   factos suspeitos. Um facto é algo que é real, algo que existe, ocorrência que se realizou e suspeitos significa que inspiram desconfiança, que suscitam dúvidas. Acho que percebo, são factos, mas são suspeitos. Então estes factos podem não factos podem não ser prova porque são apenas suspeitas. O que parece ser um facto é apenas suspeita dum facto. Qualquer um pode precisar um certo número de crimes ao sujeito A assim como suspeitas, mas não passam disso se não se houver facto que provem que os cometeu. 


Quando se fala do caso Sócrates a memória traz-me para a frente o caso de Dias e Loureiro, (ver também aqui), e outros. E então o que se passa com este processo?


Quanto eu saiba, segundo a imprensa em 2016, apenas isto:


O político, Dias Loureiro que atingiu o auge da influência durante o cavaquismo (era membro do Conselho de Estado), foi atingido, em 2009, pelos estilhaços do escândalo SLN/BPN: o seu suposto envolvimento num negócio ruinoso, como administrador da holding, levou o DCIAP a constituí-lo arguido, mas como está o processo ao fim de mais de sete anos? Porque será que o jornalismo dito de investigação, apenas para alguns, não esclarece a opinião pública sobre o caso BPN/SNL? Ver aqui.    

Uma vitória difícil e amarga

16.03.17 | Manuel_AR

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Na Holanda concorrem às eleições 29 partidos, (ainda há quem proteste porque em Portugal há demasiados partidos). Não houve um partido vencedor e em eleições anteriores também não. Na Holanda costuma ser regra fazerem-se coligações entre duas ou mais forças com ideias diferentes. E tem sucedido não ser o partido vencedor, não tendo maioria parlamentar que venha a formar governo. Já houve alturas cujas circunstâncias levaram à formação de geringonças que funcionaram.


O partido mais votado foi o VVD, Popular para a Liberdade e Democracia da direita cujo resultado foi muito inferior a 2012 quando obteve 26,5% contra 21,3% em 2017. A extrema direita (PVV), do populista Geert Wilders consegue ficar em segundo lugar e foi um dos vencedores tendo conseguido mais 3% dos votos do que em 2102 com mais cinco deputados.  Mas olhando para o mapa eleitoral da Holanda podemos verificar que a extrema-direita ficou confinada a pequenos redutos como se pode verificar no mapa anexo.  


O Partido Trabalhista PvdA, de Jeroen Dijsselbloem, e ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, perdeu 29 deputados, ficando em sétimo lugar. Este desastre eleitoral terá sido devido ao PvdA, partido trabalhista holandês equivalente ao Partido Socialista português, ter feito uma coligação com a direita no poder tendo, por isso, sido penalizado. O mesmo poderá acontecer ao PS se alguma vez se aliar à direita do PSD para formar governo. Sobre este assunto já me pronunciei no tempo em que, após as eleições o PSD pretendia aliciar o PS para algo que a que chamavam entendimento e sobre o qual vinham insistindo desde o tempo de António José Seguro.


Na Holanda a semente da extrema-direita foi lançada os partidos democráticos terão que arranjar soluções para que o vírus vá por si mesmo sendo exterminado. Enquanto tal não acontecer a Europa não se pode congratular com as pequenas vitórias dos partidos europeístas.


 

Pontos de vista

15.03.17 | Manuel_AR

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  1. Em países da Europa os centros históricos das capitais são os locais onde se concentra a maior para do turismo. Não é preciso ir mais longe, basta conhecer as cidades da vizinha Espanha sobretudo as “plazas mayores” que ficam entupidos de turistas em algumas épocas do ano. Em Portugal, nomeadamente em Lisboa, quando o turismo diminui divaga-se sobre as causas responsabilizando a autarquia. Quando, pelo contrário o turismo cresce divaga-se sobre as dificuldades que o turismo causa à cidade culpabilizando a mesma autarquia. Falava-se da desertificação da baixa. Há certos especialistas que surgem da sombra lamentando que a ”Baixa tenha passado de desertificada a estranha aos lisboetas”. Afinal em que ficamos? Algumas almas lamentam certos espaços terem fechado na Baixa Pombalina. De certo que sim, mas esses lamentam o acontece designando-o como o "último exemplo da barbárie" que, segundo certo sociólogo, “foi o encerramento do restaurante Pessoa”. "… um restaurante típico de Lisboa, aberto desde 1800 que foi remodelado no ano de 1950. Tinha azulejos típicos da época, tinha clientes e, de repente, no verão fechou e não voltou a abrir", descreve o dito. Continua escrevendo que “em frente às portas fechadas e ao prédio em obras na esquina da Rua dos Douradores”. Mas então a decisão de fechar ou não um negócio não depende da iniciativa privada? Os clientes que diz que tinha seriam os suficientes para manter o negócio? Deveria ter sido proibido de encerrar? Ou achará ele, sociólogo, que deveria ser nacionalizado? A câmara de Lisboa subsidiar este tipo de negócios.? O que é de facto uma pena é perderem-se o património dos tais azulejos antigos.   Que solução propõe? Eleições autárquicas da direita a quanto obrigas! Ainda me recordo de quando Nuno Abecassis do CDS, presidente da Camara de Lisboa em coligação com o PSD entre 1979 e 1985 permitiu a demolição da fachada do histórico edifício do teatro e cinema Monumental.

  2. Quando não há nada que valha a pena para criticar o Governo o seu apoio parlamentar inventam-se focos de tensão entre os partidos da esquerda que o apoiam nas circunstancias justificáveis. Esta é a última: “Há um foco de tensão crescente entre o governo e os partidos à esquerda que o apoiam no Parlamento. BE, PCP e verdes querem aprofundar o debate sobre a reestruturação da dívida... O governo não tem sinalizado vontade em escavar o assunto… O PCP marcou para 23 de março um debate ‘urgente’ sobre o tema”. Estes são os factos, a questão é a de saber onde é que está a grande divergência que é, há muito, é conhecida. Todos sabemos que o BE e o PCP têm posições diferentes do governo naquela matéria. Conclusão: quando nada há de novo sobre o tema fala-se de velhos casos como se fossem a grande notícia. Assim funciona a direita!

  3. Saiu um livro que ensina a detetar mentirosos. O autor diz que aprendeu a detetar mentirosos com a CIA e o FBI. Ponham-se a pau políticos e comentaristas da política porque podem agora ser apanhados a mentir quando aparecerem nos ecrãs da televisão. Basta que toque na cara, esfregue as mãos devagar, afasta e cruza os braços nos primeiros quatro minutos de uma conversa, para que muito provavelmente esteja a mentir. A base científica poderá ser válida, mas cuidado com as falsas interpretações dos princípios científicos. Ah! Há mais, para o autor “Existe uma grande probabilidade de ser assim, mas existe uma probabilidade mínima de não ser". A ideia não é julgar as pessoas pelos sinais, mas "criar um caminho de investigação". Boa!

  4. Assunção Cristas parece ter procuração para a lavagem dos meandros de Paulo Núncio. E, sobre a resolução do BES, pasme-se, disse ao jornal Público, sobre a resolução tomada no caso que “nós não discutimos os cenários possíveis no Conselho de Ministros. Aliás, a resolução do BES foi tomada pelo BdP e depois teve de ter um diploma aprovado pelo Conselho de Ministros.”, e continua, “Esse decreto-lei foi aprovado com uma possibilidade regimental que era à distância, eletrónica. Eu estava no início de férias e recebi um telefonema da ministra das Finanças a dizer: “Assunção, por favor vai ao teu email e dá o OK, porque isto é muito urgente, o BdP tomou esta decisão e temos de aprovar um decreto-lei.” Como pode imaginar, de férias e à distância e sem conhecer os dossiers, a única coisa que podemos fazer é confiar e dizer: “Sim senhora, somos solidários, isso é para fazer, damos o OK.” Mas não houve discussão nem pensámos em alternativas possíveis — isto é o melhor ou não —, houve confiança no BdP, que tomou uma determinada decisão.”.

  5. Paulo Baldaia o elo de ligação da direita com o Diário de Notícias, disse que um ano depois mudou tudo para ficar tudo na mesma. E, e o mesmo que terá apoiado Marcelo diz que leva ao colo o Governo e que mais tarde cobrará. Tipo cobrador de fraque pergunto eu? Não conseguindo elogiar Passos Coelho pela oposição que faz Baldaia lá vai dizendo que “deve ser tido em conta a sua larga experiência política que lhe tem permitido manter mais ou menos unido…”. Vimos nos quatro anos que esteve no governo! Via lançando achas entre o BE e o PCP elogiando Catarina como “forte líder sozinha… atuando de fora tem uma grande influência no governo.” Força Baldaia!

  6. Para Baldaia “amortizar a dívida continuou a ser uma miragem”, disse a 13 de março. Ou se enganou ou foi intencional porque Portugal pagou 1.700 milhões de euros ao FMI que permitiram baixar a dívida em mais um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB)na segunda semana de fevereiro de 2017.

  7. Baldaia acusa o país, ou serão os portugueses de não “cuidarmos de perceber que geringonça não é apenas a coligação parlamentar, é todo o país e a economia que o sustenta”. “Se eu fosse de esquerda estaria decidido a entregar o poder à direita para ela endireitar o país” diz este diretor do Diário de Notícias, acrescentando ainda que “continuamos sem fazer as reformas estruturais do país”. Mas o que são afinal para esta gente reformas estruturais. A direita que ele defende também não diz o que são nem tão pouco as aponta e propõe objetivamente as potenciais reformas que faria se voltasse ao poder. Talvez nem seja necessário porque todos já as conhecemos. É a raiva da direita traduzida sob a forma de jornalismo.


 

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