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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

Adia, adia, que o teu adiar tem graça

25.07.16 | Manuel_AR

Os últimos acontecimentos têm sido dominados por atos de terrorismo assassino relegando para segundo plano, e temporariamente esquecidas, outras notícias, o que é compreensível.


Assim recordo que na passada semana não foi por acaso que alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente televisões, voltaram na passada semana ao caso Sócrates.


Quem tem feito o frete de ler, mesmo que de passagem, os escritos que aqui coloco terá constatado que raramente abordei o tema Sócrates e a dita Operação Marquês. Não comentei nem emiti qualquer opinião a favor ou contra Sócrates pelo desconhecimento que tenho dos reais contornos do processo judicial e, o que é publicado pela comunicação social, posso apenas considerá-las como especulações oriundas de informações dum processo judicial inacabado. A isto acrescento que também não acredito em santidades tendo em conta o que, se tem visto por aí ao longo dos anos ao nível da corrupção.


Mas há uma coisa que sei, é que, em certos momentos estrategicamente escolhidos, seja por artes mágicas ou quaisquer outras formas de ilusionismo, são lançadas para a opinião públicas “novidades” travestidas de narrativas do género faz de conta.


Quem está a dirigir o processo mais parece um salta-pocinhas que vai saltitando de charco em charco de águas estagnadas para se refrescar. Fará algum sentido para o comum dos cidadãos como eu que, passado todo este tempo, se vão fazer buscas na PT e noutros locais para arranjarem matéria sabe-se lá de quê e porquê? Esperará por acaso quem está à frente da investigação que ao fim deste tempo todo, o material comprometedor estivesse à espera que chegassem buscas para o arranjo de novas provas? Isto mais parecem manobras de diversão dos chamados empata f…


Coincidentemente, ou não, o dia 15 de setembro foi anunciado há meses pelo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Amadeu Guerra, como prazo limite para a conclusão da investigação do processo "Operação Marquês" e a acusação contra o antigo primeiro-ministro José Sócrates. Mas, lá vamos nós, mais uma vez, em março de 2016 “admite, num despacho, que aquele prazo pode ser alterado por ‘razões excecionais, devidamente fundamentadas’". Aproximando-se o prazo, e já la vão quatro meses, vêm ao de cima novas investigações.


O labirinto é tão confuso que já nem eles (os da investigação) se entendem. Não me admiraria que viessem dizer que este processo tem contornos mundiais na China, Rússia, e de espionagem a favor da Coreia do Norte e que, por isso, é necessário mais tempo. Sarcasmo claro!


Ao fim de tanto tempo, mesmo que não queiramos, podemos começar a desconfiar de que algo não está a bater muito certo.

A politiquice patética e o videirinho

18.07.16 | Manuel_AR

Passos Coelho continua na senda da política patética e da parvoíce. Ganhou eleições sem maioria absoluta e formou um Governo minoritário instável que foi derrubado na Assembleia da República. Agora vem dizer numa entrevista que lhe roubaram o poder. Deixe-se de brincar à política do disparate. Demita-se com a sua trupe da liderança do PSD a quem causaram males que chegue.


Pacheco Pereira diz que há um neo PSD. Até concordo. É um PSD de características neoliberais que se desvirtuou. O PSD necessita duma reconstrução correndo o risco de ficar sempre a ser considerado como um partido fora do centro radicalizando-se para o lado da direita donde até o CDS, mimeticamente, se esforça por afastar embora nem sempre o conseguindo.


Será que procura uma carreira profissional como Durão Barroso. Desengane-se Passos porque mesmo na arte do engano, da patranhice e do mimetismo Passos não consegue igualá-lo.


A tragédia de Nice, perpetrada seja lá por que for está no grupo das patologias sociopatas não genéticas, induzidas por influência do ambiente social e exploradas por extremismos religiosos, e o golpe na Turquia, ainda com contornos desconhecidos, vieram abafar o caso Durão Barroso.


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O ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso enfrentou uma onda de críticas após conhecimento de que irá ser conselheiro o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs sobre o Brexit.


Barroso um videirinho, (classificação interessante de Pedro Marque Lopes), foi primeiro-ministro de Portugal que, depois de assustar o país com o célebre “o país está de tanga”, (não está em causa o facto mas a forma) colabora com a falcatrua de G. W. Bush que deu lugar à guerra no Iraque, abandona o barco, qual ratazana, seguindo célere para ocupar o lugar de Presidente da Comissão Europeia entre 2004-2014 que lhe foi oferecido de bandeja fosse lá porque motivo fosse. Agora vai tornar-se um presidente não-executivo da Goldman Sachs International (GSI), braço internacional do banco, com sede em Londres.


A Goldman Sachs esteve fortemente envolvida na venda de produtos financeiros complexos, incluindo hipotecas de alto risco que contribuíram para a crise financeira mundial em 2008.


A conversa promocional costumeira surge: "José Manuel traz imensos conhecimentos e experiência para Goldman Sachs, incluindo uma compreensão profunda da Europa," disseram num comunicado os executivos, Michael Sherwood e Richard Gnodde Resta saber conhecimentos e experiência de quê?…


Durão Barroso não hesitou mas sua nomeação atraiu críticas de todo o espectro político, exceto do PSD em Portugal.


Pedro Filipe Soares, líder em Bloco de Esquerda disse: "Esta nomeação mostra que a elite europeia de que Barroso faz parte não conhece a vergonha."


O ministro de comércio exterior da França Matthias Fekl escreveu no Twitter que "Servir o povo mal, servindo-se do Goldman Sachs. Barroso é uma representação obscena de uma velha Europa que o nosso representante diz mudar".


Colegas de Fekl no Parlamento Europeu também condenaram a chamada de Durão Barroso denominando-a de "escandalosa".


É um “Boom para euro-fóbicos” dizem outros.


Ao mesmo tempo, franceses, membros socialistas do parlamento europeu pediram mudanças legais para bloquear a possibilidade de utilizar os cargos como "porta giratória" para se lançarem para empregos lucrativos no setor privado depois de os deixarem. Num comunicado conjunto afirmaram: "Fazemos um apelo para as regras serem alteradas para impedir a nomeação do ex-comissário europeu," e acrescentam que "no sistema de porta giratória parece haver muito de conflito de interesses".


Durão Barroso, disse ao jornal Expresso que "Depois de ter passado mais de 30 anos na política e na administração pública, é um desafio interessante e estimulante que me permite usar as minhas competências para uma instituição financeira global".


O jornal de esquerda francês Libération descreveu a nomeação de Barroso como "o pior momento para a União e uma benção para os euro-fóbicos”.


Até Marine Le Pen, líder do partido francês da extrema-direita Frente Nacional (FN), aproveita o caso para atacar a Europa, escreveu no Twitter que a nomeação não era "nada de surpreendente para as pessoas que sabem que a UE não serve as pessoas, mas a alta finança".


São sujeitos como este que se infiltram na vida política e dizem defender os interesses do seu país mas que apenas se servem dele para construir a sua carreira. São os videirinhos. E ainda há quem não quer abrir o olhos apoiando este tipo de gente.

Os barqueiros rebocadores e os treinadores de bancada

13.07.16 | Manuel_AR

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As sanções a Portugal, são um tema arrastado, com o entusiasmo da maior parte dos órgãos de comunicação social. Embora não avancem nada de novo vão especulando e oraculizando medidas, intenções, punições, cumprimento rigoroso das regras europeias apenas para alguns, é claro emparelhando com os partidos da direita, agora sentados no banco da oposição.


As declarações dos partidos sobre as ditas sanções, cujos trâmites se arrastam quais barqueiros rebocadores dos barcos do Volga, mais parecem treinadores de bancada a falar.


Os treinadores de bancada gritam para o ar, e para os seus vizinhos de bancada mais próximos, orientações aos jogadores, faz isto e não aquilo, se eu lá estivesse haviam de ver, vai para a rua e outras censuras. Quando o seu clube perde gritam que foram roubados e a culpa é do árbitro, do treinador e do selecionador.


Assim parece Assunção Cristas líder do CDS e a antiga Ministra das Finanças do Governo de Passos Coelho que apoiam uma direita europeia que está a pressionar o Governo português assim como outros políticos portugueses de outros quadrantes que gostariam de ver descarrilar a estabilidade governativa e social que até agora se conseguiu, vendo nas sanções uma oportunidade para colocar pauzinhos na engrenagem para conquistarem a hegemonia perdida.   


Peroram sobre as sanções que têm como base o défice dos anos de 2013-15, que se refere ao passado, o deles, mas vislumbrando causas para tal no presente e no futuro.


Fazem o mesmo exercício que os treinadores de bancada. Gritando que a culpa é do atual Primeiro-Ministro e do ministro das Finanças que não souberam negociar, deduz-se que deve ser sobre aquilo que eles próprios prometeram e não conseguiram. Se eu estivesse lá não seria assim, grita agora da bancada Maria Luís Albuquerque, etc..


O patriotismo de lapela serve agora como justificativa para prejudicar o país.


Segundo o jornal Público até Cavaco Silva, “estraga unanimidade do Conselho de Estado sobre sanções”. Independentemente do cumprimento rigoroso do que está determinado pelas das regras do Tratado Orçamental, pelo menos internamente há que haver algum decoro na defesa do interesse de Portugal que está a ser palco de experimentações de regras que, até hoje, não foram aplicadas a nenhum país que estivesse em incumprimento.


Claro que a Cavaco, visto não haver um Governo da sua preferência, apoia as sanções, numa tentativa frustrada de aparente imparcialidade. O que fica por provar é se, nas mesmas circunstâncias, e com um Governo da sua fação, tomaria a mesma posição.


Acrescem ainda sábios comentadores de economia como José Gomes Ferreira da SIC, que diz que as sanções vão implicar austeridade e mais medidas que já constam. Se não constam agora irão constar. Lança achas para a fogueira em vez de ajudar a acalmar o fogo em nome de todos. Mas a obsessão da desculpabilização da herança das sanções sobrepõe-se ao interesse e à defesa do país. Não há plano B, mas tem que haver. Se não é agora, é amanhã. Se não for amanhã será no futuro. Mas será. Que desejo mais obsessivo e pleno de contentamento!


As instituições da U.E. mais parecem grupos semelhantes a “bullies”. Estes, como cobardes que são, rodeiam-se de outros, e escolhem sempre os mais fracos para exercer a sua violência, seja ela física, moral e, ou, emocional sobre outros seus pares nos espaços que ambos frequentam.

Ser campeão europeu irá aumentar a autoestima dos portugueses?

11.07.16 | Manuel_AR
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Quem te sagrou criou-te português.


Do mar e nós em ti nos deu sinal.


Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.


Senhor, falta cumprir-se Portugal!


Fernando Pessoa



A seleção portuguesa de futebol ajudou ontem a cumprir Portugal. Mas muito ainda há para cumprir.


 


Manuel Valls, primeiro-ministro francês dá parabéns a Portugal, em português:


"Parabéns à bela equipa de Portugal!".


 


Este primeiro título internacional encheu de orgulho a nação portuguesa, um país apaixonado por futebol, mas que andava de cabeça baixa devido à crise econômica que assola o território há anos.


 


"Esta vitória não resolve nossos problemas, mas pelo menos estamos felizes. É algo que acontece uma vez na vida", comemorava Lúcia Antunes, uma desempregada de 41 anos. Disse hoje o jornal brasileiro Esporte


 


Noutros jornais europeus podia ler-se:


 


"Uma terrível desilusão" foi o primeiro título da edição ‘online’ do France Football, um dos mais prestigiados periódicos desportivos da França e do continente europeu.


 


Le Monde simplificou: "Portugal priva os ‘Bleus' de uma vitória no seu Europeu", escrevendo ainda que "os tricolores de Didier Deschamps não conseguiram oferecer ao futebol francês o seu terceiro título europeu".


 


O diário espanhol El Pais manteve a sua abertura ‘online’ com ligação às incidências do jogo e, mal este terminou, titulou rapidamente a vitória portuguesa, destacando ainda a lesão de Cristiano Ronaldo ainda na primeira parte, escrevendo que "viu e sofreu a final no banco" o resto do tempo.


 


El Mundo, "Portugal, campeão da Europa: a crueldade é bela" foi o primeiro título.


 


O Mundo Deportivo, da Catalunha, referia que Portugal foi "heroico, mesmo sem Cristiano", referindo ainda que o desfecho "fez justiça diante do conservadorismo local" e que a seleção de Fernando Santos "recuperou" o título perdido em 2004.


 


Ler mais em:  Sapo Desporto


 


O culminar deu-se com os portugueses a acompanharem o autocarro aberto da seleção e a encherem hoje o histórico lugar da Alameda D. Afonso Henriques para homenagear os jogadores da seleção.


 


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Convergência com o pensamento dominante ou punição

09.07.16 | Manuel_AR

 

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Muitos, como eu, estarão fartos e exaustos das políticas da U.E. apesar de sabermos da inoportunidade e perigos que poderão advir duma saída daquele agrupamento de países que pretendem impor um pensamento único de cariz ortodoxo.

 

A U.E. é uma espécie de Cérbero, cão de três cabeças que guarda as portas dum mundo no qual não se impede a entrada, mas impede-se a saída.

 

Quando alguém chega, Cérbero faz a festa, tece elogios. Quando alguém quer sair desse mundo ele impede sua saída a todo o custo. Cérbero torna-se assim um cão feroz e temido por todos. A U.E. é uma espécie de diretório multicéfalo com orientação de pensamento único de maioria dominante que pretende impor regras e submeter os mais fracos. Neste clube que domina o Parlamento Europeu encontram-se o PSD e CDS-PP que apoiam medidas mesmo que elas vão contra os interesses de Portugal, até quando se encontravam no poder.

 

Tudo funciona como uma espécie de bullying contra um aluno que se tem esforçado e tem conseguido, em parte, ser cumpridor embora, ultimamente, tentando um caminho diferente.

 

Quem manda na U.E. vê as coisas deste modo: há vários caminhos mas o único a seguir é aquele que nós impomos mesmo que, no fim desse caminho, seja a queda num precipício.

 

Nesta última semana o Brexit deixou de ser o prato do dia apesar das técnicas da confeção do cozinhado serem mais difíceis do que o problema português. Todavia, Portugal passou a ser um fator de de distração para os problemas de que enferma a U.E..

 

É mais do que evidente que as declarações sobre Portugal oriundas dos responsáveis máximos desta união de pensadores pretendem que não seja posta em causa a teoria do pensamento único. No livro, “A Realidade é Real?”, que li há muito, mas cuja leitura recuperei, Paul Watzlawick, escrevia no prefácio da página 7 o seguinte axioma: “A ilusão mais perigosa de todas é a de que existe apenas uma realidade.”

 

Os defensores dos argumentos do chamado “pensamento único” num mundo globalizado tanto a nível económico como a nível da informação, e, a sua inevitabilidade como fator de desenvolvimento, esquecem o conceito de democracia emergente nos finais do Século XX.

 

A filosofia do “pensamento único”, está a impedir, deformar, destruir, o livre pensamento, a discussão de ideias, a democracia participativa, a soberania e estados nacionais, a promover o controlo da comunicação social, caminhando para a restrição dos direitos humanos, etc., criando nos atores secundários que são as populações de países soberanos uma visível sonolência.

 

Em termos ideológicos os impositores desta “nova doutrina” na U.E. pretendem ser os apóstolos da única verdade impingindo aos países a crença de que ela é irreversível e que ou se adere a ela ou se fica à margem da História e do desenvolvimento.

 

Caso paradigmático é o que se tem passado nos últimos meses com adiamentos sucessivos sobre as ditas sanções a Portugal e a Espanha, neste último caso justificando o adiamento da decisão devido às eleições. Podemos tirar inerentes conclusões. Se a direita ganhasse por uma maioria confortável, o que não foi o caso, tudo ficaria solucionado e o caso encerrado com as desculpas do costume. Como assim não foi há que castigar o infrator, o povo espanhol, que votou contra o pensamento único votando numa maioria de esquerda, embora sem entendimento a nível das cortes espanholas.

 

No caso de Portugal a coisa é mais complicada e causa frenesim nos senhores “donos” da U.E. por ter sido possível um entendimento para uma maioria de esquerda parlamentar que sustenta um Governo do Partido Socialista no poder. Isto não agrada aos senhores da direita da U.E., onde se encontram o PSD e o CDS, portanto, há que castigar o povo que votou fora do pensamento dominante.

 

Apenas ensaístas, comentadores e políticos da cegueira neoliberal sabem que ficaria comprometida a política da ortodoxia vigente na U.E. se vier a ter sucesso outra política, colocando em causa o princípio do não há alternativa.

 

Para constatar o facto, basta analisarmos as declarações dos ex-governantes e representantes do calhambeque que forma agora a oposição ao Governo em Portugal.

 

Maria Luís Albuquerque fez afirmações que apenas constatam o que escrevo. Disse ela que “Se eu fosse ministra das Finanças a questão das sanções não se colocava”. Isto é, se Passos Coelho fosse ainda primeiro-ministro não haveria sanções mesmo que o défice do 3%fosse ultrapassado? É a comprovação de que há, de facto, uma retaliação da U.E. porque Portugal deixou de ter um Governo que deixou de seguir a via do pensamento único e da subserviência.

 

Outra pressão intencional, especulativa, com base numa falsidade, veio há dias do ministro das finanças alemão Wolfgang Shäuble ao afirmar que Portugal está a pedir "um novo programa" e que "vai consegui-lo". Claro que veio de seguida a corrigir dizendo que "Os portugueses não o querem e não vão precisar de um segundo resgate se cumprirem as regras europeias". O que é isto senão uma forma de pressão causando instabilidade nos mercados e sobre a dívida portuguesa. A justificação, para além de distrair sobre o Brexit devido é a de em Portugal não estarem no poder partidos de subserviência e seguidores de pensamento único, tão do seu agrado.  

 

Há uma justificação que se pode avançar: se em Portugal a aplicação de outro caminho e de outras políticas alternativas tiverem eventualmente sucesso isso poderá comprometer a credibilidade dos defensores do não há alternativa a da aplicação de austeridade cega, extrema e contínua em países mais vulneráveis. A Wolfgang Schäuble isso não interessará que fique no seu “currículo”.

 

Não é admissível que responsáveis da U.E. ponham publicamente em causa a credibilidade e a confiança dos mercados sobre um país, membro de pleno direito, que tem feito os possíveis para cumprir as regras, interferindo ainda que indiretamente na sua política interna.

 

A Alemanha sempre teve e continua a ter ambições hegemónicas na U.E.. O final da guerra fria, (que agora passou a estar, outra vez, parece, em cima da mesa), com o desmantelamento da eis União Soviética veio facilitar-lhe aquela ambição de dominação.

 

Na ótica do desvio ao pensamento único, os meninos desestabilizadores, mal comportados, entenda-se que não escolham os seus governos de acordo com a linha dominante, devem ser repreendidos e castigados de forma persecutória. Não de verifica o mesmo empenho dos dirigentes da U.E. a criticar quando são eleitos governos de extrema-direita que limitam liberdades nos seus países.

 

Na U.E. a liberdade democrática através do voto popular está estabelecida e garantida, mas desde que esteja em linha a orientação oficial dominante, caso contrário o caldo está entornado.

 

A Alemanha e países alinhados terão pretensões de caminhar para uma U.E. menos democrática. Senão, leia-se o documento preparado por Wolfgang Schäuble, ministro das finanças alemão, publicado pelo jornal alemão Handelsblatt que pretende que uma entidade independente, separada da Comissão Europeia faça a análise dos orçamentos dos Países-membros da EU entre outras reformas ainda pouco claras quanto aos intuitos.

 

Afinal, o que se pretende é a ingerência nos Estados de modo a limitar cada vez mais a soberania de (apenas de alguns!) países apesar de membros dum clube de ricos.

 

 

 

Na política, e no Euro 2016 que ganhe Portugal!

Síntese duma ida e dum regresso ou a política nunca se esquece

05.07.16 | Manuel_AR

Viagem a França.pngApós semanas de silêncio por ter andado por terras de Espanha e França do sudoeste volto aos comentários habituais sobre política já que a ausência da falta de imprensa e televisões nacionais foram um intervalo desintoxicante e porque o Euro 2016 parece ter-se sobreposto a tudo quanto é política. Mas a este ponto voltaremos no próximo comentário.


Em Espanha, antes das eleições, debates e mais debates televisivos entre os líderes dos quatro principais partidos encheram-me o papo com argumentos sem novidade.


Jajoy, do PP, defendendo uma direita desgastada, mantendo o mesmo estilo de velho conservador sem novidades e sem rumo, mas que fazia suspeitar ao que viria se ganhasse as eleições e que, de facto, veio a ganhar sem maioria absoluta.


O PSOE com Pedro Sanchez mais parecia uma balança desequilibrada cujo fiel da balança não conseguia encontrar. O PODEMOS é uma dose esquerda enfezada cujo receituário de algumas vitaminas que Jajoy lhe proporcionou e que lhe permitiu alcançar algum espaço desocupado pelo PSOE. Prometia referendos de independência para regiões que podem vir a ser caixas de Pandora. Pablo Iglésias apresentava propostas boas se não fossem desadequadas ao momento que a UE atravessa. Iglésias é um líder cujo carisma, postura e imagem foram criadas para ficar mais ajustado a um estereótipo da classe trabalhadora. Bem poderia ser um líder dum partido que poderia fazer história juntamente com o PSOE, mas a embriaguez do crescimento rápido conduziu-o a um certo radicalismo de esquerda que parece preferir que a direita esteja no poder a fazer cedência para mudança de rumo. É isto que tem prejudicado a esquerda em Espanha com sorrisos de contentamento da direita.


O PSOE lá conseguiu, afinal, o segundo lugar nas eleições, imediatamente à frente do PODEMOS. Em conjunto obtiveram nas cortes espanholas uma maioria de deputados superior ao PP. Porém para o PODEMOS a teoria do comportamento operante de Skinner parece não se aplicar, ao contrário dos ratinhos da investigação que, face a um reforço negativo encontram sempre a solução para sair do labirinto.


Em França na região onde me encontrava não se sentiu o efeito dos movimentos e greves da CGT contra a reforma da lei laboral. Aparentemente a política passa despercebida na azáfama dos enormes TIR que circulam sem parar fazendo filas imensas. Um trânsito intenso nas autoestradas, talvez devido ao Euro 2016, tornava as viagens cansativas para as quais o tempo também não ajudava, passando de violentas chuvadas que transmitiam insegurança para quem quisesse, mesmo a sol aberto, pôr o pé na praia de Biarritz onde surfistas faziam a rotina do vai e vem constante para tentarem apanhar a onda perfeita, à altura de cada um claro está, mas que nunca chegava. Era uma espécie de mito de Sísifo aplicado, sem desistência, até ao pôr-do-sol.


Finalmente, cheguei ao nosso Portugal. Com grande espanto ouço, sobre a questão das penalizações da UE por causa do não cumprimento dos dois décimos do défice, os disparatados argumentos de Passos Coelho e de alguns dos seus mais fiéis acólitos (ditos patriotas) que fazem parte do calhambeque que é hoje a oposição. Mas sobre isto irei escrever proximamente.


Quanto à saída do Reino Unido da UE como resultado do referendo outro espanto: a desresponsabilização e abandono de três influentes políticos como se nada tivesse acontecido por culpa deles e fogem como ratazanas dum navio que está prestes a afundar-se.