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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

Mens sana in corpore sano - uma mente sã num corpo são

13.06.15 | Manuel_AR

 



O desporto e a ação cultural podem propiciar espaços que resgatem, preservem e criem novos vínculos de solidariedade, onde o ser humano se sobreponha a todas as coisas, mas a despreocupação do Governo com a cultura e o desporto escolar tem sido notória.


Para a direita a cultura e o desporto, (exceto o futebol, que convém para captar votos), são atividades de segunda escolha e, por isso, tiveram direito apenas a uma secretaria de estado que, para além de ineficaz, ficou subordinada e dependente do primeiro-ministro e seu visto neoliberal.


As dificuldades financeiras do país dão para tudo. A cultura é a filha pobre do orçamento. Aliás a privatização total e progressiva da cultura é um dos pontos das políticas neoliberais. Deixar que ela sobreviva apenas através da iniciativa privada de patrocínios e de mecenas ou então morrer.


Há uma lógica de privatização para que o poder público se desvencilhe da sua função social. Os neoliberais endeusam o mercado e o culto ao individualismo exacerbado. É preciso cada vez mais valorizar a cultura e outros desportos, e não e apenas o futebol, como identidade de um povo.


Todavia, são sobretudo os clubes de futebol que têm dinamizado outras modalidades desportivas contribuindo para a formação física e mental de crianças, jovens e também adultos.


Encontra-se neste caso na linha da frente o clube Sport Lisboa e Benfica que no dia 10 de junho proporcionou um sarau de diversas modalidades desportivas onde estiveram presentes não apenas classes do Benfica mas também de outros ginásios. São exemplo o Acroáguias no Gym for Life 2015, cujo o vídeo se insere abaixo com imagens da modalidade de Ginástica Acrobática.


 

Feira das medalhas

11.06.15 | Manuel_AR

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As distribuições de condecorações dadas pelo Presidente Cavaco Silva no dia 10 de junho raramente são comentadas na comunicação social. Quando alguém recusa receber tal condecoração, o que raramente acontece, a notícia espalha-se como pólvora acesa. E há razões para isso. Criticar uma atribuição é por em causa o mérito de quem a recebe.


Há também na distribuição das condecorações, não em todas convenhamos, algo de político e até perverso. Refiro-me ao caso do ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos. Não está minimamente em causa o mérito, o valor, as competências, o conhecimento, a capacidade de trabalho, a sua dedicação à causa pública e muitas outras virtudes do Prof. Teixeira dos Santos. O que, no meu ponto de vista, está em causa é a carga simbólica da oportunidade da condecoração.


Como todos sabemos o Prof. Teixeira dos Santos foi o último dos ministros das finanças dos governos de José Sócrates. Antes disso foi secretário de estado do Tesouro e Finanças no governo de António Guterres. Em 2005 foi chamado por José Sócrates para ministro da Finanças e de Estado do primeiro governo de José Sócrates função que desempenhou até 2009. No XVIII Governo Constitucional que tomou posse em julho de 2009 José Sócrates confiou-lhe a pasta ministro da Economia e da Inovação que desempenhou até outubro de 2009. Neste mesmo mês José Sócrates entregou-lhe a pasta de ministro de Estado e das Finanças onde se manteve até junho de 2011.


Foi Teixeira dos Santos que subiu o degrau que faltava para a queda do Governo de José Sócrates que foi precipitada pela crise política criada com a rejeição do PEC IV - Programa de Estabilidade e Crescimento IV, a 23 de Março de 2011.


Não sei se já estão ou não acessíveis os documentos confidenciais de tal facto porque será apenas por eles que se saberá com rigor por que razão o país foi forçado, a procurar ajuda externa. Na Assembleia da República os votos contra da direita PSD e CDS/PP, do PCP e do BE provocaram a queda do Governo do Eng, José Sócrates justificado pelas medidas de austeridade contidas no PEC IV que posteriormente acabaram por ser contempladas no memorando da troika que o Governo que Passos Coelho acabou por agravar.


No caso particular de Teixeira dos Santos a condecoração, do meu ponto de vista, contem um simbolismo que não podemos desligar do contributo indireto que ele teve para a queda do Governo, para a vinda da troika e para que a direita chegasse ao poder, facto que o senhor Presidente não podia deixar de louvar.


É bom recordar que Teixeira dos Santos foi quem em 2008 pediu a nacionalização do BPN, propriedade da Sociedade Lusa de Negócios, e que justificou na altura que está “numa situação muito perto da iminente rutura de pagamentos”, e sublinhou que a instituição “não tendo vindo a cumprir os rácios mínimos solvabilidade” impostos pelo Banco de Portugal e não existem perspetivas de que encontre, a curto prazo, "novas fontes de liquidez". E termina dizendo que “Face à inexistência de uma solução que permita defender o interesse dos depositantes, o Governo viu-se obrigado a propor à Assembleia da República a nacionalização do BPN”.


Todos sabemos quem eram as figuras públicas que estavam ligadas, tinham negócios ou utilizaram o BPN.  Mesmo que se queira não podemos deixar de fazer conotações com esta condecoração.


Esta condecoração foi um reforço para intensificar e maximizar um sintoma de recuperação de parte duma memória social e política que possa de algum modo, através da recordação, minimizar a situação evolutiva do prenúncio dum futuro que está mais ou menos determinado, que é a perda de eleições pela direita neoliberal.

A campanha das causas da violência

09.06.15 | Manuel_AR

Violência.png


 


Em plena campanha de captação de votos Passos Coelho e Paulo Portas, os dois evangelistas da coligação PAF, dizem cá para fora uma coisa, mas lá bem no fundo os seus “corações” pensam outra. Isto é, falam para os potenciais eleitores que, para eles, não passam de números expressos em votos, as pessoas enquanto tal não são o motivo das suas preocupações.


Durante estes quatro anos o discurso de Passo Coelho e a estratégia comunicacional do seu Governo não foi o de mobilizar a sociedade para um projeto conjunto, mas antes o de criar clivagens dividindo-a com objetivos bem definidos: dividir para poder governar sem contestação a fim de conseguir os seus intentos. Foi o setor público contra o privado, os jovens contra os idosos, os que não têm trabalho contra os que o têm, trabalhadores precários contra os trabalhadores a contrato, pensionistas contra pensionistas, professores contra professores, etc.. Não foi só ele, também elementos do seu Governo, como Miguel Relvas, o disseram. Escusa de desmentir e desafiar para que o provem porque é coisa muito fácil de fazer sem muito esforço.


Parece que aquele discurso tem dado os seus frutos. A desmobilização de contestações, a falta de interesse de discutir direitos e deveres, a indiferença perante tudo o que seja política, o comodismo, o conformismo, o desinteresse da sociedade por tudo o que seja política, o cultivo do individualismo feroz e a competitividade por um posto de trabalho mal pago.


Não é por acaso que a violência em Portugal tem-se agravado e, nos últimos anos, tem verificado um aumento significativo dos números. Há vários fatores explicativos. Os alinhados com a atual política do governo desvalorizam estes números e afirmam que sempre houve violência mas que não lhe era dada visibilidade. Estas almas que tal afirmam pretendem tapar o sol com a peneira. A tal visibilidade dada pelos órgãos de comunicação social só é dado porque o fenómeno está em expansão e, por isso, não passa despercebida.


Sendo um fenómeno multifatorial pode por isso ter várias explicações. Algumas são devidas à mediatização dos casos, outras à variável socioeconómica, mas a forma como o Governo tem resolvido a crise tem ajudado a agravar a ansiedade e a desesperança que são contributos para a violência.


A perda do poder real de compra, a falta de recursos para cuidar da saúde, agravamento e as dificuldades criadas ao Serviço Nacional de Saúde, a forma como as pessoas fazem a leitura da impunidade para alguns e a severidade injustificada da justiça para outros, a perda de emprego, impossibilidade de cumprir compromissos por motivos não imputáveis aos próprios, privações económicas e familiares, entre outros, podem ter influência nos comportamentos individuais de violência familiar e social manifestada aos seu vários níveis. Há cada vez mais agressividade no dia-a-dia.


O fenómeno da violência para de associado aos fatores atrás referidos, a crise em si mesma gerou medidas imprevisíveis e draconianas num curtíssimo espaço de tempo, e o discurso político e as mensagens passadas pelo Governo têm dado sem dúvida o seu contributo, e muito.


A violência doméstica também subiu em flecha. Ela é uma das causas da degradação social provocada pela violência das medidas cegas tomadas por um Governo que vê apenas nos números da macroeconomia o seu único objetivo colocando as pessoas ao nível de danos colaterais.  


Constata-se também a violência exercida por cidadãos sobre outros cidadãos funcionários das finanças, como se eles fossem os causadores das desgraças que lhes bateu à porta;


A violência sobre professores é outro dos fenómenos que piorou no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues quando era ministra da educação e se agravou com o ministério de Nuno Crato que contribui em força para a continuar a descredibilizar e a desautorizar os professores. No campo da educação a forma e os processos utilizados contribuíram para um reforço dos comportamentos de violência por parte de alunos e de encarregados de educação.


Os Anuários Estatísticos do INE e as estatísticas da justiça mostram que no ano letivo de 2013/2014 foram registados 6693 ilícitos em ambiente escolar mais 5,4% que no ano letivo anterior, dos quais 1665 foram ofensas corporais. A justificação dada por pretensos especialistas em educação, afetos à maioria governamental, diz que não é bem assim, e que, muitas das vezes a responsabilidade pertence aos professores. Fala quem não está no terreno ou então tentam a desculpabilização dos responsáveis da tutela.


Por razões que afetam as suas vidas e talvez por desconhecimento da verdadeira causa dos problemas que enfrentam as pessoas tendem a manifestar a sua revolta e desagrado onde podem. A degradação do Serviço Nacional de Saúde pode ser um dos muitos exemplo. Veja-se o que aconteceu nas urgências dos hospitais durante o último inverno (só mês de janeiro). Segundo o Observatório Nacional da Violência contra os Profissionais de Saúde foram verificadas 33 notificações de violência contra profissionais do Serviço Nacional de Saúde, próximas das que se verificaram em todo o ano de 2007. Desde então os números nunca pararam de crescer como mostra o gráfico seguinte.


Violência_Prof_Saúde.png


A violência que nos últimos anos se tem manifestado dos modos mais diversos. Não ver que há uma associação entre o aumento da violência a crise e o projeto do Governo neoliberal que tomou medidas que nem o próprio memorando da troika contemplava e até as agravou, é viver um estado de fantasia política.

Uma panorâmica

08.06.15 | Manuel_AR

GUARDADO ESTÁ O BOCADO PARA QUEM O HÁ DE COMER



Em 25 de maio o ministro da Defesa, Aguiar Branco, anunciou que 6.088 militares vão ser promovidos (1.259 na Marinha, 3.304 no Exército e 1.525 na Força Aérea) durante o corrente ano que vão representar uma despesa de 6,8 milhões de euros, conforme previsto no Orçamento do Estado para 2015.


A 29 de maio o Conselho de Ministros autoriza a Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA)  a realizar a despesa relativa à aquisição de serviços para licenciamento e manutenção de software para os anos de 2015 a 2017 no valor de 6,55 milhões de euros. Esta despesa está relacionada com a utilização de TIC na saúde e na justiça, a par de uma atualização à Agenda Portugal Digital. A ATA passa assim a dispor de 7 milhões de euros (mais concretamente 6, 998 milhões) para esse tipo de encargos. Corta-se na despesa nuns para se dar para outros. Alguém vai tirar vantagens. Quatro anos de cortes em setores vitais para agora se esbanjar já no fim do mandato. Ou será que são despesas tão essencial que não podem esperar?


 


PAÍS DAS MARAVILHAS VERSÃO 2



Ao senhor irrevogável, Paulo Portas, não lhe falta lata, digo, descaramento. Estabilidade, garantias, bombar, e outros chavões de ocasião propagandística. Fala, fala mas ele está no barco quebra economias em foi imediato.


A coligação PAF, Portugal à Frente, não passa disso mesmo, uma Pafff… Paulo Portas ao ser uma réplica de Passos Coelho não passa disso mesmo uma Pafff. Segundo ele O País passou a ser um país das maravilhas como já o tinha sido no passado, por outros motivos, e como Passos Coelhos vem dizendo por aí.


Vejam só, Paulo Portas disse que conseguiu mudar "o ciclo económico" e hoje o "país está a crescer acima da zona euro, tem as "exportações a bombar" e o "investimento a disparar", há cada vez maior criação de emprego e, sobretudo, "confiança" na economia. Para ele, como já disse Passos Coelho, "Portugal é comparável às nações de maior prosperidade no mundo". Todavia há grupos que não vão participar desse milagre e vão ser deixados para trás.


O discurso desta direita não é, com certeza, para as classes médias é apenas para alguns. Está nos seus genes e não os pode mudar.


Não são mais do que ténues tendência dos indicadores macro económicos que, se houver um sopro no coração da economia global ou da União Europeia e no Euro, vai tudo por água abaixo. Não é por mérito do Governo mas devido às medidas tomadas pelo BCE, desvalorização do Euro e baixa do preço do barril do petróleo e outras que têm a ver com a conjuntura internacional.


Que milagre económico o país atravessa! É a prosperidade que chega. Mas se a coligação Pafff… ganhar as eleições vamos ver tudo como se nos estivéssemos a ver a um espelho. Nos espelhos planos, o objeto e a respetiva imagem têm sempre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro deve ser virtual. Isto é, coligação volta a ter o discurso de uma única alternativa, desmentir o que foi dito, afinal nada do que tinham dito é possível e bla… bla…


 


A DANÇA DAS CADEIRAS NOS MEDIA



A dança de cadeiras nos media controlados pela Newshold, proprietária dos jornais Sol e jornal i tem andado numa azafama agora em tempo de eleições e de campanha. O jornal i, mudou mais uma vez de diretor que deixou de ser Luís Rosa e o diretor adjunto Luís Osório vai ocupar o lugar de diretor executivo do jornal Sol. O novo diretor do jornal i passou a ser Vítor Rainho que era subdiretor do jornal Sol e terá como diretores-adjuntos Ana Sá Lopes e José Carlos Cabrita Gonçalves.


António Ribeiro Ferreira com pontos de vista de direita radical e que em tempo já foi diretor do jornal i volta, mas agora com a página de opinião estado de sítio.


O grupo Newshold de capital angolano detido por Álvaro Sobrinho e assumiu em setembro do ano passado a propriedade do diário "i". A Newshold entrou no capital acionista da Cofina que é dona do "Correio da Manhã".


Enfim, agitação nas hostes da imprensa de direita para se dar ares de pluralismo editorial ou um reforço à direita.


 


QUE BOM TER HAVIDO O CASO SÓCRATES


Jornais_Sócrates.png


 


Desde novembro de 2014 o caso Sócrates tem sido uma mina para os órgãos de comunicação social especialmente para a alguma imprensa que aproveita o filão. Quando as vendas baixam aqui vai, Sócrates para a frente como notícia de capa de jornais.


De outros casos nunca se ouve falar. Não vendem tanto. Será?


 


A JUSTIÇA É PARA TODOS


 


 


Fez-se justiça(?) para o antigo presidente do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, e outros dois ex-administradores da instituição, Salvador Fezas Vital e Paulo Guichard que foram absolvidos do crime de burla qualificada.


Rendeiro foi dispensado de estar presente em 5 de junho porque estava em Miami. Estão ou não a gozar com o povo acomodado?


Os investidores afirmaram que foram enganados quanto à operação de aumento de capital da Privado Financeiras. O feitiço vira-se contra o feiticeiro.


Todos uns santinhos!


 


EXIBIÇÃO DE RIQUEZA E GOSTO EM QUE NUNCA TOCARÁ



Nunca leio as crónicas de opinião de Vasco Pulido Valente publicadas ao sábado no jornal Público. O porquê não vem agora para o caso. Excecionalmente li a última mas nem sei o que me levou a tal.


Vale a pena clicar e aceder à crónica.

Os valores, a moral e a ética política de quatro anos de governo

07.06.15 | Manuel_AR

Etica e moral.png


Tinha em cima da minha secretária um livro que relata factos da política de meados do século XX. Resolvi folheá-lo e ler alguns extratos. Lá descobri algumas frases de reuniões, instruções e discursos pronunciadas por líderes da altura que inseri no final deste texto. Aquelas frases exprimiam um certo tipo de pensamento político de apelo à violência física e à dignidade das pessoas.


Para melhor se perceber a influência e a relação entre o que se diz em política e a formação de certos valores sociais partamos da seguinte suposição:


Numa aula de política eu dizia frente a jovens universitários o seguinte:


- Vocês não conseguem um emprego porque os vossos pais e outras pessoas estão instalados e a ocupar postos de trabalho que poderiam ser vossos.


Que valores pessoais, morais e sociais estaria eu a passar a esses jovens?


Estaria a disformar as suas mentes passando-lhes valores anti família e antissociais e ao mesmo tempo a contribuir para estimular uma “revolta” psicológica contra a família e outros setores da sociedade, podendo posteriormente a provocar clivagens sociais. Na prática estaria a estimular comportamentos de estigmatização dos seus progenitores por serem os responsáveis por não terem trabalho.


Voltemos novamente à questão da deturpação de valores que eu estava a transmitir aos jovens que tinha na aula à minha frente. Com uma atitude doutoral, convincente e de aparente credibilidade acrescentava sem qualquer outra explicação:


- Vocês, jovens, quando chegar a vez da vossa reforma, a pensão que irão receber será muito mais baixa porque os vossos avós, e pais se for esse o caso, estão hoje a receber pensões a mais do que aquela que deviam e não aceitam que sejam reduzidas para que no futuro vocês possam receber mais.


Imaginemos agora que entre esses alunos estivesse um Bart Simpson, o personagem do filme de animação “Os Simpsons”. O mais provável seria que ele batesse palmas e soltasse alegremente vivas. Com certeza haveria outros que, como a sua irmã Lisa Simpson, mais esperta, atenta, informada e refletida, em cuja educação lhes foram incutidos outros valores, não teriam concordado com nada do que eu tinha dito e, se pelo menos não me apupassem seria por respeito ou por pressão psicológica do grupo.


As mensagens que são passadas em política, podem vir a refletir-se na construção dum pensamento ao nível dos valores, da ética, da moral social e da filosofia de vida.


Face ao que Passos Coelho e alguns elementos do seu Governo e de partido têm dito por aí colocam-se então algumas questões que não são de somenos importância e merecem ser exigida uma resposta.


Que ideologia, que atitudes na política estão a pretender seguir ao proporem-se quebrar com toda uma cultura de solidariedade e de coesão social que são raízes na nossa cultura ao mesmo tempo que acicatam rivalidades inter-geracionais?


Que objetivos encobertos terão em mente que os conduzem a produzir tais afirmações tentando destruir valores consagrados em qualquer democracia da civilização ocidental?


Afirmam, e insistem, com grande aparato comunicacional que tudo está a melhorar, desde o crescimento da economia à diminuição do desemprego, da diminuição da dívida ao aumento do consumo, e que vivemos num Portugal em vias de ser uma maravilha e que todos os problemas têm sido resolvidos. O primeiro-ministro chegou a dizer para quem o quis ouvir que "Portugal é comparável às nações de maior prosperidade no mundo". Ao mesmo tempo fazem passar mensagens nas quais fazem subentender que não há solução senão banir, marginalizar e a excluir do tal apregoado crescimento um setor da sociedade que dizem ser causador de todos os males.


Apesar do atual contexto político não apresentar semelhança com aquela época que referi anteriormente levaram-me a fazer algumas conotações devidamente ajustadas à realidade portuguesa dos últimos quatro anos. Nenhuma das frases foi proferida em Portugal e, em regimes democráticos, hoje em dia, seriam impossíveis de ser pronunciadas, a não ser por movimentos radicais e extremistas que existem por esse mundo fora.


Contudo há mensagens subtilmente passadas em certas intervenções políticas que evidenciam determinadas atitudes e valores que perfilhadas cuja génese pode ser rebuscada no substrato das citações que selecionei.


Assim, através dum pequeno exercício intelectual que teve como base o que foi dito e feito por políticos em pleno exercício de funções durante estes últimos quatro anos de Governo, e após uma análise das citações, arrisquei fazer algumas conotações que, no domínio do simbólico, podem ser reveladoras de atitudes político-ideológicas semelhantes ao nível do subconsciente.


O conteúdo das frases citadas abaixo basta pode ser atualizado e transformado num discurso atual dissimuladamente democrático. Algumas são plenas de segregacionismo, defensoras da exclusão e de clivagens sociais conducentes à desvalorização e à quebra da coesão social.


As associações podem parecer exageradas e despropositadas mas deve ter-se em conta que o tempo político em que as frases originais foram proferidas foi outro, e que, posteriormente, muitas das ideias políticas foram-se alterando, subtilmente adequando e os seus discursos dissimulados. Ao longo da história da primeira metade do século passado alguns líderes ocuparam o poder que lhe foi dado pelo povo, graças às mensagens que transmitiram através dos seus discursos empolgantes que começaram primeiro por ser ideias plenas de promessas e glórias nacionais mas rapidamente e em crescendo, foram-se transformando em apelos intoleráveis.


Veja-se então as ditas associações a partir das frases citadas:  



  • “…Vamos agora enfrentar a tarefa de repartir o nosso bolo segundo as nossas necessidades, de modo a podermos: em primeiro lugar, dominá-lo; em segundo lugar administrá-lo; e em terceiro lugar, explorá-lo.”


Comentário:


Esta frase nunca foi proferida nem escrita pelos nossos políticos mas podemos supor o bolo como sendo um Orçamento de Estado que poderá ser será elaborado de modo a que haja transferências de uns setores para outros que deles beneficiarão. Normalmente os que são beneficiados são sempre aqueles que utilizarão os impostos pagos por todos para benefício de apenas alguns e prejuízo de muitos, que se manterão ou serão lançados para a retaguarda da sociedade. Isto porque a distribuição da maior parte dos recursos, nomeadamente os financeiros que, sendo escassos, privilegia cada vez mais através do processo de transferência outros setores já de si privilegiados. Quer dizer, estão a ser retiradas efetuadas da classe média e baixa para as camadas sociais mais ricas, não só através do Orçamento de Estado mas também por outras vias.


Alguns casos exemplificativos:


O desemprego dos dois membros de um casal, ou de apenas um deles, gera uma perda de rendimentos que os torna incapazes de manter os compromissos que tinham assumido. A compra duma habitação, concretizada no pressuposto de manterem ao longo da vida alguma estabilidade financeira que lhes possibilitava cumprir os seus compromissos, numa situação de desemprego viram-se repentinamente sem recursos para garantir o compromisso contraído com a aquisição da habitação. O não cumprimento da obrigação tem como consequência a entrega da casa. Esta é então adquirida a pronto por quem tem recursos financeiros enriquecendo o seu património. Poderão alguns dizer que em vez de se comprar uma habitação teria sido preferível alugá-la. O problema mantinha-se mas doutra forma, o rendimento dessa família ou pessoa singular, nas mesmas circunstâncias anteriores, continuava a não ser suficiente para assumir o compromisso do pagamento da renda.


Numa situação de desemprego ou de corte nos rendimentos (corte salarial por ex.) mesmo tendo habitação própria e sem qualquer dívida o aumento do valor do IMI pode ser tão elevado que possa ser incomportável o seu pagamento pelo que pode haver o perigo da perda da habitação em caso de incumprimento. O mesmo se passa com outros setores da sociedade, sejam eles reformados, aposentados ou pensionistas que, vendo-se privados de parte de rendimentos devido a cortes vêm-se obrigados a desfazer-se do seu património que passa para mãos oportunistas.


São apenas alguns exemplos de situações de pessoas, descritos com linguagem simples e não codificada que é utilizada por aí com o objetivo de evitar a sua compreensão por parte da população que vive num país onde lhe dizem que está tudo muito melhor e a correr como previsto. Será que um país existe sem as pessoas?



  • “As ações contra nós apresentam algumas vantagens: permitem exterminar quem quer que se nos oponha”.


Comentário:


Manifestações de protesto, greves, oposição popular e de trabalhadores a decisões tomadas pelo poder foram enfraquecendo. A retirada de regalias e direitos, cortes de salários e pensões, contribuíram para que quaisquer atividades reivindicativas da população fossem neutralizadas quer pela incapacidade anímica e física, (os idosos em estado de aposentação ou reforma, não têm capacidade reivindicativa nem lóbis), quer por incapacidade financeira, quer ainda por receio do risco de perda do posto de trabalho.


Veja-se este caso verídico passado nos anos oitenta quando a democracia estava em fase de consolidação e ainda havia alguma instabilidade política. Numa empresa privada onde na altura era eu diretor dum departamento que reportava à administração. Um dos meus colegas, também diretor de outro setor, quando tinha algum trabalhador que se lhe dirigia ao gabinete para fazer quaisquer pedido de aumentos salarial ou outra reivindicação qualquer, recostava-para trás na sua cadeira, abria calmamente uma das gavetas da secretária, retirava dentro dela um conjunto de papéis olhava para o funcionário e dizia: “olhe isto são tudo pedidos de emprego para lugares como o seu, portanto já sabe, faça o que entender.”.



  • “Deve fazer-se todo o possível por promover a difusão do terror, que é o único meio de eliminar na população a vontade de resistir”.


Comentário:


Na estratégia utilizada amiúde em situação de maior crise de oposição a medidas impopulares o terror é substituído pelo medo que se transmite à população para a amedrontar. Todos nos recordamos a proveniência de palavras e pequenas frases como estas: “cuidado com os mercados”, “podemos perder a credibilidade”, “podemos a ter que voltar a ter outro resgate”, “não há dinheiro para pagar salários e pensões”, “aqueles são os mesmos que nos conduziram à vinda da troika”, “as propostas deles são para voltarmos ao despesismo”, ”cuidado que eles são a instabilidade”, "a troika pode voltar", etc., etc., etc..


Um à parte:


Ainda hoje, domingo 7 de junho, Paulo Portas aplicou a estratégia do medo quando  durante uma intervenção no encerramento do IX Congresso Regional do CDS-PP/Açores, na Madalena, ilha do Pico disse que Portugal arrisca voltar à bancarrota com o PS.


Há ou não alinhamento com o que acabei de escrever?


 



  • “…A piedade e a brandura são sinais de fraqueza e constituem um perigo evidente.”


Comentário:


As associações que podemos fazer são várias mas há uma que se adequa perfeitamente e que se resume apenas em algumas palavras.


Apesar dos vários escândalos como as listas Vip, "os submarinos", o caso das declarações e das dívidas de Passos Coelho à Segurança Social, o caso da justiça com o Citius, os vistos Gold, as "swapps", entre outros, não houve quaisquer responsabilizações políticas nem o Governo tirou delas quaisquer ilações. Apenas se tentava responsabilizar e culpabilizar os funcionários de base do processo.


Em todos os casos Passo Coelho e o seu Governo seguiu o princípio de que a brandura, podendo ser substituída aqui por cedência, é sinal de fraqueza e constitui um perigo evidente para a credibilidade do Governo, para o seu enfraquecimento e de seguida para a perda do poder. Neste caso não procedeu a quaisquer demissões, nem ele próprio apresentou a sua, porque isso seria sinal de fraqueza e resolveu aplicar a isso tudo o princípio da impunidade.



  • “Só poderão receber a quantidade de alimentos que a restante população puder dispensar, e em caso algum mais alimentos do que os indispensáveis para assegurar a sobrevivência.”.”Estas rações devem continuar a ser ministradas até poderem entrar em vigor medidas mais intensivas…”.


Comentário:


Esta citação é uma das mais radicais em termos sociais. É um despacho de natureza política e social que coloca alguns setores da sociedade dependentes daquilo que outros não necessitem, neste caso alimentos de que precisem apenas, e só, para se manter a sua sobrevivência até novas mediadas mais radicais serem tomadas. As tais “rações que devem a ser ministradas até poderem entrar em vigor medidas mais intensivas”, no contexto e no tempo em que elas foram produzidas não fariam hoje sentido.


Claro que em Portugal não foi feito nem emitida qualquer legislação ou despacho neste sentido, nem tal, em democracia seria tolerável. Todavia há outras formas mais habilidosas e menos evidentes de o fazer. Exemplo? Destruição progressiva do Estado Social é uma delas, cortes de pensões, cortes nos salários, cortes nos subsídios de desemprego e de outra natureza destinados à manutenção da dignidade pessoa e social, desemprego forçado, etc., são medidas restritivas.


No Portugal atual as medidas intensivas são de outro molde e mais suaves mas que, no nosso contexto político e social, são evidentes com a subida da abertura de cantinas sociais em flecha, aumento do apoio financeiro que o Estado tem que dar a instituições privadas de solidariedade social, bancos alimentares, todos eles que têm tido cada vez mais procura.


Quer se queira, quer não, hoje em dia estas medidas são intensivas. A mais radical, e talvez já pensada por alguns de certas áreas políticas, mas sem coragem sequer para as propor seria a eliminação de todos e quaisquer apoios sociais de vez, o que não seria praticável porque isso a manifestações populares de revolta que levariam à tomada de medidas que podem ser sintetizadas na seguinte citação:



  • “Devem esforçar-se por manter a ordem não mediante pedidos de reforço, mas sim mediante o emprego dos métodos draconianos mais apropriados”


Quem estiver para isso que tire as suas próprias conclusões.


Se elas forem concordantes com o que se tem passado nestes últimos quatro anos de Governo então espere pela sua vez.


E por aqui me fico.


 


Referências:


Gibert, Martin. 2015, A Segunda Guerra Mundial, Vol. 3, Lisboa, Publicações D. Quixote/Jornal Expresso.

O mar na campanha eleitoral

06.06.15 | Manuel_AR


Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 


 


Começo esta crónica com parte do poema "Mar Português" de Fernando Pessoa que tem a ver com a Cimeira Mundial dos Oceanos 2015, organizada pelo grupo The Economist, na Cidadela de Cascais em que participaram o Presidente da República, Assunção Cristas, ministra da Agricultura e do Mar, e o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva.


O Presidente da República tem andado ultimamente muito preocupado com as questões relacionadas com o mar e os seus recursos agora precisamente já para o fim da legislatura acrescentada com mais uns mesitos do Governo que ele apoia.


Nunca se viu o Presidente Cavaco Silva preocupado com este tema enquanto primeiro-ministro dos Governos PSD durante dois mandatos 1987 e 1991 e, mais recentemente, no seu primeiro mandato de Presidente da República.


Agora vem evidenciar a importância do mar, assunto a que não prestava grande atenção.


É uma nação marítima" disse no encontro fazendo notar que o país tem uma das mais extensas zonas marítimas do mundo e também que é necessário ter também em atenção o excesso de pesca e a sustentabilidade da aquacultura. Talvez tenha sido por isso que quando foi primeiro-ministro tenha contribuído para a destruição da nossa frota pesqueira.


Dizia Pedro Tadeu, num artigo de opinião no Diário de Notícias em 2012, "A ironia é ter sido Cavaco Silva primeiro-ministro que assistiu ao desmantelamento da frota pesqueira nacional num estranho e antipatriótico investimento na paragem de produção, subsidiada pela Europa. E mais adiante "aceitou ou se conformou com a lenta fragilização do que foi um gigante da construção e reparação naval, o conjunto Lisnave/Setenave, reduzido hoje aos estaleiros da Mitrena, modernizados, é certo, mas sem a capacidade dos tempos em que os estadistas, do Estado Novo à República saída do 25 de Abril, lá iam cortar fitas e discursar sobre aquilo que designavam como orgulho nacional. Destruiu-se esse polo industrial, no final dos anos 80, e atiraram-se para a fome, literalmente, milhares de famílias no distrito de Setúbal, que atravessaram uma crise que só começou a aliviar quando, a meio da década de 90.


Está agora o senhor Presidente tão preocupado com o mar, com os seus recursos e com a sua importância económica para Portugal.


Faz-me pensar que no limite talvez queira que se privatize a nossa plataforma continental e se venda ao Estado da República Popular da China, investidor angolano ou qualquer outro que, com o pretexto de atrair capital e investimento estrangeiro ao qual depois se lhe perde o rasto.


Bem podem agora vir falar da importância do mar na economia, como se tratasse de uma preocupação e uma grande iniciativa da Presidência da República ou deste Governo, mas que não é.


A adoção por Portugal, duma política integrada e abrangente na governação de todos os assuntos do mar já tinha sido contemplado no Programa do XVII Governo Constitucional e tinha sido objeto da Resolução do Conselho de Ministros 128/2005, de 10 de Agosto, que criou a Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (EMAM) e deu corpo à necessidade de adoção, por Portugal, de uma política integrada e abrangente na governação de todos os assuntos do mar, alicerçada numa estratégia transversal e multidisciplinar, contemplada no Programa do XVII Governo Constitucional.


Posteriormente a Resolução do Conselho de Ministros 163/2006 aprova a Estratégia Nacional para o Mar que esteve em discussão pública e anexa o documento final que esteve em discussão pública.


 


Quem não sabe é como quem não vê.


E termino alterando o sentido do dois primeiros versos do poema:


Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São aproveitamento eleitoral Portugal! 

Mais do mesmo ou o que diz que faz mas não fará

03.06.15 | Manuel_AR

Nem na paz e no sossego da calma do campo da Beira Interior, com o silêncio do campo, o chilrear dos passarinhos durante o dia e agora que é de noite o cintilar das estrelas, não consegui libertar-me da político-dependência. E hoje muito menos. Foi dia da apresentação do trabalhinho das crianças da coligação a que foi dado o nome de apresentação preliminar do programa para os próximos quatro anos.


Mas porque lhes estou a chamar crianças? A justificação é dada neste mesmo local no “post” com o título “Onde está ó verdade que não te vejo”


A apresentação do grupo de trabalho destas crianças foi a maior seca de sempre e jamais ouvida em apresentação de programas, a não ser em congressos partidários. Começou um pouco após as 20 horas e durou até quase às 21,30 horas. Muitas frases feitas, imensas palavras, muitos desejos, muitas intenções mas nada de novo.  Em síntese, nada de novo na frente ocidental que é, em termos que toda a gente entenda, o mesmo que fizemos e vamos continuar a fazer o mesmo porque está em causa a estabilidade. Como vão pagar o que devem e o juros não disseram, mas isso também não interessa nada.


Lá para 2019 (repare-se se a coligação ganhar, salvo seja, terminará o mandato nesse ano) será tudo uma maravilha:


Lá para 2019 serão repostos, pouco a pouco, os salários da função pública.


Lá para 2019 será retirada, pouco a pouco, a taxa extraordinária do IRS.


Lá para de 2019 será, pouco a pouco, bla, bla, bla…….


Dizem não fazer promessas com um ar de credibilidade e cheios de convicções.


O que se tira das horas gastas com palavras dos propagandistas de feira entre os quais Morais Sarmento foi a grande vedeta.


Paulo Portas, o mesmo de sempre, com as anáforas do costume (repetição da mesma palavra no início de frases diferentes), para salientar o seu pensamento limitou-se apenas a falar na economia e no crescimento e indiretamente a atacar o projeto apresentado em pormenor pelo Partido Socialista. Isto é, o Governo faz oposição em vez de apresentar projetos. Enfim, campanha eleitoral no seu melhor.


Quanto ao primeiro-ministro Passos Coelho mostrou, também no seu melhor, a sua vocação de mestre-escola e de propensão vocacional para fazer formação em uma qualquer Tecnoforma que por aí apareça e o convide.


Tudo em Portugal está uma maravilha e prevê continuar a estar ainda mais. A economia está em franca expansão, o desemprego está a baixar, os que emigraram podem regressar porque há trabalho para todos, e muito mais. Acrescenta ao rol, tudo aquilo que vai fazer mas que há muito por outros já foi feito.


Muitas palmas dos adeptos convivas e convidados. Pois mal ficaria se, como numa partida de futebol, os adeptos não dessem vivas ao seu clube.


Quanto a pensões nada de novo, piorou o que ainda não esclareceu.


Quanto aos 600 milhões de euros “tá quieto ó mau”, nem sombra de assomo.


Em suma muita parra e pouca uva.


O programa, digo programa preliminar de governo que é uma cópia fiel do DEO, Documento de Estratégia Orçamental, enviado para Bruxelas mas em formato de campanha eleitoral, revisto e melhorado para português engolir.


Com muito menos palavras já Passos Coelho já no passado tinha dito que não fazia e fez. Hoje, com muito mais palavras, diz o que vai fazer, que será o mesmo que já fez, e que fará o que diz que vai fazer. Mas nós sabemos que não fará.


Quem quiser acreditar neles e lhes der o votinho faça favor, esteja à vontade, mas depois não diga que não sabia!

Onde estás, ó verdade, que não te vejo

01.06.15 | Manuel_AR

António Costa tinha dito, já há algum tempo, que apresentaria o seu programa no princípio de junho, o que fará no próximo fim de semana.


Hoje Passos Coelho anunciou que vai apresentar o programa de Governo na próxima quarta-feira e que o definitivo só será apresentado lá mais para a frente.


Isto parece uma competição entre crianças para ver quem apresenta primeiro o trabalho, com a diferença de que, neste caso, a segunda criança tenta enganar o avaliador que somos nós. Porquê enganar? É uma pergunta pertinente que merece uma resposta apropriada. É que a proposta do programa da coligação não vai contemplar todos os pontos, e vai ser omissa em vários outros.


Um em que vai ser omisso, porque nada irá referir sobre eles, é o corte dos 600 milhões de euros sobre os quais Maria Luís Albuquerque e Passo Coelho lançaram uma grande confusão, quem sabe se não foi propositadamente. Os 600 milhões eram para cortar nas pensões mas o primeiro-ministro já disse que não vai apresentar nada sobre a reforma da Segurança Social, e o corte dos 600 milhões de euros, que será ou não nas pensões.


Mas veja-se a desfaçatez, passa o tempo a dizer nas palestras que prolifera por aí (já cansa) que só fará qualquer reforma na Segurança Social após as eleições e com o Partido Socialista. Não se percebe qual o objetivo.


Será que Passos Coelho, quer fazer crer aos eleitores que podem votar neles porque vai haver consenso com o PS se a coligação ganhar? Será que alguém percebe? Em matéria de corte das pensões em pagamento António Costa e o Partido Socialista já foram bem claros não há nada a consensualizar com a coligação.


Há muita coisa dúbia, nebulosa e omissa sobre o que a futura coligação irá fazer e que não irá constar no seu programa de Governo. Pretendem que os eleitores coloquem uma assinatura de cruz sobre o que pretendem fazer. Votar apenas em intenções é o que é. Mas disso já tivemos a nossa dose desde 2011 e ficámos fartos.


 


Onde estás, ó verdade, que não te vejo?


Apareces por entre as brumas da memória mas não te distingo.


Surges tão nublosa no caos das mentira e contradições,


Qual nevoeiro impenetrável pelos meus faróis.


Dai-me, senhor dos ventos, uma brisa que o desfaça,


Para, ao menos, distinguir onde te encontras, ó verdade, no caos das mentiras e contradições!

Vira o disco e toca o mesmo ou, ora agora viras tu ora agora viro eu

01.06.15 | Manuel_AR

 


Cavaco_Passos.png

O senhor primeiro-ministro Passos Coelho, no seu périplo propagandístico pelo país, acena com números e mais números, sempre positivos, claro, que as estatísticas vão deitando cá para fora. Eu sou um adepto fervoroso das estatísticas como indicadores sociais, económico e outros mais mas, daí tomar os números referentes ao país no seu todo como se eles correspondessem exatamente ao país real e às pessoas vai uma longa, longa distância.


Por sua vez o apoio descarado do senhor Presidente da República ao Governo de coligação PDS/CDS continua. Utilizando os mesmos chavões de Passos Coelho, ou será o inverso? Diz agora que “Precisamos de um Governo que tenha apoio maioritário na Assembleia da República” para o “cumprir as regras comunitárias, no que diz respeito ao controle do défice orçamental, sustentabilidade da dívida pública e também no que diz respeito às reformas necessárias para a competitividade da economia portuguesa.”.


Claro que o senhor Presidente não diz qual o partido ou partidos que devem constituir o tal apoio maioritário, mas a sua ideia, com certeza, deve ser uma maioria absoluta dos partidos que apoia para obter uma continuidade de acordo com as regras que indica. Isto é, prosseguir e agravar as políticas seguidas durante os últimos quatro anos. Pois então! Assim é que é!


Para bom entendedor meia palavra basta.


Mas, senhor Presidente, parece que foi durante este seu Governo, desculpe, durante este Governo que a dívida pública em percentagem do PIB passou de 96,2% em 2010 para os 130,2% em 2014.


Até parece que o senhor Presidente da República Cavaco Silva, e o seu primeiro-ministro Passos Coelho, estão ambos em propaganda eleitoral e em sintonia de objetivos. O primeiro-ministro, em vez fazer oposição às oposições, nomeadamente ao PS, deveria apresentar-nos um plano detalhado do que vai ser feito pelo seu Governo se por acaso ganhar as eleições. Ou será que já tem a certeza de que vai perder e já nem vale a pena apresentar qualquer programa de Governo?


O senhor primeiro-ministro com tanta coisa boa que diz estar a acontecer no país, e outras tantas que antecipa, mas que por cautela não promete, pretende convencer os portugueses, mas eles ainda não esqueceram o que no passado disse e o que fez depois e sabem o que lhes aconteceu. Por isso, já sabem tudo sobre trapalhadas, mentiras e promessas vãs e não querem que tal volte a acontecer apesar das palestras do tipo mestre-escola que faz ou possa vir a fazer.


 

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