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O desespero pela previsível perda das eleições legislativas leva Passos Coelho a fazer intervenções caricatas. Num jantar conferência no concelho de Leiria em mais uma iniciativa eleitoralista, questionado por um presente sobre o reajustamento do Estado, Passos adiantou uma frase excecional dizendo que "O Estado emagreceu e emagreceu consideravelmente em múltiplos aspetos, mas precisa ainda de emagrecer um bocadinho mais, embora agora de uma forma mais inteligente". Isto quer dizer que, segundo Passos Coelho, até hoje o emagrecimento do Estado foi feito de forma menos inteligente, mas que a partir de agora é que vai ser feito de forma mais inteligente.
O Governo em funções encontra-se mais preocupado com ações e tomadas de decisão eleitoralistas do que em resolver problemas do país.
Tendo em vista as eleições Passos Coelho, pavoneando-se por todo o lado, tenta mostrar, sem o conseguir, que é um primeiro-ministro humanista dum país em crescimento e sem problemas. Ele ainda não se convenceu que estamos fartos dele e de o ver e ouvir nos ecrãs das televisões.
Continua a fazer dos portugueses parvos e alarves e mostra-o fazendo com que o seu Governo volte atrás com decisões tomadas anteriormente. Veja-se o caso do corte nas horas extraordinárias, tão combatidos pelos sindicatos e em que o Governo recua numa medida que era então justificada como sendo boa para o emprego e para a competitividade das empresas. Claro que, como seria de esperar, os representantes das entidades patronais reagiram negativamente à medida. Não está em causa a medida não ser boa, mas o de ser mais uma cenoura que o Governo acena aos trabalhadores para obter mais uns votinhos levando-os a pensar que foi em defesa dos seus interesses que a medida foi tomada. Ilusionismo eleitoral!
Está bem de ver que os alemães estão bem satisfeitos com a política seguida por Angela Merkel, quer no país, quer no que se refere à sua política na União Europeia. Nem outra coisa seria de esperar. Tendo conseguido dominar e controlar a europa através da economia e com uma política de austeridade excessiva aplicada aos estados soberanos do sul, a quem chamou preguiçosos, é natural que a estima dos alemães esteja no auge.
As previsões de crescimento da Alemanha têm sido revistas em baixa com 1,4% do PIB em 2014 e 1,5% em 2015, a maior da União Europeia. O baixo desemprego e a defesa intransigente dos interesses nacionais durantes estes últimos anos contribuíram para a popularidade de Merkel dentro de portas.
À semelhança de Portugal também há um senão no CDU-União Democrata-Cristã da Alemanha onde também se encontram infiltrados jovens radicais neoliberais que são representados por um deputado que poderá vir a candidatar-se a um dos lugares elegíveis do partido.
O Congresso da CDU-União Democrata-Cristã da Alemanha debate a economia e o futuro da Alemanha tema que serve para disfarçar o ámen às políticas de Angela Merkel o que consignou a sua reeleição como líder com uma larga maioria de votos de 96,7% a curta distância dos históricos 97,9 por cento obtidos no congresso de Hannover, em 2012 o que, na prática, não tem qualquer significado.
Foi a oitava vez que Merkel foi eleita para a chefia do partido, que lidera desde 2000. O resultado foi o segundo melhor de sempre.
Com Merkel bem posicionada na Alemanha nada faz supor qualquer mudança na política europeia já que, no seu partido e no país, há um grande consenso daí a popularidade. A austeridade ao modo Merkel será para continuar sobretudo nos países do sul.
A União Europeia é dela, o resto são balelas e assim será, até que os países do sul cheguem a um consenso sobre as políticas a prosseguir para lhe poderem fazer frente, o que não será possível porque há governos subservientes em alguns desses países que se lhe submetem com subserviência.
A detenção de José Sócrates foi uma espécie de lotaria para comunicação social, nomeadamente para certa imprensa que aumentou as vendas e, à custa disso, também os noticiários das televisões têm dominado as atenções. Os comentadores e os entrevistadores pretendem brilhar colocando avidamente aos entrevistados as mesmas questões, até à exaustão, sobre Sócrates.
Já agora é de recordar à mesma comunicação social como se encontra o caso do BPN sobre o qual não tem sido violado o segredo de justiça e a comunicação social já nem dá cavaco? Ou será que enterraram definitivamente o processo e a culpa morreu solteira. Este processo parece ter caído nos meandros da obscuridade. E os vistos gold? Será que estão bem e recomendam-se?
O segredo de justiça ao ser violado e direcionado para órgãos comunicação preferido pelo seu violador deu lugar ao espetáculo mediático que se sabe. Não há revista nem imprensa que não esmiuce a vida de um cidadão que teve a particularidade de ter sido um primeiro-mistro de Portugal. Se bom ou mau, isso já pertence ao foro de apreciação no domínio da execução política. Se praticou, ou não, atos ilícitos isso é do foro da investigação judicial e da aplicação da justiça.
A manipulação da opinião pública é evidente, e os manipuladores que por aí proliferam são mais que muitos. Vejamos como podemos caracterizar os manipuladores sejam eles jornais, televisões, comentadores e "fazedores" de opinião:
Culpabilizam o alvo antes de qualquer acusação, fazendo sair rumores, suspeitas e indícios em nome da justiça.
Culpabilizam outros em nome de uma qualquer ligação sentimental, de amizade ou consciência profissional.
Dissimulam ódios pessoais sobre determinadas pessoas através de comentários e opiniões sobre factos sem que, na realidade, nada se comprove mas apresentam-se como pessoas idóneas e isentas.
Ilibam-se a eles próprios colocando a responsabilidade em outros e colocam-se acime de qualquer suspeita.
Comunicam as suas opiniões de forma clara sempre que as mesmas possam atingir outro ou outros e procedem contrariamente sempre que eles ou os interesses que representam são postos em causa.
Em entrevistas ou debates sobre questões que digam respeito a partido político da sua simpatia ou grupo de interesses responde de forma vaga ou confusa.
Emitem opiniões sem função de pessoas e situações presentes sem atenderem a quaisquer princípios morais ou éticos.
Evocam a perfeição que deveria existir nos visados esquecendo-se deles próprios.
Um dos casos, há muitos outros, é o de João Miguel Tavares que defendeu no jornal Público que diz que "os fazedores de opinião" deveriam culpar Sócrates porque "ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios.".
É o velho ditado popular de que "não há fumo sem fogo". Só que, muitas das vezes, culpabiliza-se antes o que, depois, se verifica ser apenas uma fumaça que se esvai com o vento.
Não se trata de saber, agora, se José Sócrates é, ou não, inocente. Não se possui informação suficiente e fidedigna até ao momento, a não ser a que sai na imprensa a conta-gotas e cuja credibilidade das fontes se desconhece. Trata-se de proceder à exploração das emoções mais primários das pessoas, aproveitando a desinformação, para servir outros interesses, colocando de lado toda e qualquer ética e moral.
Claro que em questões de opinião, para Tavares, vale tudo. O ódio de João Tavares para com José Sócrates data de 2010 quando este interpôs um recurso contra o jornalista por causa de um artigo de opinião posteriormente considerado improcedente pelo Tribunal da Relação de Lisboa, cujo acórdão dizia que "o texto em causa é um mero artigo de opinião e não uma notícia ou crónica. Ou seja, é um texto no qual o autor apenas exprime uma opinião e como tal não está sujeito à regra da prova da verdade dos factos.". Ventos de ódio causados, é certo, pelo próprio Sócrates, que não soube enquanto governante lidar bem com a comunicação social.
O que faria ele se alguém colocasse um artigo de opinião, num qualquer jornal que a publicasse, dizendo que tinha descoberto uma série de indícios supostamente verdadeiros sobre João Miguel Tavares no exercício da sua profissão, apelando às emoções da opinião pública contra ele. O melhor que podia acontecer era colocar-lhe um processo em tribunal. Provavelmente não aconteceria nada. Ora aqui está onde queria chegar, isto é, categorizando um meu artigo como de sendo opinião poderia sempre, mesmo que nada tivesse provado, forjar indícios, vilipendiar, acusar, ou o quer que seja, sobre João Miguel Tavares que teria como quase certo poder ser absolvido. O certo é que tinha contribuindo para manchar o seu nome perante a opinião pública. Onde estariam então a ética e a moral?
Abriu a época da campanha eleitoral do governo. As inaugurações para português ver já começaram. Fazem-se discursos e intervenções com as mentiras e deturpações do costume destinados aos desprevenidos, acríticos e clubistas partidários que continuam a votar, mesmo nas circunstâncias mais agrestes, no partido em que sempre votaram. São os ferranhos e os adeptos clubistas. Nada a contestar isso é democracia e ainda bem que assim é. Mas a democracia dá-nos também a virtude de não sermos acríticos.
Enquanto se fecham unidades de saúde públicas por este país fora é inaugurada uma unidade hospitalar privada em Vila do Conde. É bom que assim seja e que haja investimento na saúde, mesmo que privado, a questão não está na abertura desses hospitais, mas a de saber quem poderá ser utente destes serviços. Pela certa será apenas destinado a alguns privilegiados da população que tenha posses para tal, os outros, esses irão para os hospitais do SNS cada vez mais degradados e sem condições.
Passos Coelho pretende rescrever a história recente deturpando factos. Por muito que repita que o Governo salvou o Serviço Nacional de Saúde o que a realidade confirma é que o SNS funciona cada vez pior e está pleno de fragilidades como nunca se viu e que, quem frequenta as unidades de saúde e hospitais pode confirmar na prática.
Quem não tiver rendimentos ou pensões para frequentar hospitais privados o SNS não contempla o seu acesso. O SNS está a caminho, dentro de alguns anos, da situação em que se encontrava antes de ser criado. Uma das melhores conquistas que o pós vinte cinco de abril trouxe aos portugueses está em riscos de retornar ao passado triste dos anos 50 e 60 se nada for feito para o travar.
Uma amiga minha com formação superior emigrada no País de Gales e que levou a família, esteve à pouco tempo em Portugal e afirmou: "Não se pode estar doente neste país? Larguei em medicamentos da cáca perto de 50 euros. Como aguentam vocês? Há quase 5 anos que não gasto um tostão em medicamentos. Estou mal habituada. Fiquei chocada com os preços .".
É este o país no qual Passos diz que evitou o colapso do SNS.
Quem ler este texto poderá associá-lo de imediato ao caso Sócrates, mas não, ele deve ser associado a todos os casos que têm vindo a público nos últimos anos de modo a fazer um exercício de analogia entre a mediatização da justiça no final da Idade Média e a do século XXI.
Na Idade Média a aplicação da justiça e os autos de fé inquisitoriais eram espetáculo e objeto de encenação. A justiça medieval era executada publicamente junto ao pelourinho, com assistência do povo que gritava, ululava e apupava e, não raro, aplicava-a por próprias mãos através de apedrejamentos e outras torturas da época.
Ainda hoje, mulheres e homens são apedrejados até à morte segundo a lei islâmica, também ela medieval.
Os numerosos pelourinhos, símbolo da justiça medieval, que ainda hoje existem como monumentos históricos, a maior parte deles surgem aproximadamente no século XVII, posteriores à época manuelina, já lá vão mais de 400 anos. O pelourinho era o lugar público de uma cidade ou vila onde muitas vezes se puniam e expunham os criminosos julgados, algumas das vezes sumariamente.
Na era das tecnologias da informação e da comunicação os órgãos da comunicação social tem-se encarregado de substituir os pelourinhos concentrando as atenções não apenas num espaço circunscrito de uma vila ou de uma cidade mas ao nível de um país mesmo antes de haver qualquer julgamento é feita a condenação pública.
Fazem-se e promovem-se julgamentos nos pelourinhos da comunicação social. Falam em fugas de informação. Na época medieval a fuga de informação eram os arautos que levavam às populações a notícia do espetáculo da aplicação da pena. Eram a comunicação social da época. Tradicionais boateiros e mensageiros percorriam aldeias, vilas e cidades para darem as notícias que, não raras vezes alteradas e amplificada por transmissão verbal oral sucessiva, chegavam ao destino final com um ruído comunicacional que nada tinha a ver com a ocorrência real do facto.
No século XVII Pascal disse que "o afeto ou o ódio mudam a face da justiça". Hoje confirma-se este pensamento e pode acrescentar-se que, potencialmente, a comunicação social pretende mudar a face da justiça face ao exterior para a poder influenciar.
Na era da comunicação há os que, clandestinamente, veiculam as informações para os mensageiros as poderem colocar a justiça na praça pública através de grandes encenações de espetáculo informativo. São uma espécie de autos de fé medievais ao sabor da aldeia global.