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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

A Deus o que é de Deus e a César o que é de César

30.10.14 | Manuel_AR

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É uma leitura possível de um acontecimento que parece tornar evidente a promiscuidade entre alguns sindicatos, nomeadamente com a central sindical UGT, Passos Coelho e o governo. Pela primeira vez assisti pela televisão em 28 deste mês a uma sessão do seminário "Diálogo Social pela Educação e Formação - estratégias de intervenção e concertação para o desenvolvimento e o emprego", por ocasião do 36.º aniversário da UGT, para o qual foi convidado Passos Coelho que, pela primeira vez, foi aplaudido pela assistência. Resta saber que assistência. É tão mais patético quanto foi este primeiro-ministro que destruiu e contribuiu para o desnível das relações laborais em benefícios das empresas. Esclareça-se que nada tenho contra as empresas privadas, antes pelo contrário, o que acho é que cada qual no seu galho.


Lá estavam presentes, também, dirigentes sindicais que se dizem defender os trabalhadores que representam. Lá estava Carlos Silva ao lado de Passos e, pasme-se, também de Nuno Crato, claro, ou não se denominasse o seminário “Diálogo Social pela Educação e Formação”. Se foi o primeiro que convidou os segundos ou os segundos que convidaram o primeiro, para o caso é indiferente. Eu sou dos que acham que, nestas situações, a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.


Os trabalhadores de qualquer setor, seja público ou privado, podem confirmar agora com que contar durante as negociações e que confiança podem ter naquela gente que diz defender os seus interesses. Terá sido um agradecimento ao primeiro-ministro pela voluntariedade que demonstrou pelo aumento do salário mínimo? Agora se percebe que, quando o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, diz que se opõe ao Governo de Passos Coelho não é mais do que fachada para enganar quem trabalha. Cortes, redução de férias, pagamento de horas extraordinárias em dias de descanso a metade do seu valor hora entre outras amabilidades em benefícios tudo foi negociado com a UGT em troca de um pseudo manutenção e criação de postos de trabalho, em empresas que acabam por fechar as portas, e posto de trabalho que não se criam ou então são precários.


Desde quando sindicatos convidam membros de um governo ou primeiros-ministros para atividades comemorativas seja do que for? Quando isso acontece não é mais do que um aval ao governo para a tomada de quaisquer decisões futuras. Com que cara se apresentará Carlos Silva?


Tendo em conta que Carlos Silva da UGT foi apoiante incondicional de António José Seguro durante as primárias no PS podemos fazer uma outra leitura para esta promiscuidade e que passa de uma certa forma por uma atitude provocatória  de desforra política normalmente designada por revanchismo tendo na mira António Costa. Ficámos agora a saber para onde José Seguro e Carlos Silva se encaminhavam conjuntamente.


À margem do seminário o secretário-geral da UGT veio tenta redimir-se ou, quiçá, assumido por um arrependimento súbito diz à lusa que “Achamos estranho que o secretário-geral da OCDE venha sustentar as teses que levam o Governo a continuar a apostar em políticas de austeridade para 2015, nomeadamente, para nossa estranheza e profunda crítica e desacordo, quando decidem suscitar a questão dos tetos para as prestações sociais que, pessoalmente, acho completamente estapafúrdio.”.


Será este o homem das duas caras do sindicalismo?

Dissonância cognitiva do governo

28.10.14 | Manuel_AR

Con selho de ministros loucos.jpg


 Maria Luís Albuquerque veio sobre o mesmo assunto dizer que foi dito aquilo que não foi dito. Mas afinal foi o que foi dito e não o que ela disse. Percebem o trocadilho?


Nem sequer merece a pena comentar em pormenor a intervenção do primeiro-ministro no encerramento das jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS onde Paulo Portas nem sequer apareceu. Foi uma intervenção digna para um comício do desvairo onde se ataca tudo quanto mexa, discorde e não apoie a sua política desvairada. Podermos comparar o desvairo do primeiro-ministro e do governo a um manicómio onde os loucos tomaram o poder e o governam.


Perdeu-se todo o sentido da realidade chamando inverdades às críticas que são feitas a tudo o esteja mal e sai do governo. Não admite a crítica e, todos quanto o façam, jornalistas e comentadores são mentirosos, preguiçosos e não estudam. Esquece-se dos deputados e comentadores do seu quadrante político, esses sim mentem com o propósito de confundir. Entrámos de facto no domínio do desvairo.


Veja-se o caso do Orçamento do Estado para 2015, quando surge na comunicação social, Jornal de Negócios, uma simulação, efetuada com base na proposta de lei aprovada pelo Conselho de Ministros no dia 16 de outubro seguida de uma conferência de imprensa onde não foi divulgada qualquer salvaguarda para aqueles casos, mostrando que as deduções no IRS prejudicavam as famílias sem filhos e com um filho.


A divulgação da simulação levou posteriormente a atabalhoadas intervenções e desmentidos pelo secretário de Estado anunciando uma salvaguarda para aqueles casos, isto, após já ter sido apresentado o projeto aprovado pelo Governo. Sem apresentar a proposta de lei o secretário de Estado tecendo um conjunto de afirmações e considerações sobre a reforma do IRS antes de divulgar a proposta de lei.


Maria Luís Albuquerque veio sobre o mesmo assunto dizer que foi dito aquilo que não foi dito. Mas afinal foi o que foi dito e não o que ela disse. Percebem o trocadilho? Mas Maria Albuquerque vai mais longe quando afirma que afinal os portugueses vão ter mais poder de compra porque as pensões não foram cortadas exceto as mais elevados e que os funcionários públicos recuperam poderem de compra porque parte dos salários não foram cortados. Descaramento ou esquecimento?


O Governo criticou de forma veemente o Tribunal Constitucional quando este se opôs, face à constituição, a cortes nos salários e nas pensões, mas agora vem na voz da ministra das finanças dizer que foi tudo por obra do Governo e deste orçamento que tal aconteceu. Será isto uma inverdade ou uma mentira?


Quanto a mentiras, considerações atabalhoadas e outras, o primeiro-ministro é pródigo e tem memória curta porque afinal quem mentiu foi ele quando estava ciente da subida ao poder que os portugueses lhe iriam oferecer de mão beijada, a ele e ao seu atual apoiante Presidente da República.


É tempo de desmascarar os embusteiros do reino.


Recordemos estas passagens de afirmações de Passo Coelho:



Estes senhores não têm qualquer respeito por quem os colocou no poder. Mentem, omitem, desmentem sem qualquer pudor a verdade, mudam o que não devia ser mudado apenas para dizer que mudaram, alteram, repõem, misturam, deturpam. Mais do que isto não é possível. Governo de loucos para loucos e parvos que julgam ser os portugueses, mas que não o são.


Nas trocas e baldrocas este Governo revela apenas uma dissonância cognitiva devido às inconsistências entre algumas experiências, crenças, atitudes que desencadeiam um estado desagradável que tentam reduzir reinterpretando algumas das suas decisões e experiências, a fim de as tornar consistentes com as restantes.


João Galamba, num artigo de opinião no Diário Económico afirma, que "O Orçamento do Estado para 2015 é um documento que lamenta o facto de o Governo não ter podido cortar toda a despesa que queria, mas que celebra os efeitos dessa impossibilidade. É um documento que se vangloria de devolver pensões e salários, mas que jura querer regressar aos cortes estruturais na despesa pública (leia-se salários e pensões). É um documento que diz praticar a ética social na austeridade e apoiar a família e a natalidade, mas que se propõe cortar 100 milhões de euros em prestações sociais para as famílias mais pobres, incluindo prestações sociais que não existem. Se queriam uma imagem de um governo esgotado e em dissonância cognitiva, aqui a têm."


Para Passo Coelho e o seu Governo estamos todos enganados, eles é que estão certos. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer.


Imagem de: https://wehavekaosinthegarden.wordpress.com/category/governo/

O Memoráveis de Lídia Jorge

27.10.14 | Manuel_AR

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Os "Memoráveis" de Lídia Jorge foi o livro da autora acabado de ler. É um romance baseado em acontecimentos verídicos. Ao longo da narrativa o leitor pode descortinar personagens de protagonistas ficcionados que viveram a revolução do 25 de abril de 1974.


As palavras ditas e as que não sendo ditas, ao tempo, o poderiam ter sido, foram transpostas de forma exímia para as falas dos personagens. Os locais e factos históricos daquela época entretecem-se com a recriação histórica de desilusões dos participantes que abriram o caminho para uma democracia. É um acordar da história refletindo ao mesmo tempo sobre a desilusão de uma revolução pacífica.


Para quem gostar de rever a história da revolução de abril através de memórias ficcionadas do real este é o livro que agradará.


 


 


 

Zombies

16.10.14 | Manuel_AR

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Há zombies que de vez em quando saem das profundezas predestinados a atormentar as vítimas sobreviventes dum regime em estado de decomposição, qual série televisiva "Walking Dead" onde os sobreviventes da destruição têm conhecimento limitado sobre o que realmente está a acontecer e lutam desesperadamente para se manterem.


Numa analogia com a série nós somos os sobreviventes que somos rodeados de informação confusa com que dia-a-dia nos confronta um Governo em estado de decomposição que nos arrasta também para um estado de mortos vivos. Veja-se o caso do Orçamento para 2015.


Mas agravando a situação o Presidente da República surge de vez em quando sorumbático a tentar inocular à população ameaçada pelo veneno zombie mensagens falaciosas tendo sempre em vista auxiliar o Governo zombie a branquear os seus elementos apesar da incompetência factual.


Estão desta vez em causa as declarações do Presidente da República sobre o desastre que está a ser o arranque do ano letivo.


Com grande pesar critica o que aconteceu na colocação de professores, todavia aligeira o facto dizendo que "alguns professores viveram tempos de angústia sem saberem onde é que iam trabalhar". O pormenor de "alguns" é relevante, claro que não foram todos, mas a utilização do advérbio é a minimização do facto. Não foi apenas a angústia de não saberem onde iam trabalhar, mas o também saberem se teriam ou não colocação, o de terem organizado as suas vidas em locais onde ficaram colocados vendo-se depois obrigados a ir para locais diametralmente opostos ou até de ficarem sem colocação após terem tido despesas.  


O senhor Presidente afirma que "estes problemas são recorrentes". Quem lhe terá prestado tal informação? Deveria ter conhecimento que nada de comparável aconteceu durante trinta e tal anos a não ser no tempo de Santana Lopes, um Governo de coligação do partido PSD com o CDS/PP quando era ministra da educação a também incompetente Maria do Carmo Seabra. Os problemas pontuais e ocasionais que tem ocorrido não têm relevância significativa e em nada são comparáveis ao caos destes dois. Portanto o senhor Presidente refere-se a coisas incomparáveis. Cavaco Silva sem querer denuncia-se e coloca-se no campo de presidente de alguns portugueses. Estrategicamente e sem se o explicitar apoia a degradação da escola pública que é um dos objetivos de Nuno Crato. A estratégia é conhecida, por tudo em estado de sítio para depois vir dizer que o ensino público está de tal maneira que é melhor privatizar. O mesmo para outras áreas públicas, o que leva a desconfiar que tudo isto não foi erro mas premeditação.   


Assistimos a mais uma tentativa de desculpabilização e apoio dado a este Governo pelo Presidente da República. Parece estar implícito que pelos vistos o Ministério das Educação não tem que resolver assuntos destes e pelo modelo de Nuno Crato nem deveria resolver nenhuns. A educação pública deveria implodir de vez e aí ele já não teria problemas.


De seguida Presidente comenta o modelo de colocação de professores justificando com o caso inglês (porque teve filhos a estudar em Inglaterra) a descentralização da colocação apoiando apoiar descaradamente a política deste ministro. Pede mais reflexão sobre um tema do modelo de colocação de professores que está mais que refletido para ganhar tempo. O senhor Presidente deveria saber que cada país tem a sua cultura própria e que a democracia existe naquele país há quinhentos anos. Por outro lado é um país onde os favoritismos e os compadrios são a exceção. Em Portugal um modelo de colocação de professores descentralizado, se não houver critérios bem definidos, poderá dar lugar a colocações por amizade, conhecimento ou outras formas.


Enfim são intervenções lamentáveis a que o senhor Presidente da República já nos vem habituando.

A fraude da sobretaxa do IRS

14.10.14 | Manuel_AR

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Uma fraude é um embuste e um ato de má-fé praticado com o objetivo de enganar ou prejudicar alguém. É um engano fraudulento de outrem para extorquir algo ou tirar benefício da ação. Quando digo a alguém me diz entrega-me provisoriamente durante uns tempos 500 euros depois eu devolvo-te o dinheiro é espectável que o sujeito a quem entreguei essa verba ma devolva passado tempo. Quando passado tempo me vem dizer: "Olha, só te devolvo o dinheiro quando me sair o euro milhões, mas tens que me ajudar para que isso aconteça.". Isto é um embuste.


A questão colocada pela ministra das Finanças relativamente à sobretaxa do IRS a prever no orçamento de estado para 2015 está a levantar polémica entre os fiscalistas. Segundo a referida ministra só haverá lugar a reembolso parcial da sobretaxa em 2016 desde que a receita fiscal arrecadada pelo Estado em 2015 fique acima da previsão feita pelo próprio Governo. Fixação de um limite para a receita fiscal e só a partir daí o aumento que se registar acima desse valor poderá ser reembolsado pelos contribuintes até ao limite da sobretaxa.


Primeiro pressuposto, o Governo conta desde logo que as suas previsões possam ser ultrapassadas.


Segundo pressuposto, não é líquido, nem é garantido que os dados de um trimestre em alta não possam ser revistos em baixa no trimestre seguinte. Se houver quebra na entrada de receitas só no final do ano haverá a certeza quanto ao montante a receber ou não, pelo que a informação trimestral dada ao contribuinte de pouco ou nada servirá.


Terceiro pressuposto a retenção do imposto matem-se da mesma forma, mas o montante reembolsado fica dependente dos resultados.


Qual é a segurança disto? Como se pode confiar que não haverá posteriores alterações? Que transparência fiscal é esta? Onde está o alívio fiscal que deveria ser mensal, e sentido pelas pessoas?


O reembolso do contribuinte depende de uma variável de incerteza e de imprevisibilidade. Isto não é forma de se lidar com os contribuintes no que respeita aos impostos. Os impostos pagos ou a reembolsar pelos contribuintes não se podem basar em imprevisibilidades.


Mais uma vez estão a dizer aos portugueses, tomem lá esta é pegar ou largar até porque vocês são estúpidos e aceitam tudo sem reclamar. E mais, estão a dizer aos contribuintes que se quiserem receber façam por isso e sejam mais insistentes e colaborem como fiscais das finanças no que respeita à invasão fiscal e, além disso, ainda têm a hipótese de ganhar um carro.


Isto não é mais do que um adiamento da diminuição para os cofres do Estado da receita da sobretaxa, supostamente decorrente de uma de uma alteração da taxa em 2015. Ora, estar a lançar esta medida para 2016 é vincular o próximo governo após eleições, seja qual for o partido que ganhe. É óbvio que a probabilidade de outro partido ganhar as eleições é grande pelo que é como se estivessem a comprometer esse governo.


 Tudo isto cheira a eis União Soviética ou a Coreia do Norte. No tempo de Salazar também havia uns indivíduos que andava pelas ruas a controlar quem tinha isqueiro para lhe perguntar se tinha licença e, se esse não fosse o caso, toma lá multa. Neste caso tem-se o toma lá carro se tiveres sorte no sorteio. De qualquer modo é capaz de ser mais fácil ganhar um dos pequenos prémios do euro milhões.

Sobre os escombros

13.10.14 | Manuel_AR

Escombros.pngNo domínio da restauração muitos empregos foram destruídos. Muitos dos restaurantes mais populares e frequentados pela classe média viram o seu fim com a diminuição do poder de compra e do aumento do IVA. Diziam então alguns elementos do governo e Passo Coelho que, os que não tinham condições para se manterem acabaria e dava lugar a outros. Muitas lamentações de proprietários de pequenos restaurantes e consequentemente os trabalhadores vinham na praça pública falar sobre as dificuldades que enfrentavam para poderem manter-se.  


Porém, ouviram-se e ouvem-se cozinheiros, desculpem-me agora são "chefs", proprietários de restaurantes de luxo, que estão sempre com a lotação esgotadas e marcações para vários dias preenchidas, dizer que, para eles, não tem havido qualquer problema, revelam alguns dos proprietários e "chefs" desses restaurantes onde duas refeições podem ficar em média entre os 120 e os 180 e mais euros. Podemos ver um indicador de que afinal há certos extratos sociais que ficaram sem sentir a crise e que não fazem parte do grupo que Passos Coelho afirmava que viviam acima das suas possibilidades. Entretanto, empresas abrem falência e Bancos a quem pequenos investidores confiaram as suas poupanças entram em insolvência deixando-os à mercê da sorte, enquanto administradores e proprietários que os destruíram continuam a gerir os seus negócios (?), até que a injustiça, até mesmo esta paralisada, faça o seu papel.


Pequenas memórias conduzem-me ao fim dos anos cinquenta quando por essa lisboa ainda existiam restaurantes que aceitavam comensais, normalmente pessoas que trabalhavam em serviços como bancos, companhias de seguros e no comércio que viviam sozinhas em quartos alugados ou pensões oriundos das migrações do interior para a grande cidade das oportunidades.


Recordo-me de alguns como o restaurante 1º de Maio, nome estranho para a época quando a censura controlava tudo. Atualmente existe no Bairro Alto um com o mesmo nome.


Outro encontrava-se na proximidade e localizava-se onde hoje se encontra uma loja da cadeia de moda "Shop One".


Nas ementas de quase todos os restaurantes constavam as costumeiras doses e meias doses para acomodar os estômagos e de acordo com as carteiras dos comensais. Como a abastança para pagar uma dose não existia estas eram partilhadas e divididas por dois. Hoje voltámos ao passado.


A partir dos anos oitenta a modalidade das meias doses começou a perder o seu lugar nas ementas, os preços disparam e passaram a ser referenciadas apenas com um preço por prato. Depois do aumento do IVA da restauração para a taxa de 23% associada à falta de poder de compra de grande parte da população, a quem foram cortados rendimentos e ser culpada de despesista e causadora da crise, teve como consequência a baixa da clientela e os restaurantes começaram a baixar os preços e começando a pôr em prática as desaparecidas meias doses e a implementar o modelo da ementa do dia a preços económicos.


Ao mesmo tempo restaurantes de luxo e de classificação superior continuaram a abrir e os em que já existem não se queixam da falta de clientes.


Novos restaurantes abrem e fecham passado tempo. Mantiveram-se os mais tradicionais na proximidade de locais frequentados por turistas estrangeiros e concentração de serviços e de comércio que ainda conseguem sobreviver à crise.


Aqui e ali abrem pequenos cafés e pastelarias de bairro muitas vezes em pequenos locais pouco maiores do que vãos de escada e sem condições, alguns deles abertos por desempregados sem formação na área na esperança de sobrevivência mas que passos poucos meses acabam por encerrar as portas por não comportam as rendas exigidas ou porque lhes falta clientela que prefere locais um pouco mais amplos e com condições.  


De acordo com o orçamento de estado para 2015 prevê-se a baixa do IVA de 21 para 23%. Comparativamente a taxa de IVA na restauração é muito díspar em vários países. Damos como exemplo as reduções na Grécia (de 23% para 13%), na Irlanda (de 13,5% para 9%), na Suécia (de 25% para 12%), e muitos outros, como o caso da nossa vizinha, e concorrente, Espanha com 10%. Veremos se isso de irá refletir no consumidor. Parece-me que não, a ver vamos.

O regresso dos papões

11.10.14 | Manuel_AR

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A sondagem da Aximage que o Jornal de Negócios publicou mostram resultados muito favoráveis a António Costa. Estes resultados são ainda muito precoces e muita coisa se irá ainda passar.


Ora, face a esta situação de popularidade de António Costa e do Partido Socialista, começam a despontar os arautos dos papões e o ciclo iniciou-se já com uma das aventesmas da política, António Barreto. Diz esta sumidade, que Costa deve ter cuidado com as alianças à esquerda dominada pelos comunistas e refere, pondo no mesmo baralho tudo qunto é esquerda do PS, misturando o Bloco de Esquerda e o Livre o que, para Barreto "põe problemas seríssimos" e "caminho perigoso ao estar a aliar-se a partidos comunistas". Mas quem lhe disse a ele que isso iria acontecer. Será que tem informação privilegiada? E alianças com a direita que problemas coloca? O facciosismo é lamentável num sociólogo.


Para quem não se recorde António Barreto foi ministro da Agricultura do 1º governo de Mário Soares que fez a célebre "Lei Barreto" sobre a reforma agrária e, porque atacado, naquela altura, por todos à esquerda do PS deve ter ficado com o trauma dos comunistas.


Num debate televisivo em 2102, na SIC, posicionava-se com Manuela Ferreira Leite numa uma solução em que no Serviço Nacional de Saúde quando estivesse em causa a manutenção da saúde através de meios dispendiosos e tivesse mais de setenta anos deveria pagar os tratamentos. Afirmações polémicas que causaram escândalo na altura.


Já este ano defendia na Rádio Renascença "tornar a Constituição mais simples para, depois, no plano político, ser possível ter mais liberdade de opção. E é no plano político e não constitucional que defende a manutenção de um sistema de saúde público, mas com maior liberdade de recurso ao privado, de contratualização com o privado.".


Mas há mais, diz que "os empresários não têm liberdade para dizer e fazer o que querem", talvez seja por isso que muitos enriqueceram num curto espaço de tempo. Então como é que se cosntruiram (e detruiram) grande gupos económicos. Veja-se para já o caso BES. É preciso lata. 


 Por outro lado, façamos-lhe justiça, nem tudo o que esta aventesma da política disse foi mau, entre outras afirmações também diz, quanto à educação, admitir a liberdade de escolha, mas sem que o Estado pague a privados. “Quem quer fazer educação privada que a pague. O Estado não deve pagar cheques ensino não deve estar a subvencionar as escolas privadas, como faz atualmente. O Estado gasta milhões e milhões nisso, nas escolas privadas e acho que não o deve fazer.”. 


Podemos e devemos levar a sério os professores catedráticos e investigadores em ciências sociais mas não podemos esquecer-nos de que em todas as formações sociais existe uma função da pluralidade contraditória de sistemas ideológicos de codificação do real e que, por isso, são as ideologias dominantes ligadas ao bloco do poder que retêm a atenção constituindo obstáculos fundamentais à elaboração de conhecimentos científicos.


Presidente do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, António Barreto pediu a demissão prematura de Presidente do Conselho de Administração da fundação em abril de 2104. Para o Jornal Económico  a saída de Barreto deve-se a "diferenças de opinião com a família fundadora em torno da estratégia da instituição em áreas como o ensino superior" em cuja área Francisco Manuel dos Santos "defendia uma postura mais interventiva". Resta saber em que sentido...


Será que é apenas uma questão de opinião que conduziu a António Barreto à demissão ou estará a prepara-se para outros voos? O facto é que ele começou já a dar entrevistas com afirmações polémicas o que poderá dar mais protagonismo na comunicação social. Pelos vistos começa bem. lançando para opinião pública os papões do costume.

Colocação de professores no ensino público e impunidade

10.10.14 | Manuel_AR

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O que se passa na justiça e na educação não são apenas casos  técnicos mas também de substancia política que o governo e a maioria que o apoiam tentam futilizar, continuando a manter-se na senda da impunidade como se tem visto neste país.


O que está a passar-se no ministério da educação com a colocação de professores é um escândalo e um atentado à vida profissional de um grupo social, não apenas no que se refere aos problemas técnicos, mas sobretudo por ser um caso político nunca visto. Nem no tempo da ministra da educação Maria do Carmo Seabra, no curto governo de Santana Lopes, se verificou tal confusão apesar dos graves problemas na colocação de professores que houve na altura.


Como cientista (?) o ministro Crato deveria saber que, quando se mexe bruscamente na essência de um sistema, pela característica do globalismo ou totalidade, uma ação que produza mudança bruscas e não refletidas numa das unidades dum sistema há uma grande probabilidade de produzir mudanças em todas as outras unidades. Foi o que se verificou quando quis aplicar no terreno ideias pré-concebidas e pouco refletidas mandou executar uma alteração profunda às características do sistema de colocação de professores que estava a funcionar bem. Tomou a decisão de avançar com uma modificação apressada sem acautelar o tempo necessário para a sua implementação e teste em todas as variáveis de funcionamento criando entropias no sistema.


O problema não foi bem estruturado por não ter sido claramente definido, pois uma ou mais das variáveis envolvidas não foram determinadas com confiança, daí a grande probabilidade de falhanço. O ministro Crato criou um problema técnico e, ainda mais grave, um problema político.


O primeiro-ministro entre os seus apoiantes é tido como determinado. Confundem determinação com teimosia e com obstinação na persistência do erro que é a força de vontade dos fracos. Os problemas não se resolvem com quedas de ministros e de governo mas há ministros cuja a noção que têm da responsabilidade é pobre.


Não é de estranhar que Nuno Crato não seja demitido, pois, de acordo com Luís Osório no editorial do Jornal i diz que, a propósito da Tecnoforma, Passo Coelho "afirmou no parlamento que não levantava o sigilo bancário porque isso seria fazer a vontade voyeurista aos jornalistas". Que ilações se tiram daqui? Que ele ou qualquer ministro podem fazer o que quiserem que ele não satisfará quaisquer vontades mesmo que as mesmas prejudiquem largos setores do país. Olha apenas para a sua imagem (tal como Presidente da República Cavaco cuja dita está de rastos), quer mostrar que tem coragem mas esta não é a prioridade. Por isso, continua Osório, "não é de estranhar que Crato não seja demitido. Acontecerá apenas quando a situação estiver normalizada. Só depois, e seguramente a pedido do ministro…".  Eu direi que não que não demitirá qualquer ministro porque, neste momento não haverá ninguém que queira aceitar qualquer lugar no Governo a menos que se queira autodestruir. Está em causa a sobrevivência do governo que o Presidente da República apoia com ambas as mãos e ao colo, mesmo sabendo que está em cauda a credibilidades das instituições, nomeadamente a educação pública que Crato, talvez por revanche de tudo o que é passado, e com o apoio do seu chefe do executivo, quer fazer implodir e descredibilizar. A impunidade em Portugal está para durar.

Portugal envergonhado e subserviente

08.10.14 | Manuel_AR

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Este outono, após um verão muito pouco estival, resolvi dar uma vista de olhos pelo barlavento algarvio. Nesta época do ano esta zona não é muito procurada pelos lusitanos veraneantes que, em agosto, descem em magotes em direção ao sul.


Nesta altura do ano as praias vazias de portugueses são compensadas por ingleses e outros frequentadores do norte da europa, na sua grande maioria idosos não abastados, cujas pensões dignas lhes possibilitam visitar e estacionar no país do sol e dos "preguiçosos". Vêm ocupar os empreendimentos turísticos que lhes são oferecidos a preços mais baratinhos nesta época do ano. Portugueses são uma espécie “rari nantes in gurgite vasto” o que, numa tradução livre, significa serem raros num mar imenso.


Os estrangeiros que nos visitam são uma companhia agradável nas praias e nos habituais locais de consumo e restaurantes, porque não “chateiam” e não a fazem algazarra. Sentem-se tão à vontade como se estivessem nos seus países. Imagino que no seu subconsciente acham que parte deste território também lhes pertence graças ao programa de assistência que sofremos e continuamos a sofrer e à subserviência que Passos Coelho demonstrou no exterior superando a própria "troika" na austeridade. A tal coisa do "bom aluno". E claro a arrogância alemã com que fala do país do sol e da preguiça.


Mas o que é preocupante é a subserviência com que os portugueses se reverenciam a tudo quanto é estrangeiro desfazendo-se em obséquios. Precisamos do turismo estrangeiro como forma de sobrevivência, mas eles não precisam de nós para nada, e, se não bastasse, também são nossos credores e, por isso, devemos estar gratos, segundo a mensagem que comentadores e políticos afetos ao governo têm feito passar.


A subserviência portuguesa também se mostra pelo desprezo pela língua materna ao adotarem nomes estrangeiros, nomeadamente ingleses com a desculpa da internacionalização e com os quias pensam dar pompa e credibilidade às desiganações. Veja-se apenas o caso das universidades como exemplo, Católica Lisbon School of Business & Economics; Católica Global School of Law; Nova School of Business and Economics.


Já era assim, mas com os exemplos dados por este governo agravou-se. Isto revela-se a vários níveis. Países como a França e a Espanha raramente adotam anglicismos. Quando é necessário a introdução de um novo termo, para preservarem a sua identidade linguística, adaptam-no à sua própria língua.


Não tenho qualquer espécie de preconceito contra a língua inglesa que é uma língua universal de comunicação entre povos, mas já não basta estarmos a vender Portugal ao desbarato desde que este governo tomou posse (veja-se o que já foi vendido ao estrangeiro sem qualquer critério de seletividade), resta agora que a nossa língua passe a ser hibrida passando a ser uma mistura de vocábulos ingleses com interpenetração de sintaxes. Somos um país que de colonizador de povos passou a ser colonizado por línguas.

Presidência asfixiante

07.10.14 | Manuel_AR


O discurso do senhor Presidente da República no dia das comemorações da implantação da República, dia da libertação de uma monarquia opressora, sugere algo que denomino por instauração dum PEPU, Processo em Curso para Partido Único. O discurso daquele senhor esquece premeditadamente o que se está a passar na governação deste país e debruça-se sobre questões sobre a democracia e o mau contributo dos partidos.


Portugal é hoje um país apático, parado que corre no mesmo sítio sem de lá sair. Este Presidente pretende a manutenção a todo o custo deste PSD, para que o país não possa respirar fundo, propõe, para isso, uma espécie de mono partidarismo disfarçado  de consenso, asfixiando desta forma a democracia.


Mas, afinal, o que quer o Presidente menos popular de sempre? Quer que os partidos sejam política e ideologicamente isomorfos? Para ele os partidos e a democracia são uns empecilhos que devem ser reformulados de acordo com a sua indiscutível forma de pensar.


Cavaco Silva, Presidente da República, que deveria ser a salvaguarda das instituições democráticas resolveu, aproveitando os críticas de café aos partidos políticos, dissertar sobre o sistema partidário para regozijo do governo cujos partidos da sua constituição tem apoiado sem qualquer sombra de disfarce e pudor político.


Obviamente que o seu "estado de espírito" subjacente é desviar a opinião pública dos problemas concretos na justiça e na educação, estes os mais graves, que foram criados pelo "seu partido" no governo.


Como noticia hoje o Jornal i, não foi por acaso que o PSD, na voz do seu secretário-geral Matos Rosa, veio dar a sua concordância ao desafiar António Costa a juntar-se ao seu partido para reformar o sistema político, o que lhes interessa. Agora, a meses das eleições, e já em plena campanha pré eleitoral!? Como é evidente as alterações tão apetecidas implicam uma alteração à lei eleitoral.


O que pretendem de facto ele e o "seu partido" é uma reforma ao sistema de democrático aproveitando algum descontentamento manifesto nas chamadas "bocas populares de café", que dizem que os partidos que não se entendem (como se eles existissem para se entenderem!), de modo a reduzir os mandatos dos pequenos partidos que deixariam de ter uma representação parlamentar significativamente proporcional.


Portugal passaria a ser uma democracia coxa, isto é, qualquer um de nós, que não se sentisse representado pelos partidos da alternância teria poucas hipóteses de o ser através de outros partidos. Matavam dois coelhos de uma queixada só, primeiro, limitavam ou anulavam a voz aos pequenos partidos; segundo impossibilitavam outros partidos de terem assento no parlamento. Ficaríamos com um parlamento ao velho estilo da União Nacional que deve ser tão saudoso a Cavaco.


Para alcançarem lugar no parlamento alguns partidos recorreriam a toda a forma de populismo e de demagogia para terem votos e se fazerem lá representar.


Senhor Presidente, não queira escavacar mais a nossa democracia transformando-a apenas na mera formalidade de se colocar, sem convicção, um pedaço de papel numa urna de voto para manter tudo na mesma numa ilusão da existência de “direitos humanos”, “democracia”, “livre expressão”, “livre iniciativa”, “pluralismo”, “multipartidarismo”. O Senhor Presidente gostaria que se estabelecessem com "o seu partido" consensos e acordos, para transformar o voto numa espécie de legitimação de partido único, passando a pluralidade partidária a não ser mais do que mera fachada, e o parlamento um órgão monolítico que punha de lado a escolha de um modelo de sociedade, o estado social, que estão a transformar num embuste, assim como ao estado de direito.


As palavras do Presidente da República no cinco de outubro de 2014 não foram mais do que linguarices, apesar de Miguel Sousa Tavares ter dito na SIC que foi o seu melhor discurso. Resta-me perguntar o que teme Cavaco Silva, o Presidente ????