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Se estamos mais próximos de um segundo resgate não será pelos resultado das eleições como alguns pretendem já sugerir. Não se pode esquecer o facto de o primeiro-ministro, Passos Coelho, ter levantado em agosto passado a eventualidade de um segundo resgate após o chumbo do Tribunal Constitucional da requalificação da função pública. Há algumas semanas voltou a falar no tema. Terá sido para intimidar antes das eleições autárquicas ou estava já numa pré-preparação para aquela eventualidade?
Os comentadores, apoiantes dos partidos do Governo, pretendem agora fazer passar a mensagem de que a perda das eleições, neste caso as autárquicas, se deve ao desgaste que é habitual num partido que está no Governo. Mote lançado por Passos Coelho na sua comunicação onde assumiu perante o país a perda das eleições e recordou acontecimentos idênticos há mais de vinte e cinco anos.
A derrota do PSD nas eleições autárquicas deve-se sobretudo aos grandes responsáveis primeiro-ministro Passos Coelho e à sua “entourage” composta pelos seus “advisers” e jotas incultos e irresponsáveis, pertencente a uma geração neoliberal radical infiltrada, muitos deles retornados, apostada numa desforra sobre os portugueses pelo do 25 de abril e pela descolonização. Pretendem agora escravizar os portugueses como os seus antecessores o fizeram aos povos africanos que colonizaram.
O condicionamento eleitoral preparado, assim como a forma de comunicação que o governo seguiu ao longo destes dois anos e meio, foi um desastre total e falhou em grande parte. A divisão e a destruição da coesão social dos portugueses foi a estratégia dominante, ora vinda do próprio primeiro-ministro e dos deputados da maioria no Parlamento, ora dos jotas do PSD, incultos e politicamente impreparados, que têm revelado, para além de falta de bom senso politico, falta de cultura sobre Portugal e os portugueses. Ansiosos por agradar e ganhar lugares no aparelho do Estado, pagos pelos impostos de todos, infiltram-se onde e como podem quais raposas em galinheiro.
Pelo que já conhecemos de situações anteriores, Passos Coelho faz ameaças quando as coisas não lhe calham como previu por isso pode prever-se que vai agora fazer retaliações sobre os portugueses, apenas sobre alguns como é seu costume. Esperemos para ver.
A crise desencadeada pela direita apoiada pelo PCP e pelo BE que deu lugar à queda do governo anterior e consequente resgate necessitaria, da parte do Governo que então tomou posse, de uma forma de comunicação que jovens radicais impreparados não tinham e que continuam a mostrar cada vez mais não ter, incluído o líder da desgraça do PSD, Passos Coelho.
Numa época de crise em que seria necessário envolver e unir os portugueses, não através de “uniões nacionais” artificiais como Passos Coelho e o seu aliado Presidente da República pretendem, mas com um discurso e comunicação mobilizadores onde os sacrifícios fossem devidamente justificados e repartidos por todos e não apenas por alguns grupos sociais e profissionais, enquanto outros, favorecidos, a quem interessa a manutenção deste Governo, vestem capas e arranjam artifícios para passarem ao lado da crise.
A Reforma do Estado tem sido até este momento uma mera ficção semântica. Planear uma reforma leva tempo e necessita de indivíduos competentes na matéria. Onde está o tal prometido plano daquela reforma foi entregue a Paulo Portas? Pode questionar-se o que aconteceria se numa empresa os responsáveis pedissem a um técnico credenciado da empresa um plano de reestruturação e este não o apresentasse. No mínimo era dispensado como incompetente no mês seguinte se, pelo menos, não apresentasse uma justificação para tal.
Há só uma forma da incompetência ser apeada que é a de fazer despertar o verdadeiro PSD para a necessidade de mudança da liderança que o sufoca o que só traria vantagens para a democracia.
Está provado que os portugueses aceitam a austeridade e os sacrifícios quando necessários desde que saibam qual o objetivo e o projeto para o seu país a curto e a médio prazo desde que não, façam apenas numa perspetiva de crença e fé, promessas para a melhoria de vida de gerações futuras, indefinidas no tempo, quando até essas provavelmente já estarão mortas.
Desde já podemos prever que Passos Coelho vai retaliar e apertar os sacrifícios aos portugueses que acha foram os grandes causadores do seu desaire eleitoral. Deixou-o bem claro na comunicação ao país em que assumiu a perda das eleições.
Paulo Portas, como de costume, com o seu ballet acrobático, faz do CDS/PP o grande vencedor das eleições autárquicas iludindo o seu eleitorado fugidio. Paulo Portas faz dos portugueses parvos. Depois das acrobacias trapézicas que tem feito será que ainda há quem apoie e aceite continuar a assistir a ver este circo? O penta autárquico, como ele designou por ter conseguido seduzir cinco autarquias não é mais do que um caso atípico nestas eleições que, com o tempo, se irá esvaziar. Casos como o de Ponte de Lima no domínio do CDS são raros. Se são bons ou maus os autarcas quem melhor do que os eleitores para o decidirem? Veremos com o tempo. João Jardim também governa a Madeira ao longo de mais de trinta anos, até que um dia…
Quanto ao PS resta-lhe ter cuidado porque, não será por vencer estas eleições que as futuras estarão garantidas e já não falta muito. Ou apresenta alternativas consistentes e começa a preparar um discurso de verdadeira oposição, sem ser através de medidas comezinhas e de cariz sedutor ou não vai conseguir que os portugueses lhes reconheçam crédito para governar. Se José Seguro não reconhecer isto voluntariamente mais vale retirar-se da liderança enquanto ainda está nas em algumas boas graças.
Uma coisa é certa, a abstenção não é solução, votar na manutenção dos que têm conduzido e vão continuar a conduzir o país para o abismo também não é. A mudança por vezes é necessária até ao nível do poder local afeto ao regime.
Os partidos da coligação, nomeadamente o PSD o CDS e o chefe do executivo Passos Coelho, têm vindo a fazer dos portugueses parvos e, mais uma vez, tentam manipulá-los com a tática do medo, da insegurança e da instabilidade.
Nos períodos que antecedem atos eleitorais proliferam as agências de rating e personalidades cimeiras de organismos internacionais que fazem comunicados, “press releases” e outras formas de intervenção tentando dar uma ajudinha através do condicionamento pré-eleitoral que possa ir de encontro aos interesses da direita. Apareceu em Portugal há poucos dias, por coincidência (?), o secretário-geral da OCDE que fez declarações, muitas delas num registo de elogio à ação do governo. O mesmo acontece com a esquerda que, a maioria das vezes, produz ideias contraditórias à semelhança do governo, repetindo até à exaustão as mesmas propostas pouco claras, causando confusão e ruído nas mensagens.
Estamos no âmbito da teoria do condicionamento social segundo a qual o ambiente social como a família, o emprego, e outros, que incluem formas de manipulação como a publicidade e a propaganda política, influenciam e modelam o comportamento dos indivíduos.
Condicionar os eleitores é objetivo fundamental para os enganar induzindo-os a uma opção de voto que mais convenha ao manipulador. Todos os partidos tentam o mesmo, mas, o caso mais paradigmático tem sido o do governo de coligação PSD/CDS que a utiliza para atingir os seus fins, centrados na manutenção do poder a todo o custo, e tentando evitar o mínimo abanão possível nas eleições autárquicas.
Preferem suscitar reações afetivas fortes na expectativa de, não só captar a atenção, mas também de mudar a atitude e o comportamento político dos eleitores de forma captar o sentido do voto em vez de sobrecarregarem os recetores das mensagens com argumentos intermináveis. As mensagens persuasivas que são emitidas, especialmente durante a campanha eleitoral, apelam aos sentimentos e às necessidades das pessoas têm um objetivo óbvio.
De acordo com estudos efetuados provou-se que os sujeitos gostam tanto mais de um estímulo quanto mais vezes o vêm ou ouvem. É a teoria da exposição simples segundo a qual, uma maneira simples de modificar as atitudes das pessoas consiste em apresentar-lhes o mesmo estímulo muitas vezes.
Vamos então ver como poderá ser feito o referido condicionamento pelo que é necessário esclarecer alguns conceitos no domínio da psicologia social. Quem já ouviu falar no cão de Pavlov e do reflexos condicionados sabe à partida o que isso significa. Contudo, o condicionamento pré-eleitoral de uma sociedade já não tem origem em reflexos mais ou menos condicionados, é mais sofisticado, vai mais longe e tem outros objetivos. Entra-se então no domínio do instrumental ou operante.
É uma espécie de engenharia eleitoral em que, através de um esquema de reforços, se podem arquitetar alterações comportamentais de modo a poder fazer infletir, em certa medida, o sentido do voto dos eleitores. O propósito seria então moldar os indivíduos para melhor refletirem sobre os objetivos determinados por um partido, um governo, um grupo ou uma pessoa.
O que se pretende é condicionar a votação através do chamado condicionamento instrumental ou operante cujas respostas denominadas operantes, que dependem do sujeito mas que operam no ambiente para realizar uma mudança que leva à recompensa. Deste tipo de ambiente exterior ao sujeito fazem parte, entre outros, a difusão pelos órgãos de comunicação, em especial a televisão através da emissão de comunicados, reportagens, entrevistas, intervenções e até notícias que poderão servir de estímulo para a obtenção de uma determinada resposta.
Nos casos que se irão abordar e que têm estado mais presentes são que se pode designar por medo condicionado. Os estímulos puxam por um lado à racionalidade e, por outro, às emoções. Neste último caso é a fragilidade que é utilizada. Com o receio de perderem ainda mais regalias ou direitos sociais e cortes nos seus rendimentos, colocam de lado a racionalidade e votam tendo presente o medo como suporte.
Meter medo para convencer ou avançar com ilusões efémeras de crescimento ao mesmo tempo que faz cortes sociais e aumenta a austeridade é uma das táticas utilizadas por este governo ao mesmo tempo que fala num segundo resgate. Por sua vez para Paul Portas o ténue crescimento deve ser apenas um exercício de fé. Nada mais fácil do que encontrar exemplo nas declarações do primeiro-ministro por vezes até contraditórias com as que prestou em momentos anteriores dependendo das circunstâncias. Os exemplos que pendem agora são os da ameaça do segundo resgate, de medidas mais gravosas que serão tomadas se determinado diploma não for aprovado, ameaças de bancarrota para atemorizar parte da população, etc..
Outro exemplo caricato, como antítese à do medo, é o caso do candidato da direita para a Câmara de Lisboa que, através de cartazes espalhados pele cidade, oferece tudo no que respeita à proteção o que, em princípio, qualquer cidadão não acredita ser possível, nem mesmo em tempo de vacas gordas, quanto mais em tempo de vacas magras.
É a teoria da motivação aplicada dirigida ao instinto de proteção dos indivíduos. Isto é, as pessoas estarão mais motivadas para tomar determinada opção se a ameaça é real, criando a ideia de que fica em perigo se não fizer nada e que existem comportamentos que estão ao alcance que permitem reduzir os riscos de modo substancial. Assim, provocando sentimentos negativos, pode-se contribuir de muitas formas para reforçar o impacto de uma mensagem.
A exploração dos sentimentos de insegurança e instabilidade na população tem sido óbvia com este governo desnorteado que, à falta de argumentos claros e sólidos, utiliza a tática do terrorismo comunicacional. O que pretende é despertar na população emoções negativas sobre determinados grupos sociais ou profissionais que possibilitem justificar medidas impopulares que dirige apenas a alguns grupos alvo mais frágeis, sempre os mesmos, ou, até, para justificar decisões ou leis que foram rejeitadas por colocarem em causa a lei fundamental do país.
Veja-se, por exemplo, os seguintes casos: o primeiro-ministro menciona o perigo de um segundo resgate caso não sejam aprovadas medidas, mesmo que inconstitucionais e rejeitadas pelo Tribunal Constitucional, culpabiliza o Tribunal Constitucional por não deixar passar diplomas que vão contra a Constituição, utiliza argumentos para colocar os cidadãos contra aquelas decisões, lança para a opinião pública a ideia de que a Constituição é um estorvo e noutras declara que ela não é em si mesmo um problema, mas sim a sua interpretação.
A questão da interpretação da Constituição merece umas linhas porque não se percebe se, o que alguns senhores pretendem é que a lei fundamental possa ser interpretada conforme os interesses, a ideologia e as páticas mais ou menos democráticas, de quem está no poder. Segundo os argumentos dos iluminados dos partidos da coligação, num ano, porque A está no poder e quer implementar uma medida, faz-se uma interpretação, no ano seguinte, ao ficar B no poder far-se-ia outra interpretação. Fará isto sentido? Parece caricato mas pensamento idêntico tem o senhor bem-falante do PSD, Paulo Rangel, que tem a convicção de que a Constituição pode ter várias interpretações. Então se ela deve ser interpretada ao sabor dos governos qual a razão para a sua existência? Mas aquele senhor disse mais, que o Tribunal Constitucional da Alemanha, cujas decisões são por todos respeitadas e não postas em causa são, para ele, um exagero.
As opções que tomamos em situações eleitorais pode ser resultado de um conjunto particular de estímulos que nos foram sendo impingidos. Atualmente, a difusão de informação pelos órgãos de comunicação, muitas das vezes confusa e contraditória, controla o nosso comportamento. Muitas das pessoas já não são dirigidas pelos seus ideais, emoções pessoais fortes ou por ideias profundas mas pelo que diariamente lhes oferecem as televisões, órgão envolvido por excelência no condicionamento de atitudes e comportamentos através de reforços proporcionados. Técnicas de comunicação que produzam mudanças de comportamentos eleitorais significativos são utilizadas sem que o cidadão comum se aperceba que está a ser manipulado. Outras, são tão evidentes que cheiram a manipulação a distância, caso já anteriormente referido da campanha da coligação de direita à Câmara de Lisboa.
Votar nas eleições, segundo as convicções e valores pessoais e sociais de cada um, é um dever, com a devida distância do que possam dizer os arautos da propaganda para a sua manutenção no poder. Há que filtrar sempre o que nos dizem os detentores do poder e os órgãos de comunicação. Uma coisa é certa, a abstenção não é solução, votar na manutenção dos que têm conduzido e vão continuar a conduzir o país para o abismo também não é. A mudança por vezes é necessária até ao nível do poder local afeto ao regime.
Com a aproximação da época outonal das férias restam apenas recordações. Boas ou más consoante o que os senhores do governo determinaram, austeridade para muitos e bem-estar para uns poucos. Como podia ser confirmado no algarve, pasmava-se com ostentação gastadora dos tais que podem ainda ir de férias e comer bifes todos os dias e são intocáveis pela crise, enquanto outros, a maioria, olhava para a sardinhas que, este ano ao preço a que estavam já nem as puderam comprar, outros ainda, a crise que lhes provocaram obrigou-os a não sair de casa. É assim que se está a transformar este país, uma coutada para alguns, os mesmos que mais contribuíram para a crise.
As férias também serviram, noutros casos, como tempo de reflexão, longe das notícias das televisões alinhadas para captar audiências, muitas das vezes para lavagens das atrocidades políticas que desfilam sem que ninguém lhes ponha cobro, desculpadas pela necessária estabilidade política tantas vezes reclamada pelos mesmos que a provocaram no início do verão. Parte destas férias foram momentos para uma pesquisa tranquila de temas sobre o andamento da nossa triste política até que surja mais uma intranquilidade exógena a cada um de nós novamente desencadeada pelos mesmos do costume.
Os pregadores dos partidos, nomeadamente os da coligação laranja-azul, PSD-CDS, convidados pelas televisões calaram-se por poucos dias o que foi música para os nossos ouvidos e “poupança” para o povo livre das vozes dos elementos dos partidos da coligação do governo que proferem os mesmos argumentos desgastados e inverosímeis até à exaustão.
A aliança laranja-azul ou azul-laranja (?) que governa (a ordem pode não ser arbitrária, dependendo de como cada um a entenda) colocou Portugal num fosso pior do que aquele donde o quis tirar.
Ao fim de dois anos e três meses a austeridade, provocada em parte pela necessidade do cumprimento do défice, e em maior parte pelo cariz ideológico neoliberal forçado que foi imposto e sempre reafirmado pelo primeiro-ministro que, para além de se aliar à “troika”, reforçou essa aliança com o discurso do “ir para além da troika”, não tendo conduzido a qualquer redução do dito, muito antes pelo contrário. Afinal para quê os sacrifícios?
Já sabemos, porque o repetem até ao limite, que é para as gerações futuras. Novo estilo em política, governar para quando estivermos todos mortos. Entretanto, até lá, as gerações futuras que são filhos hoje, a maioria claro, porque outros terão com certeza o seu futuro sempre garantido quaisquer que sejam as circunstâncias, recordar-se-ão das dificuldades e sacríficos que passaram e, quando lá chegarem, odiarão por certo, quem os colocou nessa situação.
De qualquer modo essa demagogia de passar para a opinião pública os argumentos das gerações futuras não passa de uma treta. Os atuais velhos e de meia-idade também já foram no passado gerações futuras e já nessa altura, quando ainda eram jovens, lhes acenavam com o mesmo chavão. Veja-se como se encontram agora. O mesmo irá acontecer aos atuais jovens. Daqui a trinta ou quarenta anos irão também ouvir os mesmos argumentos que são a chave desta direita radical que tem vindo a conseguir dividir o país.
Por sua vez a tentativa de entalar o maior partido da oposição ainda não terminou, Cavaco Silva e Passos Coelho (esta ordem não é arbitrária) ainda não desistiram de fomentar uma tal união nacional (?) que englobe os partidos ao que chamam arco da governação. Arco? Quando muito círculo, não, não é circo, é mesmo círculo da governação, pois esta forma geométrica é a que melhor representa uma área delimitada por uma linha exterior que representa um itinerário que se repete, embora com alternância dos que a percorrem sem interrupção ao longo dos anos. Continuando, ao colocar o PS no mesmo saco parte do eleitorado deste partido poderia associar que, não havendo na prática oposição ou alternativa logo, tudo seria igual e não vale a pena muda. Então, aquando das eleições legislativas, as opções do eleitorado poderiam vir a favorecer o PSD que capitalizaria parte do potencial eleitoral de outro partido, neste caso o PS.
Como querem estes senhores do governo, especialmente o PSD, que haja um consenso nacional, ou uma “união nacional” como preferiam se eles próprios têm fomentado a divisão entre os portugueses, com um estilo político impróprio isento de princípios, de valores políticos, individuais e sociais que transbordam os limites da indignação.
Em termos muito simples e dum ponto de vista politicamente egoísta: quem fez o buraco é que o deveria tapar. Quem disse que o iria tapar ,mas o escavou ainda mais que se amanhe. A competência tem que ser comprovada por eles próprios sem ajudas, com factos e não com palavras e promessas vãs. Ah! Pois, o Tribunal Constitucional. Pois é!
Relembrando as várias atuações e a conduta do primeiro-ministro e do seu governo verifica-se que têm com frequência subvertido os processos democráticos mais elementares de decisão, para além de cometerem nas suas declarações públicas erros propositados de conteúdo tentando enganar os menos atentos ou os que não acompanham mais de perto a política.
Em vez de governar reage contra tudo e contra todos criando fraturas por vezes insanáveis na coesão social e até entre gerações que seria básico existir neste momento de negociações com a “toika”. Passos Coelho, juntamente com Paulo Portas, em vez de unir desunem com a consciência disso, sendo Passos Coelho o vanguardista da desestabilização social e política. Põe até em causa o sistema de valores em que até a direita mais conservadora se baseia, pretendendo abalar e fazer perder aos portugueses a convicção adquirida de que o poder político só se pode exercer de maneira formalmente legal. Tem umas partículas embora finas do modelo soviético no tempo estalinista e do modelo chinês maoista cujo exercício do poder ultrapassava a legalidade.
A tentativa de manipulação de normas jurídicas, pondo em causa as instituições democráticas, são um sinal do frenesi pela imposição de normas que põem em causa a lei fundamental desafiando o Tribunal Constitucional que até a poderosa Chanceler Merkel respeita no seu país, revelam uma inclinação para um tipo de poder neototalitário.
Este governo, como tal nunca visto, é perito em violações deliberadas da Constituição da República. Ao colocarem a questão sobre a forma de interpretação da lei fundamental pelo Tribunal Constitucional que segundo os apoiantes do governo é errada significa que, e apenas eles, são os detentores da verdade interpretativa. Pinta de pensamento único que os aflige não poder exercer.
Marques Mendes na Revista Visão de quinta-feira defende a liberdade de escolha na educação que se prevê ser consubstanciada pelo governo num tal cheque-ensino ao qual nem sequer se refere, pelo menos enquanto conceito. Mas sobre este tema pode ler-se o blog seguinte.
O que achei espantoso, e apenas como um exercício de linguagem politica, foi o senhor propagandista em determinado momento do seu artigo de opinião se referir a uma coligação negativa de uma determinada direita burocrática com a esquerda mais conservadora. Espanto meu! Comecei logo a pensar em rever e reestudar toda a minha linguagem política. Estava perante uma autêntica revolução dos conceitos naquela ciência.
A literatura e jornalismo políticos sempre se referiram à direita como os conservadores (embora direita e esquerda não sejam fáceis de delimitar nos seus espectros políticos). Na Inglaterra há os Trabalhistas e os Conservadores, nos EUA os Republicanos, também denominados conservadores e os Democratas e, em qualquer dos países, segundo eles, os conservadores são assim chamados assumidamente com muita honra. Então fiquei baralhado.
A direita combate a esquerda por esta ser pelo progresso e pela evolução de uma política mais virada para o social em vez da manutenção das estruturas sociais mais clássicas e conservadoras. Agora Marques Mendes chama-lhes conservadores. Para ele, com certeza, a palavra conservador, em política, adapta-se consoante os interesses do momento para confundir os patetas dos portugueses que este governo deve considerar mentecaptos. Pelo menos assim parece, de acordo com a baralhada das intervenções do primeiro-ministro, quer pelos termos utilizados quer pelo tipo de leis que manda elaborar e aprovar. Requalificação em vez de despedimentos, poupanças em vez de cortes, convergência em vez de cortes nas pensões, mobilidade especial em vez de deslocações forçadas… São tanta e tais que nem há paciência para escrever todas. Davam um dicionário de coelhês.
Já cá faltava também este com uma novilíngua como a do governo.
Marques Mendes, uma das correias de transmissão de propaganda do governo, veio agora na Revista Visão de quinta-feira defender a liberdade de escolha na educação que se prevê ser consubstanciada pelo governo num tal cheque-ensino. Fala na liberdade de escolha entre ensino público ou privado onde as famílias possam educar os seus filhos, sem sequer, uma única vez, mencionar a palavra cheque-ensino que, ao que parece, é o que está em causa. Talvez para iludir quem o lê.
Os argumentos que apresenta para criticar o que denomina de coligação negativa que, diz ele, se opõe à liberdade de escolha (leia-se cheque-ensino), são meramente de forma e não de conteúdo.
Será de facto a questão da liberdade de escolha que se coloca? Se assim for Marque Mendes pressupõe que aquela, até este momento, não existe. Isto é, seguindo aquele raciocínio até agora quem tem filhos não os pode colocar onde achar mais conveniente seja ele no público ou privado, o que é mentira. Seria o tal cheque-ensino que iria possibilitar tal benesse?! Sim, mas aos que menos precisam.
O que se coloca em questão e se deve discutir é a atribuição de uma determinada verba por aluno, paga pelos nossos elevados impostos e pelos cortes que o governo tem feito, para que as famílias possam colocar os seus filhos nas escolas que tenham mais qualidade que, na ótica do governo são as escola privadas, mas para a qual se desconhecem critérios objetivos. E quem não desejaria, face à cada vez maior perda de qualidade da educação pública provocada pelo governo, colocar os seus filhos no privado?
Então vejamos: quer os que têm poucas ou muitas posses, ricos incluídos (não os ricos que, segundo o governo, auferem pouco mais de seiscentos euros), teriam direito a um cheque-ensino por cada filho optando desta forma por os colocarem na escola que achassem ser mais conveniente. Todos teriam então as mesmas oportunidades que, objetivamente, não são mais do que aparentes.
É sabido que, quem tem mais posses ou é rico já coloca os seus filhos no privado ou na escola privada que lhe aprouver, pelo menos a grande maioria. Certo ou errado? O cheque-ensino seria uma verba do Orçamento de Estado colocada à disposição de todos. Então, os de menos posses ou os que tenham salários mais reduzidos, que também pagam impostos, estariam a pagar indiretamente aos ricos uma verba pela qual iriam beneficiar como se não pudessem pagar na íntegra, como já pagam, para terem os seus filhos no ensino privado. Quer dizer, minimizava-se aos de maiores posses o encargo com a educação dos filhos, a troco do engodo de uma cenoura colocada aos restantes que seria o dito cheque-ensino o que, para a maioria, não chegaria para colocar os filhos num estabelecimento de ensino privado.
Pode argumentar-se que os ricos e os que têm mais posses também estão a pagar para os outros através dos impostos. É assim, uns pagam para os outros na proporção dos seus rendimentos. Mas a pergunta que se coloca é a de saber se a verba do cheque-ensino por aluno seria igual para todos. E é aqui que bate o ponto. Se assim for segue de acordo com a é ética e a moral deste governo e dos seus apoiantes que é a de prejudicar alguns para benefício de outros, normalmente os que não precisam.
Do ponto de vista económico poderia ser positivo pois dinamizava o mercado do ensino mas favorecia uma clique oportunista que se iria aproveitar do negócio colocando em segundo ou terceiro plano a qualidade do ensino. Veja-se o que aconteceu quando surgiram as primeiras universidades privadas, que algumas delas já não existem.
Este texto foi escrito, já lá vão cerca de quatro anos, para uma aula da disciplina de Relação Educativa que lecionei na licenciatura em Educação Social mas que nunca cheguei a apresentar na aula. Descobri-o agora arrumado na minha base de dados. Resolvi adaptá-lo à realidade política e publicá-lo neste blog.
Amor, alegria, satisfação, ciúme, tristeza, cólera e outros sentimentos desencadeiam comportamentos, que normalmente são observáveis através de reações fisiológicas e de expressão corporal, que fazem parte das experiências emocionais em que a emoção e a cognição estão envolvidas
A tristeza, a cólera, e outros do mesmo tipo, por sua vez, podem desencadear sentimentos também observáveis através de reações de expressão coletiva que, no meu ponto de vista, serão o somatório das várias emoções individuais derivadas de experiências vivenciadas onde a emoção e a cognição também estão envolvidas. São sentimentos indesejáveis que não se prestam à meditação isolada e melancólica antes se traduzem numa revolta coletiva.
Meditar sobre as políticas de há dez ou vinte anos e tentar remendar o que está defeituoso para, à luz de outro ponto de vista ideológico lhe dar perfeição que ela nunca teve deveria ser génese, passar anos a fio a tentar remediar, através de agressões sociais, políticas estruturas implementadas ao longo de muitos anos é apenas uma forma que só pode estar presente no ideário de políticos incultos e incompetentes que por tal deveriam ser génese de reações de expressão coletiva.
Não sei se alguma vez se poderá demonstrar que é possível ser um político são de consciência e honradez. Ao percorrermos a imprensa dos últimos 20 ou 30 anos, verifica-se que nas investigações sobre corrupção há sempre políticos envolvidos em maior ou menor grau. Há-os também impolutos mas, se o são na corrupção, não o serão no domínio da falência da verdade e na conformidade entre a concretização do seu pensamento e na sua expressão na prática. Basta retrocedermos a um passado muito recente, os últimos dois anos, para confirmarmos esta asserção. Não me refiro a utopias, mas a promessas potencialmente exequíveis que são enterradas na memória de longo prazo para, na maior parte das vezes, não mais de lá saírem até que outros venham para que, novamente, se reinicie o mesmo ciclo sem-fim.
É isto que trazem as juventudes partidárias sem valores que lhes sejam incutidos e que não são mais do que centros de incubação daquelas elites políticas que nos irão governar em futuros próximos e iniciarão novos ciclos de logros e perversidades políticas.
Quando se chega a um estado de inanidade é mesmo a decadência e uma prova de abaixamento de nível político e moral de um povo que, desiludido, já sem forças para resistir, insiste na reeleição e aceita sem comentários, a inclusão em governos de elementos que, se não foram condenados em primeira instância no mínimo se encontram debaixo da alçada da justiça por corrupção ou estiveram envolvidos em ambientes onde foi manifesta.
Nós, o povo, ignoramos imensas coisas, que muito importava conhecer, e esta falta de conhecimento e de interesse pela discussão e debate político sente-se na maior parte dos jovens e até nas classes que, pela sua posição social, deviam ser esclarecidas.
Mesmo nas eleições autárquicas votar na manutenção desta gente, esquecendo-nos do engodo em caímos aquando das últimas eleições legislativas é sermos duplamente parvos. A democracia fez-se para que haja mudanças, não que se espere que a situação melhor a curto prazo, mas para que, em conjunto, quem governa e é governado partilhem dos mesmos objetivos geradores de uma unidade de facto de emergência nacional e não de uma qualquer união nacional que apenas garante os interesses de quem está neste momento no poder.
Ainda desligado dos comentários políticos e dos aparecimento constante e propagandístico do primeiro-ministro nos canais de televisão, contemplo o mar sereno a partir de uma varanda num lugar do algarve fora do reboliço do mês de agosto, preferencial da maioria dos portugueses, não resisti, mesmo assim, de refletir sobre atitudes e comportamentos politiqueiros de quem dirige o governo deste país de quem a a maioria que o elegeu já está farta.
O apego ao poder do primeiro-ministro Passos Coelho, a sua inexperiência política e a falta de competências governativas é uma mistura explosiva quando se trata de governar um país em crise. Teria sido mais sensato se os portugueses tivessem na altura optado por uma solução de, quem provocou a crise que a gerisse e nos fizesse sair dela porque tinha pleno conhecimento das suas causas e consequências. Mas o engodo foi lançado e aqui estamos nós. É bem de ver que a atual liderança do PSD foi impulsionada pela amálgama da direita mais radical do partido e por uma geração de alguns retornados na ânsia de reconquistar poder e dinheiro através do estado.
O Estado para esta gente é demasiado grande e gastador, há que reduzi-lo à sua infíma espécie que apenas sirva os interesses dos políticos e de quem gravita à volta deles. Um estado que sirva apenas os que governam e os que já se alinham para governar.
Querer governar a todo o custo acima das instituições democráticas e das leis fundamentais nunca foi uma boa política para acordos com outros partidos sejam eles da direita ou da esquerda. O mais grave é que o primeiro-ministro para pagamento de favores, porque chegar a uma liderança tem custos, rodeou-se de assessores e conselheiros (?) jovens radicais inexperientes na governação que acumulam incompetências perigosas e com desconhecimento da cultura e sentir da maior parte das populações do país. A prova está nos desaires e desastres políticos e económicos que foram manifestos nestes dois últimos anos, apesar de casos pontuais de algumas poucas medidas positivas.
O que tem valido a Passos Coelho é o CDS/PP, também este agarrado ao poder, com os desaires oportunamente provocados e convenientes, mas que, à custa do partido que apoia se vai enterrando cada vez mais. Por mais que custe a Paulo Portas o CDS sairá mais ferido e enfraquecido do que quando entrou. O PSD dos jovens radicais neoliberais, se não forem neutralizados, se encarregarão disso.
Passos Coelho e a sua trupe de “advisers” parecem desconhecer que governar um país e uma nação não é apenas propaganda partidária concertando saídas e eventos para aparecer à hora nobre nos canais de televisão dizendo as vagas patacoadas do costume. Em vez de unir desune, ora elogiando o que o governo tem feito, mas não fez, ora atacando a oposição por não ir de encontro aos seus caprichos governativos. Como é óbvio o papel da oposição em democracia, é fazer oposição não é participar nos desmandos de quem governa.
Apesar da importância do contacto com o país é no gabinete que se estudam e preparam com tempo e consciência os dossiers para a tomada de decisões e resolução dos problemas para bem coordenar os conselhos de ministros, coisa que Passos Coelho parece desconhecer.
Mesmo nas eleições autárquicas votar na manutenção desta gente, esquecendo-nos do engodo em caímos aquando das últimas eleições legislativas é sermos duplamente parvos. A democracia fez-se para que haja mudanças, não que se espere que a situação melhor a curto prazo, mas para que, em conjunto, quem governa e é governado partilhem dos mesmos objetivos geradores de uma unidade, de facto, de emergência nacional e não uma qualquer união nacional que apenas garante os interesses de quem está neste momento no poder.