Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.
A última crise política causada pelo governo e agravada pelo Presidente da República foi fértil em tecer armadilhas ao Partido Socialista para o seu envolvimento pleno no desastre que já existia, mas agravado por Passos Coelho. A primeira caixa da armadilha continha uma cenoura para atrair António José Seguro para uma dita salvação nacional em que o PS deveria estar envolvido.
Tudo se tem passado como se alguém, segundo a própria vontade, deitasse fogo à casa e, não conseguindo sozinho apagar o incêndio que alastrava cada vez mais, chamasse tardiamente os bombeiros para o ajudar a deter o que ele próprio tinha provocado ao mesmo tempo os culpabilizava por lhe terem colocado em casa os fósforos. Recordam-se? A tal história do queremos fazer mais e ir para além da “troika”.
Numa primeira tentativa para atrair o Partido Socialista para a armadilha, Cavaco Silva mostra a José Seguro uma cenoura que só não mordeu porque se apercebeu, à última da hora, onde estava a entrar.
Após aquele primeiro esforço várias outras tentativas têm vindo a ser feitas de vários quadrantes para que o PS dê o aval às políticas que, dizem eles, ser de um governo e um de novo ciclo. Mais armadilhas e engodos serão colocados para atrair o PS a aderir ao que agora Passos Coelho passou a chamar de união nacional. O que será para ele, politicamente falando, união nacional? Seria bom que os mais jovens se informassem junto dos seus avós ou procurassem informação através de livros ou outros meios sobre o que era de facto a união nacional. A união nacional que pretendem em termos políticos é uma espécie de associação de confrades onde se pretende incluir o Partido Socialista, a UGT associações patronais e outros parceiros sociais.
O Presidente da República que começou agora a sair da sua zona física de conforto onde se tinha acomodado há muito passou agora a fazer declarações com fundinho eleitoralista de apoio ao atual governo. Volta a mencionar e a fazer apelo a um consenso, que não seria mais do que uma união nacional, onde todos seguissem em uníssono os pontos de vista que ele acha serem o interesse de todos. Onde caberiam então as divergências que caracterizam as diferentes correntes de opinião e as diferentes sensibilidades políticas, sociais e económicas? Só falta agora defender uma nova concordata com a igreja idêntica à do tempo do antigo regime de Salazar. Como dizia Ribeiro Sanches, médico e intelectual português do século XVIII “que dificuldade tem um reino velho para emendar-se…”.
A estratégia do governo, sugerida e apadrinhada por Cavaco Silva, não tem outro objetivo que não seja o de captar o PS para este círculo de medidas impopulares que o governo prepara para o orçamento para 2014, após eleições autárquicas, comprometendo-o e, com isto, obter posteriores vantagens eleitorais para os partidos do governo, especialmente para o PSD, já que o PS ficaria no mesmo saco.
A minha leitura de novo ciclo é muito linear. As eleições autárquicas estão próximas, há que convencer alguns eleitores desertores e esperar que alguns dos ingénuos que acreditaram nas promessas feitas e não cumpridas de quem atualmente nos governa, acreditem agora na reviravolta prometida. Com as más experiências que temos desta coligação e dos seus embustes, seja ela com estes ou outros elementos do governo, há apenas uma coisa em que se deve acreditar, é que, após as eleições, tudo voltará à mesma senão piorar. Gostaria de me enganar.
Para mostrarem a terra prometida do crescimento procuram agora nos números das estatísticas os mais pequenos indícios, como se tratasse de pequeníssimas sementes dispersas, para agitar como bandeira nos seus discursos encantatórios, quais sereias que conduzem os marinheiros para os recifes e aí naufragam.
Se moções de censura apresentadas em situações de maioria parlamentar poderão ter um significado simbólico de descontentamento perante as atuações de um governo não deixam, por isso, de ser caricatas porque se conhece à partida o resultado que é o de serem rejeitadas pela maioria, salvo casos excecionais em que alguns deputados resolvam “morder a corda”.
O mesmo se poderá dizer das moções de confiança apresentadas por maiorias parlamentares. Neste caso, o caricato da situação é por demais evidente. Por aqui podemos ver como a política em Portugal está toda inquinada onde até o Presidente da República anuncia a apresentação de um moção de confiança que é depois confirmada pelo grupo parlamentar que apoia o governo durante o curto espaço de tempo de uma remodelação ministerial. Isto é, um governo remodelado sem ainda ter tomado qualquer iniciativa visível e merecedora é sujeito a uma moção de confiança. Parece-me ridículo, para não dizer lamentável.
Quem ouvir agora a cavaquista Manuela Ferreira Leite na TVI24 se aperceberá a cautela que tem quando se refere ao Presidente da República e como ela agora rodeia algumas questões que anteriormente criticava com mais convicção. Agora este governo passou a ser o do seu mentor.
Cavaco Silva, o mentor de tudo isto, tem um objetivo que não é Portugal nem dos portugueses, é dele próprio e dos seus interesses a manutenção deste governo. Pode haver justificações insondáveis nisto tudo. Tudo se passa como se alguém dissesse: se não fazes isto já sabes o que pode acontecer!
Vendo que, neste momento, eleições trariam perdas significativas para o partido que ele tem vindo a apoiar resolveu meter um pauzinho na engrenagem para emperrar, mesmo conhecendo os riscos que se verificariam relativamente aos mercados, como acabou por acontecer. Claro que juntou o útil ao agradável ao ter a consciência de que, eleições neste momento também poderiam ser prejudiciais para o país.
Sabendo nós que todos eles, os políticos que nos governam, sempre dizem, em qualquer circunstância, que é tudo a bem dos portugueses e de Portugal podemos sempre desconfiar do que nos pretendem “vender”, a desconfiança. Foi isto que Passos Coelho e o Presidente da República conseguiram ao fim dos dois anos que levaram à derrocada do país. E falam eles agora de crescimento e recuperação! Cá estaremos para ver.
Em cena durante as últimas semanas, este circo da política foi prejudicial ao país. Tudo se teria evitado se comunicação do Presidente da República fosse unicamente aquela que fez no último domingo.
Poderemos perguntar-nos se a proposta apresentada pelo P.R. teria cabimento, sabendo-se há muito quais as posições assumidas pelo Partido Socialista. Foi uma tentativa falhada de entalar o PS querendo associá-lo à incompetência do Governo e querendo que passasse um cheque em branco sobre futuras medidas que, eventualmente, viessem a ser preparadas.
Apesar da maioria absoluta da coligação Passos Coelho e o seu Governo precisavam de uma moleta. É verdade que o Partido Socialista assinou o primeiro memorando de assistência, assim como o fizeram o PSD e o CDS/PP e, desde aí, muita coisa mudou.
Não nos esquecemos que, naquela altura, após ter provocado a crise política, Passos Coelho afirmava que iria resolver os problemas do país e mentiu ao eleitorado. Obteve uma maioria e, como tal, deve cumprir sozinho a sua legislatura e ser ele o protagonista da salvação nacional. Ele assim o prometeu, já lá vão dois anos.
A solução do Presidente da República de querer colocar os três partidos num saco, misturar, e sair um grupo que falasse em uníssono ao país, como ele gostaria, era o mesmo que dizer como já o disse uma vez a cavaquista Manuela Ferreira Leite suspender a democracia. Depois logo se veria desde que beneficiasse o partido maioritário do Governo.
Cavaco lançou a rede para ver se, no lago governativo, já poluído pelos partidos do Governo, pescava alguma coisa. Mas o peixe rasgou-lhe a rede e fugiu.
A maior parte dos portugueses não se esqueceu de que, quem criou mais prejuízos ao país nos últimos dois anos foi a tónica de apoio sistemático dado por Cavaco Silva ao Governo.
Passos Coelho continua, após saber que vai continuar a desgraçar o que resta do país, a querer agarrar-se à boia de salvação do PS. Poderemos continuar questionar-nos porque será?
Passos Coelho sabe que não consegue sair sozinho do pântano em que meteu o país, ou que o aconselharam a meter, e, por isso, pede ajuda, em uníssono com o Presidente de República, utilizando até à exaustão o chavão de salvação nacional. A salvação nacional deveria ter começado logo após a intervenção da “troika” evitando conduzir o país a este descalabro. Mas não, Passos Coelho e o seu grupo de terror neoliberal e impreparado do PSD quiseram ir para além da “troika”. Agora querem ajuda!
Porque é que o PSD, no tempo dos PEC’s não negociou com o PS um acordo de salvação nacional porque nessa altura também era disso que se tratava? Apenas porque queria rápido chegar ao poder. Agora está à vista.
Os portugueses, nas últimas eleições, não votaram no PS para salvar o país, votaram e confiaram no PSD, porque acreditavam que seriam merecedores da confiança para salvar o país mas acabaram por enterrá-lo ainda mais.
A democracia não é, nem nunca foi, a menos que consideremos a União Nacional como um exemplo de democracia, feita de pensamento e acordos sem limites. Sem representantes dos descontentamentos através dos partidos, sem oposição a medidas que são tomadas, sem haver diferenças ideológicas e económicas sobre caminhos a seguir não há democracia.
Desconheço neste momento como estão a decorrer as negociações entre os três partidos PS, PSD, CDS e se estão a ser distribuídas entre eles muitas beijocas de acerto de compromissos. Ou melhor, Seguro desliga-se do discurso de propaganda partidária de Passos Coelho emitido ontem e diz, segundo a TSF, que “reage com silêncio às declarações do PM, alegando querer alcançar um bom acordo e não pretender perturbar o processo de diálogo em curso com PSD e CDS”. Quer dizer um não teve receio de criticar o PS propagandeia o partido e o Governo, o outro fica silencioso. Desculpem-me o termo, mas que raio de treta é esta?
No meio de todo este quadro de estado psíquico em que já não se tem a noção das realidades objetivas geradoras desta intensa crise que posso denominar por psicose política, José Seguro está, cada vez mais a deixar-se entalar.
Quem está com as “calças na mão” é o Governo e o Presidente da República e querem agora um salvador, não da pátria mas do Governo, e José Seguro vai nessa, embalado com promessas vãs de eleições.
É verdade que o Partido Socialista está comprometido com o memorando da “troika” porque o assinou juntamente com os outros. Mas pode perguntar-se se, quem o executou não foi este Governo? Não foi este que o alterou a seu belo prazer? Podemos até duvidar se o memorando foi bem executado por esta gente que diz que governou durante dois anos.
Tudo se passa como se duas empresas assinassem um acordo assumindo determinados compromissos e, em determinada altura, uma das empresas altera o acordo à sua maneira, assume compromissos com terceiros, não assinados por ambas as partes, e conduz a segunda empresa à falência sem que a primeira tenha sido sequer ouvida. E, agora a culpa é da primeira!
Por favor não brinquem mais connosco portugueses. Já não somos mais estúpidos.
É bom fazer comentários na televisão, cobertos por uma falsa isenção, defendendo e apoiando as políticas deste governo concordando com argumentos mais do que cansativos do Presidente da República, que só fala do que faz e do que fez, por entre alguns poucos, ainda válidos, mas esses comntadores, como diz o povo, “falam de barriga cheia”.
Tentei centrar-me novamente na paisagem e na sua geografia.
Já não consegui.
Regressei a Lisboa pensado que Portugal e nós, portugueses, merecemos mais do que esta cambada que, neste dois últimos anos, tem desacreditado a política e a economia.
Neste sábado 13 de julho, após a caloraça dos dias anteriores que se abateu sobre lisboa e por todo o país, resolvi procurar um lugar mais fresco para respirar da tempestade política que irresponsavelmente fizeram cair sobre o país e também procurar ares mais frescos e menos irrespiráveis.
Estava um dia nublado e fresco e dirigi-me para um lugar que, por enquanto, ainda deixam que seja paradisíaco, pelo menos no que respeita à paisagem, liberta da pressão da construção de mansões para alguns dos senhores que se julgam donos deste país e da venda a preço de saldo a estrangeiros que, graças à isenção de impostos, vêm comprando o território aos poucos.
Subi a Serra da Arrábida quase até ao cume. Detive-me num ponto onde, em dias de sol, se contempla o mar, a cidade de Setúbal e os arranha-céus dos hotéis que se destacam como monstros na Península e Troia onde pretenso desenvolvimento turístico, destinado apenas aos de muitas posses, afastou daquelas paragens a “ralé” que vive naquela capital de distrito.
Em cima: Fotografia tirada em 1938 por Orlando Ribeiro
Em baixo: Fotografia do mesmo local, tirada por Duarte Belo em 2004
Belo, Duarte. 2012. Portugal Luz e Sombra. O País depois de Orlando Ribeiro, Lisboa, Círculo Leitores, Temas e Debates
Uma brisa marinha envolta em nevoeiro subia a encosta oeste da serra refrescando-me o corpo e o espírito, esquentado pelos acontecimentos políticos da semana, mas que não deixava descortinar o mínimo que fosse do azul-marinho daquelas águas aparentemente calmas mas de correntes fortes.
Recordei-me das várias incursões que fiz por esta serra nos meus tempos de estudante de geografia que me obrigara a estudar e a investigar no domínio da geografia física, da geologia, da geomorfologia e da biogeografia, sem esquecer o contributo da climatologia no estudo da influência microclimática na biodiversidade daquela região geograficamente original.
Apesar de a minha preferência ir mais para a área da geografia social e de planeamento regional, lá ia cumprindo a minha obrigação no estudo daquelas disciplinas dos primeiros anos da licenciatura que aqui me fizeram relembrar e requisitar ao meu imaginário geográfico tudo quanto aprendi e acumulei das observações e interpretações derivadas dos trabalhos de campo.
A Serra da Arrábida é uma cadeia montanhosa em cujo topo do anticlinal do Formosinho, dobra derivada da elevação das camadas dos estratos geológicos, nos podemos deslumbrar com a paisagem circundante cuja vista se espraia pelos horizontes de Lisboa, morro de Palmela e planalto do cabo Espichel.
Do local onde me situava, a neblina, consequência do contacto por convecção do ar marítimo morno e húmido com o ar mais frio do topo, apenas conseguia observar a vegetação naturalmente mediterrânica da proximidade que grassa por todo aquele espaço. É uma espécie de mata de arbustos com alguns de grande porte em locais mais afastados das arribas. Mais próximo do mar nada mais do que espécies arbustivas como o maquis, arbustos verdes densos e fechados de folha pequena e larga, e o garrigue, formação vegetal de pequenos arbustos dispersos que ocupam solos rochosos calcários.
Maquis
Garrigue
Ali permaneci mais do que uma hora observando as folhas daquela vegetação e as pequenas gotículas de água que a humidade do ar ali condensara junto à superfície fria. A neblina refrescante que, apressada, caminhava do mar para a serra, nada tinha a ver com o “fumo” nevoeirento, este, nada refrescante e com uma opacidade perturbadora e perigosa que o Presidente da República tinha lançado nessa semana sobre a política portuguesa em defesa da sua pessoa.
Tentei centrar-me novamente na paisagem e na sua geografia. Já não consegui. Regressei a Lisboa pensado que Portugal e nós, portugueses, merecemos mais do que esta cambada que, neste dois últimos anos, tem desacreditado a política e a economia.
Não vou fazer comentários sobre uma parte do editorial do Jornal i deste último sábado, escrito pelo seu diretor, sobre um dos últimos despachos de Vítor Gaspar antes de fugir do descalabro económico e financeiro que ele próprio criou e confirmou. Passo apenas a citar a negrito para evidenciar a gravidade da situação, o que foi também validado pelo suplemento de economia do Jornal Expresso que também cito abaixo.
Vítor Gaspar, o exterminador de reformados (Jornal i 13 de julho)
O último despacho de Vítor Gaspar é de uma gravidade enorme. Confortado certamente pelo facto de a sua futura pensãozinha estar dependente do fundo do banco de Portugal, a criatura deu ordens para a segurança social comprar em massa dívida pública, através de um simples despacho. A medida põe em grave perigo o pagamento de prestações sociais, nomeadamente pensões, reformas e subsídios de desemprego, se houver um novo resgate. Foi um acto deliberado e feito praticamente às escondidas, que pode destruir a vida de milhões de portugueses. Gravíssimo! Só por ter-lhe ocorrido uma ideia semelhante, José Sócrates foi quase crucificado.
Quem está na Segurança Social quem é? Mota Soares do CDS/PP)
Não foi apenas o Jornal i a comentar esta decisão, no caderno de economia do Jornal Expresso, sob o título O Último ato de Gaspar” também dizia Nicolau Santos (o negrito é meu):
“No dia em que se demitiu das Finanças, Vítor Gaspar assinou um despacho que força o fundo de reserva da Segurança Social a comprar até €4,5 mil milhões de dívida pública nacional nos próximos dois anos e meio. O FEFSS é a reserva de dinheiro que serve para pagar pensões e outras prestações sociais caso o sistema entre em colapso. Neste momento, terá autonomia para pagar apenas oito meses, quando a lei de bases da Segurança dois anos. E a sua carteira corresponde atualmente a 55% de investimento em dívida pública portuguesa, 25% em dívida de outros Estados e 1% em ações de empresas estrangeiras.
Ora Gaspar obriga o fundo a subir muito o risco das suas aplicações, ao concentrá-las em 90% na dívida pública portuguesa. É tudo o que qualquer gestor de fundos medíocres sabe que não se deve fazer. A não ser que Gaspar estivesse, num derradeiro esforço, a maquilhar o descalabro do resultado das suas políticas e a mostrar mais uma vez o seu desprezo por desempregados, reformados e pensionistas.”
O Sr. Presidente da República criou uma autêntica balbúrdia com a sua comunicação ao país. Foi evidente a sua desresponsabilização do problema político que ele, indiretamente, ajudou a criar, apoiando um Governo cheio de lacunas e contradições. O que está e causa é ele próprio e não o país. A imagem dele acima de tudo.
Mas o mais grave é que, agora, pretende que os partidos intercalares do poder, (detesto arco da governação), por artes mágicas se juntem e encontrem uma alternativa talvez, no pensamento dele, uma espécie de “União Nacional” que agora designa por salvação nacional. Compreende-se, à medida que envelhecemos, e ele conta 73 anos, devido a problemas da memória de curto prazo começamos a virar-nos para o passado. Isto é, a partir dos 40 anos de vida começamos a esquecer-nos de ocorrências do presente mais recente, mas o que se refere ao passado longínquo volta a estar mais presente.
O Presidente da República esqueceu-se de que o Governo que tanto têm apoiado tem progressivamente vindo a cair na desgraça. Disto Passo Coelho, Miguel Relvas e também Vítor Gaspar são os grandes responsáveis. Não tanto pela austeridade, contra a qual a maior parte do portugueses tem vindo a reclamar, mas que aceitavam se fossem mobilizados com discursos de coesão e não de divisão.
Aqueles referidos senhores resolveram entrar por um processo divisionista, como já várias vezes tenho escrito, lançaram jovens contra cidadãos com emprego, acusaram os que o tinham como estando numa zona de conforto, lançaram jovens contra velhos, setor privado contra setor público, alimentaram rivalidades dentro do próprio setor público, criticaram os jovens porque não emigravam, desdenharam as organizações profissionais aceitando-os apenas, e quando, iam de encontro aos seus objetivos perversos e toda uma sucessão de material verbal de idêntico valor. Linguajar como este, como a já tão falada “peste grisalha”, entre outros disparates ofensivos sobre cidadãos. Não é de admirar que toda esta panóplia emergisse da ala mais neoliberal, com laivos nazificantes, que se infiltraram no PSD.
Vem agora o Presidentes da República sacudir a água do capote e pedir aos partidos para se entenderem, querendo envolver o PS, marginalizando outros partidos. Só se o PS estiver com instintos suicidas!
Agora que o PSD e o CDS, (este por arrasto), não sabem o que hão-de fazer, quer o Sr. Presidente de alguns portugueses, que outros venham ajudar a resolver os problemas que ele e os seus partidos criaram. Depois estamos mesmo a ver o que poderá vir a acontecer. Se correr mal, vocês também lá estiveram. Se correr bem, o que é duvidoso, fomos nós que conseguimos.
Se os discursos de Paulo Portas, convenceram e ainda convenciam alguém, deixaram de ter a ténue credibilidade que ainda se lhes atribuía. Paulo Portas está, agora, não na corda bamba do equilibrista, mas no trapézio donde a queda pode ser mesmo mortal.
O meu comentário aos últimos acontecimentos da política, enquanto factos, é de apenas “no comments”, pelo que, face à velocidade com que os acontecimentos iniciados na passada semana apenas me resta deixar alguns registos, desligando-me do que muitos comentadores debitam causando tédio aos telespectadores e ouvintes que já nem os ouvem, apenas veem conversando para o lado.
Há já algum tempo coloquei um “post” sob o título de “O Ballet Acrobático de Paulo Portas” sobre as viragens e piruetas político-acrobáticas pauloportianos. Enganei-me apenas no “timing”.
Curioso foi que, com a carta de demissão assertiva e preocupante de Vítor Gaspar, os mercados não tugiram nem mugiram ou, se mugiram foi pouco. Mas, face à pseudo irrevogabilidade demissionária de Paulo Portas, os mercados reagiram em delírio. Até Durão Barroso como que alucinado e surpreso pelos acontecimentos veio tentar exercer pressões, mascaradas de aconselhamentos dizendo, numa declaração escrita sublinhava que, "como já é patente pela reação inicial dos mercados, existe risco evidente que os ganhos de credibilidade financeira de Portugal sejam postos em causa pela instabilidade política", ao que a SIC Notícias acrescentou, que se vive no país, na sequência do pedido de demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, líder do CDS-PP, parceiro de coligação do PSD no Governo. "A acontecer tal, seria especialmente grave para os portugueses, nomeadamente porque se anunciavam já sinais de alguma recuperação económica", adverte.
Recuperação económica? Qual? Claro que isto foi mais uma ajudinha ao PSD e ao seu Governo de incompetentes, infiltrado por juventudes neoliberais sem preparação cultural e política, na verdadeira aceção das palavras.
Os comentadores e jornalistas que oraculizaram sobre o tema das demissões dos dois ministros adjetivaram, cada um à sua maneira, os comportamentos e atitudes políticas dos dois demissionários. Para alguns, o Dr. Paulo Portas foi irresponsável, emotivo, birrento, viravoltas, incompreensível, etc.. Mas, para ele, a sua demissão foi uma “atitude de consciência”. Podemos então ser levados a pensar que, Paulo Portas, com a reviravolta, perdeu a consciência?
Segundo a Rádio Renascença, Paulo Portas terá afirmado que nesta crise, separou o plano pessoal do institucional e que o facto de ter pedido a demissão de ministro e de Estado e dos Negócios Estrangeiros não o impediu, nem poderia impedir, de conduzir pelo CDS negociações que classificou de muito relevantes para o interesse nacional. O líder do CDS afirmou ainda que, ao tomar a atitude que tomou, tinha de estar disponível para renunciar a qualquer tipo de atividade política, quer ao nível do Governo, quer do partido. Mas acrescentou que se tivesse de escolher entre o interesse próprio e o do partido, escolheria o do partido e, se tivesse de escolher entre o interesse do partido e o interesse do país, escolheria o do país.
Há um enigma no meio disto tudo que só muito mais tarde, se alguma vez se vier a desvendar, passaremos a conhecer.
Pelo que se sabe, na política, Paulo Portas raras vezes tem perdido e, se alguma vez perdeu, voltou para ganhar. As piruetas e acrobacias de Paulo Portas não irão ficar por aqui.
Se os discursos de Paulo Portas, convenceram e ainda convenciam alguém, deixaram de ter a ténue credibilidade que ainda se lhes atribuía. Paulo Portas está, agora, não na corda bamba do equilibrista, mas no trapézio donde a queda pode ser mesmo mortal.
Algo a médio prazo, talvez um ano, se irá passar, o que duvido é que seja para bem de Portugal e da maioria dos portugueses.
Não tenho razões suficientes para estar a favor ou contra as demissões de Vítor Gaspar e de Paulo Portas nada disso me deixa de momento nem mais nem menos feliz. Por isso, e até ver, não farei quaisquer comentários.
Por outro lado, tenho colocado vários “posts” neste blog, que podem ser consultados, em que Gaspar, Passos, Cavaco e Portas não foram poupados a críticas da minha parte. Todavia há algo que não aceito, é que se chegue à humilhação de pessoas porque não concordemos com as suas políticas que têm prejudicado a maioria dos setores da população, empresas incluídas.
Vem isto a propósito de notícias que vieram a público, ver Jornal i, sobre o enxovalho físico e psicológico feito a Vítor Gaspar e sua esposa. Podemos simpatizar e até apoiar manifestações pacíficas, como “grandoladas” que perturbam o andamento de acontecimentos e eventos, apupos populares inofensivos, cartazes humorísticos, cartazes com calões e nomes populares, gritos de protestos e outras manifestações de desagrado e de oposição às políticas praticadas, mas penso haver um limite.
Há locais e tempo próprio para protestos. Vítor Gaspar, quer gostemos ou não do que eles nos tem feito e das políticas por ele praticadas, e eu não gosto, é um cidadão como nós que está num momento da sua vida pessoal que nada tem a ver com a política. O silêncio e o ignorar , em certas circunstâncias, é mais eficaz na mostra de descontentamento.
Os ataques pessoais, e não ao político, e foi disso que se tratou, faz parte de uma vendeta popular na praça pública desnecessária porque ineficaz. E não me venham agora dizer que foi por isso que ele se demitiu!
Todos os portugueses, uns mais do que outros, talvez a maioria, têm sofrido com a incompetência de Passo Coelho e as teorizações e experimentações macroeconómicas de Gaspar. Mas podemos perguntar quem eram os que o enxovalharam. Não eram com certeza os mais prejudicados porque, esses, já nem podem ir aos supermercados, limitam-se ao assistencialismo como muitas famílias da classe média que este governo tencionou destruir. Quem lá estava ainda tinha poder de compra, caso contrário não teria dinheiro nem para a deslocação, quanto mais para consumir.
Com alguma certeza, muitos dos que tiveram este tipo de atitude e de comportamento, na altura em que poderia manifestar-se contribuindo para encher praças de protesto, estavam comodamente sentados em suas casas sentados a ver televisão e a beber umas “bejecas”, coisa que muitos já nem isso podem fazer.
Em resumo, tudo não será mais do que, através da comunicação social, enganar o povo sobre o que realmente se está e irá passar, à boa maneira da antiga União Soviética, para já não dizer à moda da Coreia do Norte, com um cariz democrático, tendo em vista minimizar a imagem desfavorável sobre o Governo na opinião pública, preparando as próximas eleições.
Esta segunda-feira abriu a época da caça ao voto, e da propaganda ao Governo. O grande comunicador e coordenador Poiares Maduro vai iniciar os “briefings” com os órgãos de comunicação social conduzidos por Pedro Lomba. Tendo sido colunista do Jornal Público desde 2009, é bem conhecida a sua opinião ligada à direita. Um dos artigos que escreveu tinha o título , vejam só, “O Sucesso de Tatcher”.Por aqui podemos ver onde ele se arruma.
Não é difícil prever o que vai acontecer nesses “briefings”: sairá para a rua a propaganda no seu melhor às ações e medidas do Governo. De forma apriorística o objetivo que se evidencia é o de propiciar e fortalecer a unicidade, (sublinha-se unicidade para a distinguir de pluralidade), do discurso e da coerência da linguagem de um Governo sem rumo, evitando comunicações contraditórias.
Tudo não vai ser mais do que um planeamento estratégico de marketing com o qual pretendem, sob a capa de informar, persuadir quem os ouvir ou ler, sobre as boas práticas do Governo, e só dele.
Tudo isto fará sentido se pensarmos na articulação das mensagens a divulgar aos jornalistas, tendo em vista a criação de sinergias e potencialização dos efeitos no público-alvo (as populações) através dos órgãos de comunicação social, em especial impacto nas televisões.
O objetivo é, assim, moderar e modelar a atitude das pessoas levando-as a desenvolver atitudes favoráveis ao Governo, através da unicidade da informação comunicada aos jornalistas que, bem espero, não passem a ser apenas uma correia de transmissão da informação que lhes oferecerem.
Conhecendo nós as trapalhadas, os erros, as falsas promessas, o acalentar de esperanças de melhores dias jamais conseguidos em tempo útil da vida ativa da maior parte dos cidadãos, leva-nos elencar, para além dos já indicados, outros objetivos, previamente pensados e refletidos, que poderão esta por detrás dos tais “briefings”:
Estabelecer normas que disciplinem o relacionamento do Governo com as populações tendo em vista eleições, próximas e futuras.
Disseminar e “adoçar” os valores e as políticas que têm pautado a ação deste Governo.
Responsabilizar os órgãos de comunicação social cuja informação não esteja em uníssono com a que foi difundida nos “briefings”.
Tentar unificar o discurso institucional.
Zelar pelos interesses do Governo e dos partidos, seus apoiantes.
Utilizar os “briefings” como ferramenta estratégica no sentido de fortalecer a imagem do Governo, para uma mudança de atitude dos cidadãos.
Promover, consolidar e valorizar a imagem institucional do Governo mesmo junto dos seus apoiantes.
Definir e disciplinar as práticas da comunicação social através dos “briefings” para a criação de um padrão de relacionamento em diversas áreas de atuação.
Favorecer o fluxo de informações, ditas corretas, entre o Governo e os cidadãos, maximizando o que se prevê ser uma falsa transparência nas ações comunicativas e de relacionamento com as populações.
Em resumo, tudo não será mais do que, através da comunicação social, enganar o povo sobre o que realmente se está e irá passar, à boa maneira da antiga União Soviética, para já não dizer à moda da Coreia do Norte, mas com um cariz democrático, tendo em vista minimizar a imagem desfavorável sobre o Governo na opinião pública, preparando as próximas eleições.